Game Crysis 3 tenta inovar, mas falha

Nem sempre misturar elementos de diferentes jogos consagrados d� certo. Sem o devido esmero, pode-se dar vida a um monstro de Frankenstein em vez de algo que realmente agrade a todos os p�blicos. Esse nunca foi o caso, contudo, da s�rie Crysis, que soube mesclar o tiro em primeira pessoa com a furtividade consagrada pelos jogos de Metal gear. Em Crysis 3, a franquia tenta acrescentar novos ingredientes � receita, mas o resultado final � agridoce. Isso ocorre, principalmente, porque o jogo tem boas ideias, mas nem sempre as executa bem. A come�ar pela trama, que tenta consertar a pouca profundidade das hist�rias apresentadas nos games anteriores.

Volta o personagem Prophet e a nanosuit, exoesqueleto com tecnologia de ponta vestida pelo protagonista. Ele � resgatado de uma esp�cie de sono criog�nico pelo velho colega de combate, Psycho, que precisa do supersoldado para derrotar n�o apenas a corpora��o Cell, mas tamb�m os Ceph, amea�a alien�gena espalhada pelo mundo.

Centrado, principalmente, na rela��o entre os dois, o roteiro tenta ser mais elaborado ao abordar a dualidade homem-m�quina representada na figura de Prophet. A inten��o � boa, mas, infelizmente, a forma como o conceito � trabalhado n�o consegue comover o jogador, j� que o protagonista tem quase nenhum carisma. Resta, ent�o, aguentar o personagem martelar ao longo da trama o quanto ele quer se provar humano e n�o apenas uma arma ambulante.

Outra novidade � a adi��o de um equipamento: o arco. � poss�vel ca�ar inimigos ao usar flechas, sejam elas normais ou turbinadas com sistemas de choque el�trico e at� explosivos. A divers�o ao dar cabo de alien�genas e soldados com o dispositivo � imensa, sem sombra de d�vidas. O problema � que o apetrecho � poderoso demais e pode tornar o combate muito f�cil, fato desagrad�vel para os jogadores que buscam a��o mais desafiadora.

Territ�rio seguro Os principais pontos fortes de Crysis 3 s�o justamente aqueles que funcionaram t�o bem desde o primeiro t�tulo da s�rie: os gr�ficos e o combate. O visual � impressionante, mesmo que defasado no Xbox 360, quando se compara � vers�o do jogo para computador. A maior parte da trama se passa em Nova York, cidade que, na hist�ria, � atingida por v�rias cat�strofes.

A forma como a ilumina��o nos ambientes � trabalhada continua exuberante e merece aten��o. Quanto ao combate, ele segue como um trunfo do jogo, apesar de tamb�m apresentar problemas. Retorna o esquema de avan�ar pelas �reas em que soldados ou alien�genas fazem rondas. Cabe, ent�o, ao jogador montar a estrat�gia que pretende usar para eliminar os oponentes no local, ap�s analisar o cen�rio, a disposi��o dos inimigos no mapa e as armas dispon�veis.

Seria um grande agrado para os f�s da mec�nica furtiva, n�o fosse a intelig�ncia artificial frequentemente problem�tica dos advers�rios. N�o importa o qu�o isolado um deles esteja do restante, se voc� mat�-lo, os demais entrar�o em estado de alerta. Isso at� faz sentido quando os inimigos s�o alien�genas, pois a hist�ria deixa claro que eles possuem consci�ncia compartilhada (no��o vista tamb�m no cl�ssico da literatura de fic��o cient�fica O jogo do exterminador). Quando s�o humanos, por�m, chega a ser um erro grave, principalmente com tantos t�tulos no mercado com esse ponto t�o bem resolvido, como os das s�ries Batman Arkham ou Metal gear, em que capangas s� ficam alertas de fato ao ouvir algo suspeito ou encontrar um corpo ca�do.

Se a furtividade � prejudicada, ao menos o restante da batalha funciona bem. Cabe ao jogador articular com sabedoria os dois poderes principais da nanosuit: invisibilidade e resist�ncia a tiros. Ao ativar um dos dois modos, uma barra de energia se esvazia, o que obriga o personagem a se esconder no cen�rio para recarregar. Os diferentes ambientes encontrados em Crysis 3 t�m boa variedade de design e de formatos, o que torna cada �rea um desafio instigante ao elaborar estrat�gias.

Se Crysis 3 queria se mostrar mais humano, conseguiu. Mas n�o porque comove com o roteiro e sim porque faz algo inerente a todos os humanos: erra. O game tem arestas, mas n�o deixa de ser um bom t�tulo, gra�as �s mec�nicas consagradas, ao visual e ao melhor multiplayer da s�rie at� agora. Considerando o prest�gio que Crysis 2 adquiriu, a sequ�ncia deve agradar a quem come�ou a franquia com esse terceiro t�tulo. Aos f�s de longa data, � prov�vel que reste o gosto agridoce.

Arsenal
O arsenal do jogo oferece rifles, pistolas, lan�a-foguetes e, pela primeira vez na s�rie, a possibilidade de controlar armamento alien�gena. � poss�vel ainda modificar o tipo de muni��o e acrescentar acess�rios, como silenciadores e visores de aproxima��o de mira.

» Produ��o: Eletronic Arts
» Desenvolvimento Crytek
» Plataformas: Playstation 3, Xbox 360, Microsoft Windows
» N�mero de jogadores: at� 12 (multiplayer on-line); 1 (single-player off-line)
» Pre�o: R$ 189,90
N�o recomendado para menores de 16 anos

Avalia��o
Jogabilidade: HHHHH
Entretenimento: HHHH
Gr�ficos: HHHHH
Som: HHH