
Nudes falsos, criados a partir de fotos originais postadas em redes sociais, de mais de 100 mil mulheres est�o sendo compartilhadas online, segundo um relat�rio recente.
As roupas s�o removidas digitalmente atrav�s de ferramentas de intelig�ncia artificial; depois, as imagens falsas s�o espalhadas pelo aplicativo de mensagens Telegram.
Segundo o relat�rio, da empresa Sensity, alguns dos alvos "pareciam menores de idade" e a tecnologia usada � do tipo deepfake bot.
Deepfakes s�o imagens e v�deos baseados em um modelo real e depois alterados em computador. Um de seus usos tem sido a cria��o de videoclipes pornogr�ficos falsificados envolvendo celebridades.
Mas o presidente-executivo da Sensity, Giorgio Patrini, afirma que a tend�ncia de uso de fotos corriqueiras de pessoas comuns � relativamente nova.
"Ter uma conta nas redes sociais com fotos abertas ao p�blico � o suficiente para que qualquer pessoa se torne um alvo", alertou.Rob� no Telegram

A altera��o � feita por um rob� digital (bot) movido a intelig�ncia artificial que opera dentro de um canal de mensagens privadas do Telegram. Os usu�rios podem enviar ao rob� a foto de uma mulher, cujas roupas s�o retiradas digitalmente em minutos, sem nenhum custo.
A BBC testou esta ferramenta, usando imagens com consentimento de participantes, e nenhuma foto ficou completamente realista — uma delas colocou o umbigo de uma mulher quase no meio do t�rax.
Um aplicativo como esse chegou a ser banido no ano passado, mas acredita-se que existam vers�es derivadas em circula��o.
Um dos administradores do servi�o, identificado apenas como "P", afirmou: "N�o me importo muito. � entretenimento e n�o leva a viol�ncia."
"Existem guerras, doen�as, muitas outras coisas ruins que s�o prejudiciais no mundo."
"Ningu�m vai chantagear ningu�m com isso, j� que a qualidade n�o � realista."
"P" tamb�m diz que a equipe analisa antes quais fotos ser�o publicadas.
"Quando vemos menores (de idade), bloqueamos o usu�rio para sempre", relata.
Mas a decis�o de compartilhar a foto com outras pessoas � da pessoa que usou o rob� para cri�-la, explica.
Procurado pela reportagem para se posicionar, o Telegram n�o forneceu respostas.
'Conte�do ped�filo'
A Sensity relatou que, entre julho de 2019 e 2020, aproximadamente 104.852 mulheres tiveram suas imagens alteradas e compartilhadas publicamente.
A investiga��o apontou que algumas das fotos pareciam retratar menores de idade, "sugerindo que alguns usu�rios usavam o rob� principalmente para gerar e compartilhar conte�do ped�filo".
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A empresa afirmou ainda que o rob� foi divulgado por publicidade na rede social russa VK, e segundo dados, a maioria dos usu�rios era da R�ssia e de pa�ses da antiga Uni�o Sovi�tica.
A VK afirmou que "n�o tolera esse tipo de conte�do ou links na plataforma e bloqueia as comunidades que os distribuem."
"Muitos desses sites ou aplicativos n�o se escondem ou operam no submundo, porque n�o s�o rigorosamente proibidos", explica Giorgio Patrini, do Sensity.
"At� que isso aconte�a, temo que s� v� piorar."
Os autores do relat�rio dizem que compartilharam todas as suas descobertas com o Telegram, VK e at� pol�cias — mas com pouca repercuss�o.
Nina Schick, autora do livro Deep Fakes and the Infocalypse, diz que os criadores de deepfakes est�o em todo o mundo e que as legisla��es est�o "tentando se atualizar" diante da tecnologia.
"� apenas uma quest�o de tempo at� que o conte�do se torne mais sofisticado. O n�mero de v�deos porn�s falsos parece estar dobrando a cada seis meses", disse ela.
"Nossos sistemas legais n�o s�o adequados para essa quest�o. A sociedade est� mudando mais r�pido do que podemos imaginar devido a esses avan�os tecnol�gicos exponenciais e n�s, como sociedade, n�o decidimos como regulamentar isso."
"� devastador para as v�timas de pornografia falsa. A vida delas pode virar completamente do avesso, pois elas se sentem violadas e humilhadas."
No ano passado, o Estado americano da Virg�nia se tornou um dos primeiros lugares a proibir os deepfakes.
A atual lei do Reino Unido sobre imagens falsas de nudez foi recentemente caracterizada como "inconsistente, desatualizada e confusa", segundo uma pesquisa universit�ria recente.
Apesar do progresso em quest�es como pornografia de vingan�a, "ainda existem muitas lacunas gritantes na lei", diz Lucy Hadley, da organiza��o em prol das mulheres Women's Aid.
Embora essas estat�sticas mostrem o qu�o disseminadas as imagens falsas podem ser, atualmente elas n�o configuram um crime espec�fico.
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