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Estado de Minas CATAR 2022

Festa hist�rica e busca de uni�o

Cerim�nia de abertura teve foco na inclus�o social, discursos de personalidades do Ocidente e do Oriente M�dio, al�m de belas apresenta��es de dan�a e m�sica


21/11/2022 04:00 - atualizado 20/11/2022 23:58

Morgan Freeman e Ghanim Al Muftah
O ator norte-americano Morgan Freeman conduziu boa parte da cerim�nia e conversou com Ghanim Al Muftah, influencer catari com s�ndrome de regress�o caudal (foto: Raul ARBOLEDA / AFP)
 
 
Enviado especial ao Catar

Quem chegava ao Est�dio Al Bayt no fim da tarde de ontem era saudado por um pelot�o de camelos, alinhados sob o sol des�rtico. � medida que os minutos passavam, o c�u assumia tom alaranjado e dava �quela cena a dramaticidade de um filme iraniano. Mas, na verdade, o cen�rio ganhava vida em Al Khor, cidade a cerca de 50 quil�metros de Doha. E aquele n�o era um longa-metragem, mas as boas-vindas a quem chegava para a t�o aguardada Cerim�nia de Abertura da Copa do Mundo de 2022.

Os camelos foram uma esp�cie de convite para os estrangeiros conhecerem a cultura e as tradi��es locais. Poucos passos � frente, seis dan�arinos – tr�s homens e tr�s mulheres – atra�am os olhares curiosos dos que passavam. Celulares apontados � frente para capturar os primeiros instantes de um Mundial cercado de expectativas, investimentos e cr�ticas ferrenhas aos organizadores.

Em 2010, a escolha pelo Catar, e n�o os EUA, como sede do principal evento do futebol internacional foi cercada por acusa��es de compras de votos. A partir da�, o pa�s ampliou os j� crescentes investimentos em infraestrutura. O custo total da Copa chegou a US$ 220 milh�es (quase R$ 1,2 trilh�o), recorde hist�rico da competi��o. E o avan�o das obras veio acompanhado de den�ncias de trabalho an�logo � escravid�o.

Mulheres e a popula��o LGBTQIA+ t�m direitos suprimidos no pa�s. Esse cen�rio fez com que o n�mero de visitantes durante o evento fosse consideravelmente reduzido. “Eu chamei a minha esposa para vir, mas ela achou que � um pa�s meio complicado para mulher. Ela queria vir, mas acho melhor n�o”, conta o mineiro Denilson Ribeiro de Santana, 48 anos. O comerciante mora em Ita�na, na Grande BH, e viajou sozinho ao Oriente M�dio.

O contexto fez com que a maioria masculina nos est�dios de futebol se fizesse ainda mais percept�vel. Nos arredores do est�dio e nas arquibancadas, eram poucas as mulheres em uma arena que recebeu 67.372 torcedores. A Fifa n�o explicou como coube tanta gente no local, que oficialmente tem capacidade para 60 mil pessoas – o n�mero ser� reduzido para 32 mil ao fim do Mundial.
Cerimônia de abertura
A abertura do Mundial 2022, no Est�dio Al Bayt, em Doha, reuniu diversas atra��es para mais de 60 mil pessoas (foto: Odd ANDERSEN / AFP)

Foco em inclus�o

Quem estava l� viu um espet�culo que tentou a todo custo descolar a imagem catari dos tantos problemas envolvidos no evento. Do in�cio ao fim, a Cerim�nia de Abertura repetiu o foco em inclus�o social, seja em discursos de personalidades do Ocidente e do Oriente M�dio, seja nas bonitas apresenta��es de dan�a e m�sica.

“Todos s�o bem-vindos”, disse Ghanim Al Muftah, influencer catari com s�ndrome de regress�o caudal, uma m�-forma��o rara que afeta o desenvolvimento da parte de baixo do corpo. O discurso que se descola da realidade guiou uma cerim�nia din�mica, que teve protagonismo masculino. A cantora catari Dana Al Fardan foi a �nica mulher com holofotes voltados para si durante o evento.

O ator estadunidense Morgan Freeman foi a voz da celebra��o. Ele conduziu boa parte da festa e reiterou o discurso de uni�o. “Dessa terra ouvimos um chamado para o mundo, para reconectar, para retornar apenas por um momento para o que nos agrupa, para o que nos une nessa jornada do leste para o oeste. N�s nos movemos juntos buscando um objetivo”, pontuou.

Protagonismo do futebol

Entre um discurso e outro, o ponto alto da cerim�nia foi mesmo o futebol. Tudo come�ou quando Marcel Desailly, zagueiro da Fran�a no t�tulo de 1998, levou o trof�u ao gramado. Mascotes dos Mundiais passados deram as boas-vindas a La'eeb, inspirado nos len�os utilizados pelos homens �rabes. Em outro momento, torcedores e bandeiras dos 32 pa�ses participantes entraram em campo ao som de m�sicas das torcidas.

Depois, o show em ritmo ol�mpico foi embalado por m�sicas de Copas passadas: de The Cup Of Live (1998) e We Are One (2014) � hist�rica Waka Waka (2010), eternizada na voz de Shakira. A cantora colombiana, ali�s, recusou-se a cantar na abertura justamente por conta do hist�rico do Catar contra a comunidade LGBTQIA .

A performance musical ficou a cargo do cantor sul-coreano Jung Kook, da banda de k-pop BTS, e do cantor catari Fahad Al-Kubaisi. Eles apresentaram a m�sica ‘Dreamers’, mais uma da larga lista de can��es produzidas para a Copa do Mundo de 2022.

Sentado ao lado do presidente da Fifa Gianni Infantino, o emir Tamim bin Hamad Al Thani foi o �ltimo a discursar e recebeu muitos aplausos das arquibancadas. “As pessoas, por mais que sejam de culturas, nacionalidades e orienta��es diferentes, v�o se reunir aqui no Catar. Que beleza juntar todas essas diferen�as”, disse, antes do show pirot�cnico que encerrou uma Cerim�nia de Abertura de n�vel claramente superior ao costumeiro em Copas do Mundo.
 
Lance do jogo do Equador com o Catar
O atacante Enner Valencia (D) comemora o primeiro gol da sele��o equatoriana diante do Catar (foto: ODD ANDERSEN / AFP)
 

Na bola, dom�nio do Equador

As luzes do Est�dio Al Bayt voltaram a se acender depois de uma das cerim�nias de abertura mais bonitas da hist�ria. Minutos ap�s da festa, era a hora de a bola finalmente rolar para a Copa do Mundo do Catar. A sele��o local desafiaria o Equador, pelo Grupo A, com a responsabilidade de atuar sob os olhares do emir Tamim bin Hamad bin Khalifa Al Thani, que � criticado pelo Ocidente, mas amado no Oriente M�dio. No entanto, o show se limitou � abertura. Os sul-americanos dominaram um jogo pouco movimentado e venceram por 2 a 0, com gols do atacante Enner Valencia.

Nas arquibancadas, reinou o sil�ncio em boa parte do tempo. Os cantos t�midos de incentivo partiam de parcelas pequenas dos presentes. Atr�s de um dos gols, animados torcedores do Catar, vestidos de vinho, pularam e incentivaram a sele��o local. Do lado oposto, equatorianos, em bom n�mero na arena, respondiam. Mas grande parte do est�dio permaneceu sentada durante a partida. Houve momentos, inclusive, em que os equatorianos come�aram uma “ola”, que n�o continuava quando chegava aos �rabes. Muita gente, ali�s, nem voltou para o segundo tempo ou foi embora antes do fim da partida.

No fim das contas, o momento de maior empolga��o do primeiro dia de Copa do Mundo foi mesmo a Cerim�nia de Abertura. Em campo, Equador e Catar fizeram o que deles se esperava. Hoje, a partir das 13h, Senegal e Holanda completam a primeira rodada da chave, no Est�dio Al Thumama.


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