T�quio – O esporte, por sua natureza repleta de imprevisibilidade, raramente tem respostas exatas. Historicamente, no entanto, os Jogos Ol�mpicos sempre tiveram o dom�nio dos Estados Unidos. Desde 1996 – quatro anos depois de a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), criada ap�s a desintegra��o da Uni�o Sovi�tica, vencer as disputas em Barcelona –, os EUA lideram o quadro de medalhas. Mas a pr�pria derrota dos norte-americanos na Catalunha para a CEI mostra que os cen�rios pol�tico-sociais sempre tiveram influ�ncia no desempenho dos atletas.
A lideran�a dos EUA poderia ser ainda maior caso, por exemplo, n�o fizessem boicote aos Jogos Ol�mpicos de 1980, em Moscou – uma resposta � invas�o sovi�tica ao Afeganist�o, � sombra da ainda Guerra Fria. Entre os eventos de Helsinque (1952) e Montreal (1976), as duas na��es se revezaram na lideran�a e vice-lideran�a do quadro de medalhas: cinco vit�rias sovi�ticas e duas dos americanos.
Em meio �s disputas entre comunistas e capitalistas, outra pot�ncia esportiva � esquerda surgiu: Cuba. Em 1959, a pequena ilha do Caribe teve sua revolu��o, derrubando o governo militar de Fulgencio Batista. Logo de cara, foram criados no pa�s dois �rg�os que tiveram influ�ncia direta no desempenho dos cubanos: a Dire��o-Geral de Esportes e o Instituto Nacional de Esporte, Educa��o F�sica e Recrea��o (Inder, na sigla em espanhol).
Os trabalhos do Inder, a partir dos investimentos no esporte com apoio da tamb�m comunista Uni�o Sovi�tica e outros pa�ses aliados do Leste Europeu por meio do Conselho para Assist�ncia Econ�mica M�tua, fizeram com que Cuba virasse fortaleza ol�mpica. At� a primeira edi��o dos Jogos em T�quio (1964), o pa�s somava sete medalhas em 18 megaeventos. S� nas disputas de Munique (1972), atletas da ilha subiram ao p�dio oito vezes. O recorde veio em 1992: 31 medalhas.
O pa�s totaliza 213 honrarias, o que o coloca em 21º lugar na s�rie hist�rica, melhor desempenho entre todos os latinos. Na sequ�ncia, aparecem Brasil (129) e Argentina (74). Por�m, Cuba tem conquistado cada vez menos medalhas nas �ltimas edi��es dos Jogos. Desde as 29 de Sidney (2000), s� caiu em rendimento. No Rio (2016), foram 11 p�dios, com destaque, como sempre, no boxe e na luta ol�mpica.
CHINA EM ALTA
Se Cuba amarga queda no quadro de medalhas, movimento inverso tem ocorrido com a China. Ap�s atingir seu recorde em casa (Pequim, 2008) e conseguir 100 p�dios, a pot�ncia asi�tica emendou sua segunda e terceira melhores participa��es nas duas �ltimas edi��es: Londres (2012) e no Rio de Janeiro (2016), respectivamente, com 88 e 70 p�dios. E tem dominado completamente os Jogos Paral�mpicos, superando at� mesmo os EUA.
O pa�s � pot�ncia em diversas modalidades, como levantamento de peso, t�nis de mesa, tiro esportivo, nata��o, saltos ornamentais, atletismo e badminton. A meta do Partido Comunista da China � investir US$ 813 milh�es no esporte at� 2025, com foco desde as escolas at� o alto rendimento.
EUROPA CONSOLIDADA
Ao longo dos 125 anos da hist�ria ol�mpica da Era Moderna, algumas na��es europeias apresentaram menos oscila��es e ocupam o topo de forma perene. A Gr�-Bretanha, por exemplo, liderou o quadro geral de medalhas apenas em 1908, quando a capital, Londres, sediou o evento. Mesmo assim, est� perto dos 900 p�dios e s� fica atr�s de EUA e da Uni�o Sovi�tica na classifica��o geral.
A Alemanha aparece na sequ�ncia. O pa�s desponta nas primeiras posi��es desde 1896, em Atenas. Na emblem�tica Olimp�ada de 1936, liderou o quadro de medalhas em Berlim, num evento que serviu em grande parte para fortalecer o regime nazista de Adolf Hitler, iniciado oficialmente tr�s anos antes. Fran�a e It�lia s�o outras na��es europeias que tamb�m t�m desempenho consistente.
VOOS �NICOS
Do outro lado da tabela hist�rica do quadro de medalhas est�o 26 pa�ses que conquistaram somente um p�dio. Entre eles est�o pequenos territ�rios independentes, como Kosovo, Antilhas Holandesas, Ilhas Virgens Americanas, Tonga e Maced�nia.
Tr�s bandeiras foram hasteadas pela primeira vez justamente no Rio de Janeiro: Fiji (Oceania), Jord�nia (�sia) e Kosovo (Europa). Esse �ltimo comit� ol�mpico estreou justamente em 2016, quando Majlinda Kelmendi conquistou o ouro na categoria meio-leve do jud�.
Com participa��es desde Moscou (1980), a Jord�nia levou sua primeira medalha tamb�m nas artes marciais: Ahmad Abughaush faturou o ouro na categoria leve do taekwondo. J� Fiji foi tamb�m ao lugar mais alto do p�dio ao vencer a disputa do r�gbi de 7, modalidade na qual os pa�ses da Oceania s�o refer�ncia mundial.