Carolina Braga

Pensando em solucionar parte dessa equa��o, a pesquisadora conduz pelo menos dois projetos que t�m como objetivo simplificar o combate e o diagn�stico da dengue. Em parceria com a Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas Gerais (PUC Minas), Alzira trabalha no desenvolvimento de �leos essenciais, feitos a partir de plantas medicinais, com o intuito de us�-los como larvicida. J� com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entra em fase final um kit capaz de detectar a contamina��o pelo v�rus em 20 minutos.
Feito a partir de plantas comuns, como or�gano, cravo e alecrim, os primeiros testes com o �leo j� demonstram 100% de efic�cia na elimina��o total das larvas em �gua parada em um prazo de at� 24 horas. A vantagem desse m�todo � que o pr�prio cidad�o poder� se responsabilizar na preven��o em casa. “O p� utilizado hoje no combate ao Aedes aegypti s� pode ser ministrado pelo agente de sa�de porque � qu�mico”, explica a pesquisadora.
No caso do �leo, al�m de ser natural, ele � rapidamente absorvido e n�o contamina o meio ambiente. Segundo Alzira Cec�lio, in�meras combina��es foram testadas. A fase atual da pesquisa se concentra na confirma��o dos primeiros resultados, assim como a sele��o de tr�s �leos mais eficazes, de um grupo de 10. A previs�o � de que at� o final do ano j� exista o produto a ser patenteado. A ideia que sempre norteou o projeto foi trabalhar com algo que pudesse estar ao alcance de qualquer cidad�o. Por isso a escolha por tais plantas medicinais, at�xicas e at� cheirosas.

Paralelamente aos estudos sobre os �leos essenciais, Alzira Cec�lio, em parceria com a tamb�m pesquisadora Erna Kroon, finaliza os estudos para o desenvolvimento do primeiro kit r�pido de diagn�stico da dengue. � um trabalho que vem sendo feito ao longo dos �ltimos quatro anos. Segundo a pesquisadora, o prot�tipo laboratorial para testes ficar� pronto at� o final do ano. “Agora estamos marcando a mol�cula para aplicar o teste em uma soroteca que temos. Depois vamos repassar para os laborat�rios da rede p�blica”, afirma. O exame surgiu a partir de uma demanda da Secretaria de Estado da Sa�de de Minas, preocupada em nacionalizar o m�todo de identifica��o dos pacientes infectados com o v�rus, assim como o seu barateamento.
� poss�vel identificar a contamina��o no soro do sangue do paciente e em geral os diagn�sticos ficam dispon�veis em tr�s dias. O novo teste utiliza a t�cnica da imunocromatografia, tamb�m a partir da coleta de sangue. O m�todo consiste em uma pequena fita, que em contato com a amostra do paciente, se contaminado, reage � presen�a da infec��o e muda de cor. Todo o processo n�o dura mais do que 20 minutos.
O produto ser� descart�vel, capaz de realizar uma an�lise e sua comercializa��o ser� na forma de pacotes com 25 ou 100 testes. Como se trata de tecnologia nacional, Alzira Batista Cec�lio acredita que ser� uma op��o vi�vel para atender � demanda do Sistema �nico de Sa�de (SUS). Atualmente, a rede p�blica concentra 60% da demanda por esse tipo de produto.
Em um primeiro momento, a nova tecnologia ser� testada pela Funed. Atualmente, a funda��o recebe cerca de 5 mil amostras de pacientes de todo o estado. “Vamos definir melhor o prot�tipo para estar pronto at� o final do ano”, informa Alzira. O kit � um dos 17 projetos da Funed apoiados pelo Programa de Incentivo � Inova��o (PII), realizado pelo Sebrae Minas, em parceria com a Secretaria de Ci�ncia, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais.
Para a coordenadora estadual do programa de controle permanente da dengue da Secretaria de Estado da Sa�de de Minas, Geane Andrade, todas as pesquisas s�o muito bem vistas, principalmente no que se refere �s tentativas de conter a prolifera��o da doen�a. “Falar em erradica��o � mais complicado porque o mosquito est� extremamente adaptado ao meio em que a gente vive”, afirma. Como ressalta, s�o, em geral, estudos que ainda dependem de testes e valida��es de resultados para aplica��o social. Muito do controle da dengue ainda se relaciona ao comportamento dos cidad�os. Em 2015, segundo Geane Andrade, houve uma queda de 10% em rela��o a 2014 nos n�meros da doen�a. A Secretaria de Estado da Sa�de est� especialmente alerta com os casos registrados nas regi�es Oeste, Sul, Sudoeste, Centro-Oeste, Nordeste e no Tri�ngulo Mineiro.
Ao mesmo tempo em que a queda no n�mero de casos pode se relacionar com a seca, Geane faz um alerta sobre a import�ncia da armazenagem correta da �gua. Segundo ela, por causa da crise h�drica muita gente tem captado �gua da chuva para reutiliza��o. “Pelas pesquisas que temos feito, as pessoas est�o guardando em dep�sitos dom�sticos. Entendemos por que isso est� virando um h�bito, mas h� de se ter cuidado”, afirma. Mesmo a �gua captada em casa deve ser armazenada em potes com tampas firmes. “Algo que vede e n�o fique saindo. N�o � um papel ou pl�stico. S�o cuidados simples e que, de t�o simples, s�o banalizados”, orienta.
Testes importados
Os laborat�rios costumam diagnosticar a dengue pelo teste Elisa (do ingl�s Enzyme Linked ImmunoSorbent Assay). S�o utilizadas amostras de sangue e demora no m�nimo tr�s dias para confirmar ou n�o a infec��o pelo v�rus. Outro tipo de teste adota a t�cnica do PCR, que investiga a presen�a do v�rus por meio do genoma.
� mais r�pida, por�m mais cara, o que a inviabiliza para testes em escala, como ocorre com as an�lises para diagn�stico da dengue. Tamb�m existem outros testes r�pidos similares ao que est� sendo desenvolvido na Funda��o Ezequiel Dias, por�m eles s�o importados, o que representa um alto custo para sua
utiliza��o em larga escala no Brasil.
