
"Tem gente que n�o aguenta ver ("Sob press�o"). Geralmente, � o p�blico que � da burguesia e n�o consegue assistir a algo que saia de seu controle""
Drica Moraes passou por cima do medo de trabalhar durante a pandemia da COVID-19 para dar vida, novamente, � pragm�tica doutora Vera de “Sob press�o”. Na quarta temporada da s�rie global, a infectologista tem de lidar com o v�cio do filho Leonardo (Jo�o Vitor Silva) em anfetamina. Na trama, o personagem chega a falsificar a assinatura da m�e para conseguir medicamento controlado, a fim de melhorar sua concentra��o e, assim, tentar passar no vestibular.
Na entrevista a seguir, a carioca de 52 anos comenta como foi o processo de grava��o da temporada, como lidou com os r�gidos protocolos impostos pela COVID e fala sobre a aproxima��o entre Vera e o filho na fic��o. Atualmente, a atriz est� no ar tamb�m na reprise de “Verdades secretas” e foi vista, por um bom tempo, como a ardilosa Cora de “Imp�rio”, antes de ser substitu�da por Marjorie Estiano. Por fim, Drica revela o que a motivou a trocar seus m�dicos brancos por profissionais negros.
Como foi voltar a gravar “Sob press�o” em meio � pandemia?
Posso falar sobre a sensa��o de tens�o, porque filmamos ainda com a vacina��o atrasada. Ent�o, os protocolos eram muito r�gidos. Tinha o medo real de cont�gio, de ficar doente e falecer. Est�vamos impregnados dessa nuvem de mist�rio do v�rus. Isso nos deu peso maior com rela��o aos personagens. Os casos dos pacientes s�o os de uma sociedade adoecida. A gente tremia o tempo todo trabalhando e imaginando que aquilo tudo era real.
Como voc� v� a rela��o da Vera com o filho na nova leva de epis�dios?
A hist�ria de ter um filho como protagonista da vida, isso � muito meu. No caso da fic��o, o Leonardo (Jo�o Vitor Silva) � o entorpecido. Ele aparece viciado, e isso traz perturba��o. � a confirma��o de que ningu�m escapa do mundo das drogas, de algo que nos alivie. Essa quest�o � uma pauta que nunca pode deixar de ser discutida, porque a gente tenta enfiar goela abaixo, mas o Rivotril est� a�, o cigarro, o �lcool, a anfetamina...
Os temas abordados na s�rie s�o debatidos pelo p�blico. Como esse conte�do atinge as pessoas?
“Sob press�o” bota um olhar sobre a car�ncia escancarada da sa�de p�blica e tem gente que n�o aguenta ver. Fala que ama a s�rie, mas n�o v�. Geralmente, � o p�blico que � da burguesia e n�o consegue assistir a algo que saia de seu controle, porque na classe social dele n�o tem aquilo, ent�o prefere n�o se misturar. Ou s�o idosos que n�o aguentam mais sofrer vendo os epis�dios.
Como voc� analisa a entrada definitiva do David Junior em “Sob press�o” como neurologista?
Foi t�o curiosa a escala��o do David Junior como Mauro, um ator negro ocupando o espa�o geralmente dado a um branco. Eu, como m�e de um filho preto (Mateus, de 12 anos), resolvi ter a a��o afirmativa de trocar todos os meus m�dicos brancos por negros. S� n�o mudei meu oncologista, porque devo minha vida a ele. Um mundo se abriu para mim, o de pessoas que est�o ralando h� anos.