
Enviado especial ao Catar
Al Khor – De camisa branca e terno cinza, Tite passou como um rel�mpago rumo ao estacionamento VIP do Est�dio Al Bayt, em Al Khor. Apressado, corria para se deslocar por 50km at� o retorno ao hotel da Sele��o Brasileira depois de assistir � vit�ria do Equador por 2 x 0 contra o Catar no jogo de abertura da Copa do Mundo. O ga�cho de Caxias do Sul (RS) se sente em casa no Oriente M�dio. Trabalhou duas vezes no mundo �rabe e pretende fazer das experi�ncias no vizinho Emirados �rabes Unidos um trunfo para levar a Sele��o ao hexacampeonato.
Mentor de times fortes no sistema 3-5-2, como o Gr�mio campe�o da Copa do Brasil, em 2001, e o S�o Caetano, quarto colocado no Brasileir�o de 2004, Tite costuma contar que aprendeu a usar o modelo 4-4-2 nas passagens pelo Al Ain e o Al Wahda. A configura��o � uma das alternativas t�ticas para os duelos contra S�rvia, Su��a e Camar�es na fase de grupos.
“Uma das coisas que aprendi em termos t�ticos foi trabalhar no 4-4-2. Quando atuei no mundo �rabe, vi uma influ�ncia europeia muito grande. Eu n�o tinha dom�nio espec�fico, porque sou autodidata. E pude conciliar o lado profissional com a fam�lia”, lembrou, em 2018, no in�cio do ciclo para a Copa do Mundo no Catar, antes de um amistoso contra a Ar�bia Saudita.
Em agosto, ele voltou a falar sobre a situa��o at�pica de disputar a Copa do Mundo em um per�odo de inverno no Oriente M�dio contraditoriamente com temperaturas elevadas. “No Catar, no mundo �rabe, no jogo h� um desgaste f�sico maior. A frequ�ncia do est�mulo de velocidade, de ida e de volta, ela � maior, te desgasta. E daqui a pouco tu fica com a bola e o ritmo n�o mais t�o intenso”, ressaltou o treinador.
A presen�a de Tite no Al Bayt Stadium certamente n�o foi apenas para observas advers�rios que dificilmente enfrentar� na fase de mata-mata. Pode ter ido sentir na pele o ambiente de est�dios com sistema de ar-condicionado, uma das estrat�gias dos organizadores para amenizar o calor.
“Pode ser ent�o que a qualidade t�cnica do atleta mais r�pido, mais �gil, mais m�vel, em cima inclusive da condi��o clim�tica, possa ser melhor que do atleta mais pesado, de mais for�a. Possa ganhar uma intensidade num aspecto f�sico de contato. Mas n�o no aspecto t�cnico, nem no aspecto velocidade na execu��o de jogadas”, completou ao recordar das peregrina��es pelo Oriente M�dio em competi��es como a Liga dos Campe�es da �sia.
Jogadores de lado
A experi�ncia nas competi��es asi�ticas, especificamente no Oriente M�dio, fez Tite trazer n�o por acaso ao Catar quatro jogadores de lado do campo, os chamados pontas: Raphinha e Antony para a direita e Vin�cius J�nior e Gabriel Martinelli para a esquerda. “Temos uma gera��o com ‘perninha r�pida’. Jogadores de um n�vel t�cnico impressionante. Pelo fato de ter experi�ncias no mundo �rabe, eu sei do aspecto f�sico. A perna vai inchar. A condi��o f�sica � um fator importante. Ter essa op��o de jogadores de velocidade e qualidade t�cnica � importante”.
O sorriso estampado no rosto depois de assistir ao jogo no Al Bayt, em Al Khor, a caminho de Doha, era de quem tem jogadores capacitados para manter a intensidade do jogo durante os 90 minutos. Exatamente o que faltou ao Catar e ao Equador no segundo tempo. O ritmo dos dois times caiu em rela��o ao inicio em uma partida disputada praticamente no deserto do Catar.
Profecia em Goi�nia
A presen�a de Tite no Al Bayt para testemunhar a vit�ria do Equador, do t�cnico Gustavo Alfaro, contra o Catar, pode ter a ver com uma profecia feita pelo treinador ao amigo brasileiro no Est�dio Ol�mpico, em Goi�nia, na Copa Am�rica de 2021. � �poca, Alfaro falou ao treinador da Sele��o que ele conquistaria a Copa do Mundo no Catar. “Siga lutando porque esta � sua e vai terminar sendo campe�o do mundo. Lembre-se do que estou te dizendo”, disse a Tite antes de abra��-lo.
Treino em Doha
O primeiro treino da Sele��o Brasileira no Catar visando a partida contra a S�rvia, na quinta-feira, foi marcado por muita descontra��o. Pelo menos antes da entrada em campo. No vesti�rio do Est�dio Grand Hamad, os jogadores cantaram a m�sica lan�ada pelo Movimento Verde e Amarelo na �ltima Copa do Mundo. Em campo, na amena temperatura de 25 graus, e com os 26 atletas em campo, Tite dividiu, em dois campos, atacantes e defensores. Os jogadores voltam hoje ao campo de treinamento, no est�dio Grand Hamad, em Doha.