De virada, com gol de Ademir no �ltimo minuto, o Atl�tico venceu o cl�ssico contra o Cruzeiro por 2 a 1, na noite de ontem, no Mineir�o, pela 9ª rodada do Campeonato Mineiro. Com isso, segue na lideran�a da competi��o, agora de forma isolada, com 22 pontos, e praticamente classificado �s semifinais. J� o time celeste perdeu o segundo lugar para o Athletic, que tamb�m chegou aos 19 pontos, mas que leva vantagem nos crit�rios de desempate.

O jogo terminou com os atleticanos comemorando bastante, enquanto os celestes trataram de ir para cima do �rbitro Igor Junio Benevenuto, principalmente pela marca��o de p�nalti sofrido e convertido por Hulk. “Feliz pelo gol, mas trocaria o resultado pela vit�ria. Fica nossa indigna��o com a arbitragem, que foi muito confusa. Lance duvidoso. Queremos que a FMF revise isso a�, sempre contra o Cruzeiro, est� prejudicando a gente que est� trabalhando. Isso � uma sacanagem”, declarou o garoto V�tor Roque, que estreou no maior jogo de Minas marcando gol.

J� Ademir destacou o empenho da equipe. “N�s lutamos para caramba para vencer o jogo. N�o baixamos a guarda, continuamos acreditando e conseguimos o objetivo”, declarou ele, que n�o se considera her�i, ainda que tenha entrado e sido decisivo mais uma vez. “Estou aqui para somar. Vamos continuar nessa crescente, trabalhando duro”.

No jogo de ontem, o Galo tratou de ir para cima e com 1min Jair assustou Rafael Cabral com chute de fora da �rea, que saiu � direita, com perigo. Dois minutos depois, o goleiro cruzeirense saiu jogando errado e a bola ficou com Hulk, que driblou o camisa 1 fora da �rea, mas chutou para fora. A tentativa de troco da Raposa foi aos 4min, em chute fraco de Pedro Castro, que Everson pegou firme. Mas o alvinegro continuou com mais volume e aos 7min Savarino bateu rasteiro, rente ao poste direito. No minuto seguinte, Hulk tentou a bicicleta, mas Rafael Cabral pegou.

Aos 23min, Hulk bateu de virada, da entrada da �rea e o goleiro celeste teve de se esticar todo para desviar pela linha de fundo. Aos 32min, o Galo perdeu o lateral-direito Mariano, substitu�do por Guga devido a contus�o na coxa esquerda. Aos 2min da etapa final, o Cruzeiro teve a chance, em sa�da de bola errada de God�n. V�tor Roque tentou de fora da �rea, mas acertou o advers�rio e ganhou escanteio.

Aos 9min, depois de cruzamento para a �rea, o goleiro Everson se chocou com Edu, que teve de deixar o campo de ambul�ncia, sendo substitu�do por Bruno Jos�. Cinco minutos depois, o jogo recome�ou com os dois times seguindo em busca do gol. A torcida do Atl�tico, ent�o, pediu a entrada de Ademir e Vargas. E foi atendida pelo t�cnico Antonio “El Turco” Mohamed, saindo Keno e Savarino, respectivamente.

Depois de Jair desperdi�ar boa chance para o Atl�tico aos 23min, V�tor Roque abriu o placar para o Cruzeiro no minuto seguinte. Ap�s cruzamento da direita de Bruno Jos�, o garoto de 17 anos fez de cabe�a, aparecendo no meio dos zagueiros atleticanos, calando a maioria do Mineir�o. Aos 27min, Hulk cabeceou na trave, com o goleiro j� batido. Dois minutos depois, o camisa 7 soltou um foguete em cobran�a de falta, para boa defesa de Rafael Cabral.

Com o time n�o se encontrando em campo, a Massa atleticana come�ou a perder a paci�ncia com alguns jogadores, como Nacho Fern�ndez. Aos 38min, por�m, os alvinegros comemoraram a marca��o de p�nalti de Oliveira em Hulk, bastante contestado. O pr�prio camisa 7 cobrou com categoria e empatou.

A partir de ent�o, praticamente s� deu Galo. Aos 48min, Ademir foi lan�ado, driblou dois marcadores e s� n�o marcou um gola�o porque Rafael Cabral fez uma defesa�a. Mas quatro minutos depois, j� no �ltimo minuto, o atacante n�o perdoou e completou para a rede o cruzamento perfeito de Guilherme Arana, fazendo o Mineir�o explodir em alegria. Al�m de reclamar com o trio de arbitragem, que saiu de campo escoltado pela PM, os jogadores celestes fizeram quest�o de ir aplaudir os cerca de 5 mil cruzeirenses que estiveram no est�dio e incentivaram bastante.

Os t�cnicos de Atl�tico e Cruzeiro tiveram leituras diferentes do que ocorreu em campo ontem no Mineir�o. O que eles concordaram foi em elogiar os comandados, que jogaram quase sempre no limite. “Foi um jogo muito disputado, muito f�sico, no qual o Atl�tico nunca se rendeu. Nossa equipe sempre tentou jogar no campo advers�rio. N�o conseguimos fazer as triangula��es, como fizemos no segundo gol. Depois, retomamos o protagonismo, ficamos com a bola. Entre os 10min e os 20min do segundo tempo, nosso time n�o jogou bem, perdeu a bola na sa�da. Depois reencontramos nosso jogo. E nosso time conseguiu se reequilibrar e por isso saiu com a vit�ria”, afirmou o atleticano Antonio “El Turco” Mohamed. Segundo ele, o dom�nio do Galo foi total. “No primeiro tempo, tivemos quatro chances de gol e o advers�rio, nenhuma. No segundo, a �nica finaliza��o deles foi o gol”, declarou.

J� o cruzeirense Paulo Pezzolano, que n�o pode ficar no banco por estar suspenso, acredita que a equipe atuou de igual para igual contra uma equipe muito forte. “Estou muito orgulhoso dos jogadores, de como meus meninos jogaram, sempre indo para frente com intensidade. O jogo foi parelho at� o minuto 38 do segundo tempo. Enfrentamos um time de muita qualidade, mas n�o se viu essa superioridade no jogo, foi igual.  A�, depois do minuto 38, teve o p�nalti, que n�o existiu. Ent�o � dif�cil jogar assim. Pode errar um jogo? Pode. Mas todo jogo, n�o. Depois que sofremos o gol, acabou que n�o conseguimos mais agredi-los”, afirmou .

Pezzolano garante que o Cruzeiro estar� na final e conquistar� o t�tulo. “Quem est� vendo como estamos jogando sabe disso. Estaremos l� e vamos vencer. S� esperamos que tenha arbitragem neutra, porque est� dif�cil jogar assim”, finalizou.

J� o m�dico S�rgio Campolina tranquilizou os torcedores do Cruzeiro e a fam�lia do atacante Edu, que deixou o Mineir�o de ambul�ncia, depois de se chocar com o goleiro Everson. “Trouxemos o Edu para o hospital, ele passou por avalia��o cl�nica, neurol�gica, exame de tomografia computadorizada, que descartou qualquer les�o mais grave. Ele est� bem, consciente, j� est� se hidratando. Em breve, ele estar� com todo o grupo”, disse. 

 

 

Se o domingo come�ou com selvageria entre torcedores de Atl�tico e Cruzeiro, inclusive com a morte de um deles em virtude de confronto no bairro Boa Vista, no Mineir�o foi praticamente s� de festa. Desde o in�cio da tarde, os atleticanos foram chegando, muitos com caixas t�rmicas para bebidas, que ajudaram a aliviar o calor. At� uma chopeira foi usada no canteiro central da Avenida Abrah�o Caram, uma das que d� acesso ao est�dio.

J� os cruzeirenses, que foram cerca de 5 mil, ficaram concentrados no Mineirinho, sendo encaminhados para a instala��o vizinha cerca de uma hora antes de a bola rolar. Na chegada, muitas provoca��es aos atleticanos e tamb�m gritos de apoio � Raposa.

Do lado de dentro, os alvinegros, em ampla maioria, devolveram. “Arer�, Cruzeiro vai jogar a S�rie B, �, �” e “�o, �o, �o, Segunda Divis�o”, cantaram, referindo-se ao fato de o rival estar fora da elite do futebol brasileiro pelo terceiro ano seguido. Uma aula de civilidade foi dada pelas diretorias das duas equipes, que almo�aram e em seguida foram juntas ao Mineir�o. O encontro teve como objetivo mostrar aos torcedores que � poss�vel manter uma rivalidade amistosa e sempre prezar pelos sentimentos de paz e respeito em rela��o ao adepto do clube rival. A bandeira da Ucr�nia, com a palavra paz, foi estendida pelos dirigentes no encontro. O pa�s do Leste Europeu est� sendo atacado desde a semana passada pela vizinha R�ssia.

Entre os representantes do Atl�tico estiveram o vice-presidente Jos� Murilo Proc�pio e o vice-presidente do Conselho Deliberativo e apoiador financeiro do clube, Rafael Menin. No lado do Cruzeiro, destaque para Ronaldo Naz�rio, investidor da Sociedade An�nima do Futebol, e Gabriel Lima, respons�vel pela parte financeira e de neg�cios.

“Vivo o futebol h� muitos anos e sei o quanto a viol�ncia � nefasta para o crescimento dessa ind�stria. Nossa rivalidade tem de estar restrita �s quatro linhas”, disse Ronaldo. “Que este dia simbolize o in�cio de um novo tempo no futebol brasileiro”, ressaltou Rafael Menin.