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Estado de Minas

Estudo sobre cogni��o aponta que diferen�a est� na intui��o das pessoas

C�rebro dos jogadores profissionais de xadrez toma decis�es acertadas de forma muito r�pida, diz estudo japon�s que pode ajudar a entender mecanismos da cogni��o humana


postado em 15/04/2011 09:05

Tabuleiro de shogi, versão japoness do jogo: peças capturadas podem ser incorporadas ao exército inimigo(foto: Riken Research/Divulgação)
Tabuleiro de shogi, vers�o japoness do jogo: pe�as capturadas podem ser incorporadas ao ex�rcito inimigo (foto: Riken Research/Divulga��o)
Muitos jogadores amadores que passam horas quebrando a cabe�a durante uma partida de xadrez podem se perguntar o que os diferencia de um Gary Kasparov, para quem o xeque-mate parece a tarefa mais f�cil do mundo. De acordo com a ci�ncia, a resposta est� na intui��o. Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto do C�rebro Riken, no Jap�o, descobriu que, quando os jogadores profissionais precisam tomar decis�es, �reas cerebrais relacionadas ao comportamento intuitivo s�o acionadas. J� entre os amadores, isso n�o ocorre.

No estudo, os cientistas avaliaram a atividade do c�rebro durante partidas de shogi, um jogo popular no Jap�o muito semelhante ao xadrez. Os jogadores se revezam no tabuleiro, sendo que os movimentos dependem do tipo de pe�a. O objetivo � derrubar o rei do advers�rio. A diferen�a da vers�o japonesa para o xadrez convencional � que pe�as capturadas podem ser incorporadas ao ex�rcito inimigo. Se o jogador quiser, ele poder� us�-las para preencher espa�os estrat�gicos do tabuleiro.

“Principalmente por causa dessa caracter�stica, os movimentos do shogi s�o mais complexos do que os do xadrez”, explica ao Estado de Minas Keiji Tanaka, vice-diretor do Instituto do C�rebro e autor da pesquisa. “Profissionais que jogam o shogi repetidamente afirmam que a melhor jogada v�m � mente intuitivamente. Eles usam o tempo restante da partida para buscar estrat�gias de alto n�vel para vencer o advers�rio. Aqui, ser intuitivo significa que a ideia para movimentar uma pe�a � gerada de forma r�pida e autom�tica, sem passar pela busca consciente de solu��es. O processo �, em grande parte, impl�cito. Isso ocorre rotineiramente entre profissionais.”

Segundo Tanaka, jogos de tabuleiro s�o uma boa ferramenta para o estudo dos mecanismos por tr�s da cogni��o porque precisam obedecer a uma s�rie de regras bem definidas. “Existe um hist�rico de estudos psicol�gicos sobre o xadrez nos �ltimos 100 anos”, conta. Apesar de exames por imagem terem encontrado poucas atividades espec�ficas no c�rebro dos experts, os processos autom�ticos neurais ainda n�o s�o bem compreendidos. “Tentamos revelar esses mecanismos que est�o por tr�s da r�pida percep��o do padr�o apresentado no tabuleiro e a gera��o, em seguida, dos melhores movimentos, medindo as atividades cerebrais dos indiv�duos enquanto eles jogavam shogi”, contou o pesquisador.

Em um segundo Estudos psicol�gicos pr�vios demonstraram que a gera��o intuitiva de jogadas profissionais � baseada na percep��o r�pida do padr�o do jogo. Para verificar se, do ponto de vista fisiol�gico, essas pesquisas estavam corretas, a equipe de Tanaka realizou primeiramente resson�ncias magn�ticas funcionais para explorar os circuitos neurais espec�ficos que s�o ativados no c�rebro dos jogadores.

Inicialmente, os pesquisadores apresentaram tabuleiros usados em jogos semelhantes: tr�s vers�es de shogi e duas de xadrez. Os jogadores tamb�m foram confrontados com imagens que n�o t�m qualquer rela��o com o shogi, como rostos e paisagens. Os jogos de tabuleiro, mas n�o as outras cenas, estimularam a atividade em uma �rea do c�rtex cerebral chamada prec�neo em todos os jogadores de shogi. Testes de diagn�stico por imagem realizados anteriormente demonstraram que essa regi�o est� geralmente associada a tarefas que envolvem a percep��o visual e espacial complexa.

Tanaka e seus colegas, ent�o, pediram que os jogadores mostrassem qual seria o melhor movimento executado em uma partida, em duas circunst�ncias. Na primeira, eles tinham apenas um segundo para estudar o padr�o do jogo. Na segunda, dispunham de oito segundos. O objetivo foi verificar se os experts realmente podiam confiar apenas na intui��o, j� que um segundo � uma fra��o de tempo muito curta, sendo imposs�vel tomar uma decis�o racional.

Quando tiveram de executar o movimento em curto prazo, o c�rebro dos jogadores profissionais apresentou uma atividade no n�cleo caudado, associado � forma��o de mem�rias. Essa estrutura integra o g�nglio basal, uma das partes mais antigas e primitivas do c�rebro, encontrada em muitos animais, al�m do homem. No c�rebro dos amadores, isso n�o ocorreu. “Nossos resultados sugerem que, nos jogadores amadores, a resolu��o de problemas ocorre principalmente na estrutura do c�rebro desenvolvida recentemente. Mas, nos profissionais, uma parte importante do processo ocorre em uma antiga estrutura do c�rebro”, diz Tanaka. “� essa diferen�a que torna o processo mais r�pido e inconsciente no caso dos experts.”

Em entrevistas realizadas depois dos experimentos, os jogadores profissionais relataram que, apesar de n�o perceberem toda a sequ�ncia de movimentos que executam at� chegar ao xeque-mate, eles geralmente conseguem visualizar como as pe�as dever�o estar dispostas no tabuleiro para atingir o objetivo do jogo, que � a captura do rei. Os movimentos intermedi�rios n�o v�m �s suas mentes, apenas o passo final que poder� levar ao xeque-mate.

Habilidade adquirida

A capacidade de tomar decis�es r�pidas durante jogo de tabuleiro � adquirida com muito treino. O pesquisador do Instituto do C�rebro Riken Kenichi Ueno explica que os jogadores profissionais de shogi n�o nascem com essa habilidade, mas a cultivam ao longo do tempo. “Eles fazem um treinamento di�rio que dura de tr�s a quatro horas, durante um certo n�mero de anos, at� serem considerados experts”, diz. O cientista explica que essa forma��o a longo prazo pode resultar na ativa��o do n�cleo caudado e do prec�neo.

“Aspectos funcionais do g�nglio basal e das conex�es anat�micas de �reas do c�rebro podem fornecer pistas para futuras elucida��es sobre o processo de gera��o de informa��es”, acredita Ueno. O psic�logo Merim Milalic, pesquisador da Universidade de T�ebingen, na Alemanha, concorda que o estudo das fun��es cerebrais associadas ao jogo de xadrez ajuda a compreender o processo de aprendizagem. “Comparar amadores com experts nos fornece insights �nicos a respeito da cogni��o”, diz. No in�cio do ano, Milalic publicou um estudo na revista especializada PloS sobre a mem�ria visual, a partir da an�lise de est�mulos cerebrais dos jogadores de xadrez.

A equipe do pesquisador comparou a performance de profissionais e amadores em tarefas ligadas � acuidade visual. “Como esperado, n�o houve diferen�as nos est�mulos cerebrais nos testes que apenas exibiam os tabuleiros, sem que ped�ssemos que os participantes imaginassem uma jogada. J� em rela��o � an�lise do movimento dos olhos, notamos que os experts imediatamente focavam apenas os aspectos relevantes do xadrez, como uma pe�a importante. J� os amadores examinavam coisas aparentemente irrelevantes para o jogo”, conta.

Segundo Milalic, a pesquisa mostra como a pr�tica faz com que as pessoas “treinem” os olhos para identificar o que realmente importa em uma situa��o. "Todos n�s somos especialistas quando se trata da vida cotidiana, de fatos ou cen�rios aos quais somos expostos com frequ�ncia. Geralmente, temos de fazer escolhas complexas todos os dias. Essa � uma das raz�es de o jogo de xadrez ser usado como importante paradigma de pesquisa sobre a cogni��o."

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