
" Fiz descobertas com os meus filhos que, talvez, n�o teria feito em outro contexto (sem a pandemia). Ant�nio e Pedro n�o v�o ter essa idade de novo. Fizemos tie-dye, biscoito, vimos filmes"
Juliana Paes, atriz
Juliana Paes tinha o plano de descansar a imagem da televis�o em 2020. Mas as reprises n�o permitiram. Durante boa parte do ano, a atriz apareceu como a antagonista Carolina na reprise de Totalmente demais (2015 a 2016), na Globo. No segundo semestre, veio a dobradinha com a empregada Ritinha, de La�os de fam�lia (2000 a 2001), sua estreia na telinha e atualmente exibida no Vale a pena ver de novo; e a Bibi, de A for�a do querer (2017), no ar �s 21h, que entra no mundo do crime por causa do marido, Rubinho (Em�lio Dantas).
A personagem marcante da trama de Gloria Perez foi inspirada na hist�ria real de Fabiana Escobar, que escreveu o livro Perigosa. Bibi repercute tanto entre as pessoas que n�o � estranho a int�rprete ser chamada pelo nome dela entre os f�s da novela. Mesmo j� tendo outro recente papel de sucesso, a Maria da Paz de A dona do peda�o (2019), o p�blico mant�m Bibi Perigosa viva no imagin�rio. Na entrevista a seguir, a atriz de 41 anos fala sobre as reapresenta��es de trabalhos importantes na carreira e das cenas dif�ceis de A for�a do querer, atual folhetim das 21h da Globo e um sucesso. Ela ainda relata como enfrenta o isolamento social nesta pandemia. A atriz j� testou positivo para a COVID-19.

Em 2020, o p�blico teve uma "overdose" de Juliana Paes, por causa das reprises em Totalmente demais, La�os de fam�lia e A for�a do querer. Como se sentiu?
Estava conversando com o pessoal do meu f�-clube e eles me zoaram, porque tinha falado que ia descansar a imagem. Ou os projetos e as personagens foram muito legais, ou eu n�o parei de trabalhar e a "casa" j� n�o tem mais produ��es sem a minha escala��o (risos). Brincadeiras � parte, fico lisonjeada, pois isso tem a ver com uma trajet�ria de muita dedica��o.
Quais foram as cenas mais dif�ceis de A for�a do querer?
Tive muitas cenas marcantes e dif�ceis, como as sequ�ncias de correria na Tavares Bastos (comunidade na Zona Sul do Rio de Janeiro). Diferentemente do que falaram na �poca, a gente n�o queria a glamouriza��o da vida no crime Quer�amos estar pr�ximos da realidade.
O que fez A for�a do querer ser uma novela de sucesso?
Os personagens s�o os respons�veis pelo sucesso de uma trama. Englobo nesse quesito o trabalho do ator, autor, diretor, editor, de todo mundo junto. Quando voc� tenta se lembrar de um filme que amou, acaba pensando nos personagens. Voc� pode esquecer o nome do filme, do int�rprete, mas fica quem te tocou naquela hist�ria.
La�os de fam�lia foi a sua primeira novela. Seu aprendizado foi intenso nessa novela?
Sim! Estou muito feliz de poder falar sobre essa novela, 20 anos depois, e fazer um agradecimento especial a Marieta (Severo). Ela tem um papel fundamental na minha carreira e, talvez, n�o saiba. N�o tive uma forma��o profissional. Fui uma cria da casa, que aprendeu fazendo, tomando bronca mesmo.
De que forma a Marieta Severo te ensinou?
Na sequ�ncia em que a Alma descobre que Rita est� gr�vida e ela vai me dar um sacode, estava escrito: "Rita chora muito". N�o sabia fazer isso e fiquei tr�s noites sem dormir, pensando a respeito. Quando Marieta me segurou pelos bra�os, senti a emo��o brotar de verdade. Ali, entendi que n�o tem de pensar em nada. Tive muita timidez de contar isso para ela depois, mas sou muito grata por esse momento.
Como se sentiu quando soube que a Ritinha ia morrer em La�os de fam�lia?
Quando recebi o texto, fiquei absolutamente triste. Mas, depois, comecei a perceber a repercuss�o. Morrer em uma novela do Maneco (Manoel Carlos) � sucesso. Na �poca, saiu um monte de not�cias de que a personagem tinha eclampsia, que n�o fazia o pr�-natal. Enfim, come�ou um burburinho sobre ela e percebi que era melhor aquilo do que se nada acontecesse. Amei a morte da Ritinha.
Como voc� vive esse per�odo de isolamento social imposto pela pandemia junto com a fam�lia?
A gente, que est� sempre trabalhando fora de casa, teve a oportunidade desse conv�vio muito intenso com a fam�lia. Existe o lado complicado da conviv�ncia for�ada, mas tamb�m tem uma parte maravilhosa. Fiz descobertas com os meus filhos que, talvez, n�o teria feito em outro contexto. Ant�nio e Pedro n�o v�o ter essa idade de novo. Fizemos tie-dye, biscoito, vimos filmes... Mas, falando s� de mim, o que me ajudou a n�o enlouquecer foram duas coisas: ver conte�dos na televis�o que s�o completamente diferentes da minha realidade e a filosofia.