
A pe�a Argonautas de um mundo s�, realizada pelo agrupamento O Coletivo, com dire��o de J�lio Vianna, estreou em dezembro e fez parte da 39ª Campanha de Populariza��o do Teatro e da Dan�a, em Belo Horizonte. No pr�ximo fim de semana, a popula��o de Juiz de Fora, na Zona da Mata, poder� conferir a produ��o. E de 25 a 27 o espet�culo cumprir� temporada em Uberl�ndia, no Teatro Rondon Pacheco. Em cena: as rela��es humanas marcadas pela virtualiza��o das pr�ticas cotidianas. Os personagens navegam em mares bravios da internet, como na mitologia grega que inspira o t�tulo – sobre a saga de her�is que rumam em uma perigosa expedi��o em busca do Velocino de Ouro.
“Perfis” (sejam eles virtuais ou n�o), conforme sugere o enredo, coabitantes de um espa�o f�sico qualquer, s�o vivenciados pelos atores Alexandre Vasconcelos, Fl�via Fernandes, Priscilla D’Agostini e Glauco Mattos. Enquanto o usu�rio X n�o comparece aos encontros marcados via um site de relacionamentos, P afirma n�o buscar fama, mas exp�e toda a sua vida na rede. G procura eternamente a casa perfeita e negocia com agentes imobili�rios s� para ter com quem conversar. F, por sua vez, mant�m um relacionamento – e mente – via chat. Em comum: a solid�o. Todos os personagens buscam por outros e por si mesmos.
Intera��o hi-tech A pe�a mescla a linguagem teatral � tecnologia. Os atores contracenam entre si, a todo momento, por meio de algum aparelho. Seja um celular, um projetor de v�deos ou um notebook. Com todo esse aparato em cena, imprevistos ocorrem, � claro. Projetores j� ca�ram e desligaram, som falhou... Muitos desafios tecnol�gicos tamb�m se impuseram e foi preciso desistir de algumas ideias iniciais. Segundo Vianna, a abertura da pe�a, com a esp�cie de confer�ncia entre os atores, seria transmitida ao vivo. “Mas, para isso, precisar�amos de uma banda dedicada, que custaria cerca de R$ 10 mil por m�s”, explica. Assim, optou-se pela grava��o.
Nas cenas feitas a partir de proje��es sobre seus pr�prios corpos, os atores tiveram que ensaiar o tempo da grava��o para dar respostas ao seu interlocutor no momento exato. Ao todo, a equipe tem nove pessoas em cena, entre atores, t�cnicos de som, de luz, cinegrafista e videomaker. Segundo o diretor, apesar do excesso de tecnologia em Argonautas, os comandos ocorrem da maneira mais simples poss�vel. Os atores, por exemplo, s�o os pr�prios contrarregras.
A pe�a foi planejada para ser interativa desde antes mesmo de o espet�culo se iniciar. No hall de espera, o p�blico tem um computador � disposi��o para sugerir links de v�deos que lhe interessam do YouTube. As sugest�es integram o espet�culo. Em um dia, pode ser que a produ��o escolhida seja o caso da jovem que teve a galinha de estima��o roubada e, em outro, uma minipalestra sobre reciclagem. Toda noite os atores t�m que improvisar, pois o v�deo � sempre uma surpresa para eles.
Outra grande oportunidade, n�o muito aproveitada pela plateia, � a permiss�o para deixar os celulares ligados – em modo silencioso, claro – durante a pe�a. Assim, fotografar e filmar s�o atividades liberadas, al�m de postar coment�rios no blog do Argonautas (espetaculoclique.blogspot.com.br). “N�o teria l�gica seguir a regra do teatro convencional. Para gente, toda intera��o � bem-vinda”, diz J�lio Vianna. Apesar da libera��o, tirar um celular da bolsa emanando todo o brilho da tela em meio ao breu do ambiente pode ser uma tarefa perigosa. O p�blico simplesmente n�o o faz. E quem se arrisca pode ser tachado, em pensamentos alheios, de viciado em internet ou sem no��o. Vai entender...
Pelo blog Espet�culo clique, � poss�vel ver a pe�a on-line ao vivo. O recurso tem feito sucesso entre os internautas at� mesmo de Portugal. H� um cinegrafista acompanhando cada detalhe da encena��o. A c�mera n�o � parada, h� um dinamismo que torna a sess�o virtual uma experi�ncia bastante interessante. Ao fim de Argonautas, o destino de um dos personagens pode ser conferido em um v�deo na p�gina virtual.
