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Estado de Minas

C�lulas-tronco podem curar, mas tamb�m t�m efeito perigoso

Quando problem�tica, estrutura conhecida pela autorrenova��o pode gerar c�pias doentes e contribuir para o crescimento de c�nceres


postado em 02/08/2012 08:56 / atualizado em 02/08/2012 09:00

As mesmas c�lulas que d�o esperan�a de cura para diversas doen�as debilitantes est�o por tr�s de um dos piores inimigos do organismo: o c�ncer. Tr�s estudos diferentes publicados hoje nas revistas cient�ficas Nature e Science indicam que as c�lulas-tronco, aquelas com capacidade de autorrenova��o indefinida, podem se tornar malignas, originando c�pias doentes incessantemente mesmo depois de o paciente ser submetido a quimio ou radioterapia. De acordo com os cientistas que fizeram as pesquisas, a esperan�a � de que, a partir da descoberta, novos tratamentos que evitem o ressurgimento do tumor sejam desenvolvidos.


A chamada hip�tese das c�lulas-tronco adultas tem sido debatida h� pelo menos 20 anos na oncologia, mas, at� agora, n�o havia sido comprovada em modelos vivos, apenas nas l�minas dos laborat�rios. Os novos experimentos, contudo, foram realizados em ratos, nos quais o tumor cresceu naturalmente, permitindo que os cientistas acompanhassem seu desenvolvimento desde o est�gio inicial.

Os c�nceres investigados foram carcinoma de pele esquamoso, glioblastoma de c�rebro e adenoma intestinal. Em todos os casos, os pesquisadores constataram a presen�a de c�lulas-tronco adultas que, em um processo semelhante ao das sadias, se autorrenovam gerando a cada ciclo de divis�o, uma id�ntica a ela, com o mesmo potencial de se renovar indefinidamente. No caso, por�m, a estrutura gera, sem cessar, c�lulas doentes, que v�o contribuir para o crescimento do tumor, mesmo quando ele � eliminado pelos tratamentos tradicionais.

Em pessoas saud�veis, as c�lulas-tronco adultas se dividem incessantemente e podem se transformar em qualquer tipo de estrutura daquele tecido. No processo de divis�o, elas d�o origem a uma c�lula com propriedades id�nticas, originando uma rede intermin�vel de produ��o celular. Ainda n�o se sabe quando e por que isso ocorre, mas no caso do c�ncer, em algum momento essas c�lulas-tronco come�am a se multiplicar, provavelmente devido a muta��es gen�ticas, fazendo crescer um tumor. “Independentemente da origem dessa c�lula, ela tem propriedades id�nticas �s das c�lulas-tronco adultas normais. O que as difere do tecido sadio � a falta de mecanismos que regula a divis�o. Ent�o, elas se renovam em uma quantidade muito maior do que deveriam”, explica Brenton Thomas Tan, patologista da Universidade de Stanford que n�o participou de nenhum dos tr�s estudos publicados hoje.

De acordo com Tan, muito do que se sabe sobre a biologia dessas c�lulas vem de experimentos realizados com c�lulas-tronco hematopoi�ticas, aquelas que d�o origem �s estruturas do sangue, como plaquetas e hemoglobinas. Quando a divis�o ultrapassa o limite normal, uma consequ�ncia � a leucemia. Agora, as pesquisas divulgadas pela Nature e pela Science estudam o fen�meno em tumores s�lidos, como o c�ncer de c�rebro. “Os gliomas s�o os tipos de c�ncer com pior progn�stico para os pacientes, principalmente um chamado de glioblastoma, que � o tipo de tumor cerebral mais frequente. O progn�stico � de menos de 12 meses e tem sido o mesmo nos �ltimos 30 anos, por isso precisamos estudar outras formas de combat�-lo”, observa Luis Parada, pesquisador do Southwester Medical Center e autor do artigo publicado na Nature.

Novas terapias
Segundo Parada, as terapias atuais t�m como alvo as c�lulas que formam a massa tumoral, mas n�o levam em conta aquelas respons�veis por seu surgimento. A equipe do m�dico desenvolveu geneticamente ratos com glioblastomas e descobriu que a base do c�ncer estava n�o nas c�lulas doentes, mas nas c�lulas-tronco que, ao se dividirem, davam origem a elas. Mesmo quando o tratamento conseguia reduzir o tumor a um tamanho �nfimo, as c�lulas-tronco continuavam l�, prontas para formarem novas massas. “Esse � um campo controverso, mas, se aprofundarmos nossos estudos sobre essas linhagens de c�lulas, poderemos encontrar novas terapias para essa doen�a incur�vel”, acredita.

No outro artigo publicado na revista Nature, cientistas liderados por C�dric Blanpain, da Universidade Livre de Bruxelas, tamb�m constataram, em ratos, a a��o das c�lulas-tronco cancer�genas. Nesse caso, os animais foram manipulados para desenvolver c�ncer de pele. Com biomarcadores, eles acompanharam o desenvolvimento das c�lulas do tumor, ao longo de sua progress�o. “Surpreendentemente, descobrimos que a maioria das c�lulas tinha um potencial limitado de prolifera��o, enquanto uma pequena fra��o exibia a capacidade de persistir, produzindo mais da metade do tumor”, disseram, no artigo.

No caso dos adenomas intestinais, que precedem o c�ncer de intestino, o pesquisador Hugo Snippert, do Centro M�dico da Universidade de Utrecht, na Holanda, descobriu que as c�lulas mais perigosas respondem por 5% a 15% do volume tumoral. Elas seguem um padr�o semelhante ao observado por Parada e Blanpain. Snippert, principal autor do estudo publicado na Science, conta que, embora menos numerosas, s�o elas as respons�veis por fazer o c�ncer crescer.

“Isso as torna um importante alvo para novas terapias”, observa. “De fato, n�o s�o todos os m�dicos que concordam com a hip�tese de c�lulas-tronco cancer�genas. Mas os estudos anteriores ou n�o eram em organismos vivos ou eram realizados a partir de transplantes de tecidos cancer�genos. O que temos agora s�o mam�feros que desenvolveram o c�ncer a partir das pr�prias c�lulas, reproduzindo bem o que ocorre em um paciente humano. Acredito que temos, ent�o, fortes elementos para intensificar essa linha de pesquisa, com a esperan�a de conseguirmos avan�os no n�vel cl�nico”, afirma.

 


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