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Estado de Minas

Uso excessivo de celular pode comprometer funcionalidade de neur�nios

Os jovens viciados no aparelho apresentaram ainda maior �ndice de depress�o e ansiedade em pesquisa


postado em 05/12/2017 17:27 / atualizado em 05/12/2017 17:39

(foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(foto: Minervino J�nior/CB/D.A Press)
Nunca se olhou tanto para baixo. Na fila, no parque, na escola, no trabalho, no museu, no �nibus e, perigosamente, no carro, as pessoas parecem s� ter um interesse: a tela do smartphone. A ponto de, nos Estados Unidos, um estudo do Pew Research Center ter apontado que 46% da popula��o diz n�o conseguir viver sem seu celular com acesso � internet. A depend�ncia do gadget, usado menos para fazer liga��es do que para ler not�cias, interagir nas redes sociais, jogar e assistir a v�deos, tem at� nome: nomofobia, o medo de ficar longe do aparelho.

Preocupados principalmente com o impacto disso entre os jovens, que, segundo estudos, s�o os usu�rios que passam mais tempo mexendo nos celulares, pesquisadores da Universidade da Coreia em Seul decidiram investigar como essa depend�ncia se d� do ponto de vista da qu�mica cerebral. Para tanto, o neurorradiologista Hyung Suk Seo reuniu um grupo de 19 jovens, com m�dia de idade de 15,5 anos e depend�ncia em internet e/ou smartphones diagnosticada, e outro com 19 adolescentes da mesma faixa et�ria, mas que n�o sofriam do problema.

Doze dos 19 que n�o conseguiam viver longe dos aparelhos receberam nove semanas de terapia cognitivo-comportamental, adaptada de um programa desenhado para dependentes em jogos de azar, como parte do estudo. Os pesquisadores utilizaram testes padr�o de adic��o em tecnologia para medir a severidade do v�cio. As quest�es investigavam o quanto a internet e os celulares afetam a rotina di�ria, a vida social, a produtividade, os sentimentos e os padr�es de sono dos jovens. Quanto maior o escore, maior no n�vel de adic��o.

Um dos achados foi que os adolescentes dependentes de celular exibem n�veis mais significativos de depress�o, ansiedade, ins�nia e impulsividade, comparados aos que n�o sofrem do problema. Para medir como isso ocorre no c�rebro do ponto de vista fisiol�gico, os pesquisadores fizeram o exame chamado espectroscopia por RNM, tipo de resson�ncia magn�tica que mede a composi��o qu�mica do �rg�o.

Os participantes foram submetidos a esse m�todo n�o invasivo antes e depois da terapia cognitivo-comportamental. J� os jovens n�o adictos em tecnologia foram submetidos ao exame apenas uma vez para medir os n�veis de GABA, um neurotransmissor que inibe ou retarda sinais no c�rebro, e de Glx, neurotransmissor que torna os neur�nios mais excitados eletricamente. Pesquisas anteriores constataram que o GABA est� envolvido no controle da vis�o e da parte motora, al�m da regulagem de v�rias fun��es cerebrais, incluindo a ansiedade.

Os resultados da espectroscopia por RNM revelaram que, comparado aos jovens do grupo de controle, os dependentes apresentavam uma raz�o entre Gaba e Glx muito maior no c�rtex cingulado anterior, regi�o que, entre outras coisas, regula as emo��es. “Essa associa��o foi significativamente correlacionada �s escalas cl�nicas de depend�ncia em internet e smartphone, al�m de depress�o e ansiedade”, diz Hyung Suk Seo, que apresentou um trabalho sobre o estudo, ainda n�o publicado, no congresso anual da Sociedade Radiol�gica da Am�rica do Norte. “Um excesso de GABA pode resultar em v�rios efeitos colaterais, incluindo ansiedade e sonol�ncia” observa.

Revers�o

 Segundo o m�dico, s�o necess�rios mais estudos para que a descoberta tenha implica��o cl�nica. “O que podemos deduzir, por ora, � que o aumento na produ��o de GABA no c�rtex cingulado anterior nos jovens com adic��o pode estar relacionado � perda da integra��o funcional e da regula��o do processamento dos neur�nios na rede celular associada �s emo��es e � cogni��o”, adianta. Seo ressalta que o trabalho tamb�m revelou uma boa not�cia: a raz�o entre Gaba e Glx diminuiu e, em alguns casos, normalizou, depois da terapia cognitivo-comportamental, indicando um potencial alvo terap�utico.

 “Nossos smartphones se transformaram em uma ferramenta que fornece satisfa��o r�pida e imediata. Nossos neur�nios respondem a isso imediatamente, lan�ando dopamina. Ao longo do tempo, isso aumenta nosso desejo pelo feedback r�pido e pela satisfa��o imediata. Esse processo tamb�m contribui para o desenvolvimento de intervalos de aten��o mais curtos e torna as pessoas mais propensas ao t�dio”, explica Isaac Vaghefi, professor da Universidade de Nova York que pesquisou a nomofobia entre 182 estudantes universit�rios.

Os estudantes tinham de reportar a rotina di�ria e o uso de smartphone. Baseado na an�lise das respostas, o pesquisador os classificou em quatro tipos: pensativo, regular, altamente engajado, fan�tico e adito. Sete por cento da amostra entrou na categoria da adic��o e 12% foram identificados como fan�ticos. Os universit�rios enquadrados nos dois grupos relataram ter passado por problemas pessoais, sociais e profissionais devido � necessidade compulsiva de estar com os smartphones. De forma geral, eles exibiram sinais que poderiam indicar depress�o, isolamento social, timidez, impulsividade e baixa autoestima. As mulheres mostram-se mais propensas ao comportamento aditivo.

“A depend�ncia tecnol�gica n�o � um transtorno mental oficial, mas esse termo se refere a um comportamento de adic��o em rela��o a m�dias sociais, mandar mensagens em excesso, carregar muita informa��o, fazer muitas compras on-line, jogar, acessar pornografia on-line, enfim, o uso excessivo do smartphone”, diz Vaghefi. “Enquanto que a minoria se identificou como dependente, acredito que a adic��o tecnol�gica vai aumentar � medida que a pr�pria tecnologia continua a avan�ar, e os desenvolvedores de gadgets, aplicativos e jogos encontram novas formas de ganhar a aten��o dos usu�rios por longos per�odos de tempo”, afirma.

(foto: Binghamton University/Divulgação)
(foto: Binghamton University/Divulga��o)
“Nossos neur�nios respondem a isso (uso do smartphone) imediatamente, lan�ando dopamina. Ao longo do tempo, isso aumenta nosso desejo pelo feedback r�pido e pela satisfa��o imediata” Isaac Vaghefi (foto), professor da Universidade de Nova York e pesquisador da nomofobia.


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