
Minhas memórias de viajante
Bom mesmo para atiçar a fome é Portugal, cujos restaurantes têm pratos precursores de nossa cozinha brasileira
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O feriado de hoje tem um propósito, pelo menos para mim: rever fotos antigas que fiz nos países que visitei. Tudo porque recebi vários telefonemas do exterior, para onde viajava com frequência e certamente não voltarei mais, com a chegada da idade.
Começo por Portugal, onde ia pelo menos uma vez por ano. Tive sorte de ter um marido que gostava tanto de viagens quanto eu. Quando ele se foi, deixando saudades e dor no coração, fiquei por aqui mesmo, na lembrança daqueles dias muito felizes.
Engraçado o que acontece sempre com quem viaja muito: temos casos de problemas e tristezas para contar. Graças a Deus, fui poupada. Só fui roubada em Roma, mas logo recebi os tíquetes transporte de volta.
Fato comum era hotel lotado. Em Paris, ficávamos sempre no mesmo quarto. O hotel era próximo dos botequins da moda, com o chope mais gelado da cidade, e também de ótimas lojas de rua. Éramos tão constantes que funcionários da recepção já comemoravam nossa chegada dizendo nossos nomes, algo raro em hotéis grandes.
Uma ótima prática para o sucesso da viagem é você se hospedar sempre no mesmo hotel, porque conhecer a vizinhança já significa meio caminho andado.
No início desta manhã, quem telefonou foi uma sobrinha que está em Paris. Logo depois, um sobrinho que trabalha no Canadá. Fui lá uma vez, dois dias de viagem de avião. Esperava um frio de morte, mas o clima estava ótimo. A casa, aquecida, recomendava pés no chão. Da janela do meu quarto, via as montanhas geladas – uma bela vista.
Fui ver de perto grandes lagos, cheios de pessoas vestidas como era costume nos tempos antigos, trajes indígenas cheios de penas. Adorei, mas nada estava à venda.
Engraçado, não comprei nada no Canadá, apesar de ter passado um bom tempo nos shoppings, que são grandes e cheios de marcas importadas. Um deles, já contei aqui, tem um grande lago com um barco a velas ao centro, é possível visitar o navio.
Bom mesmo para atiçar a fome é Portugal, cujos restaurantes têm pratos precursores da nossa cozinha brasileira. Sempre começava a viagem gastronômica pelo Gambrinus, em Lisboa. Não é casa de luxo, mas a mesa é recomendação de sabor.
Aliás, iniciei minha jornada portuguesa na casa de uma prima, que morava no Norte, cidade do interior.
Tão logo cheguei, quis saber o que havia ali de típico ou de saboroso para vender. Ela não conhecia nada.
Na primeira manhã, fui a um bar na praça principal da cidade descobrir o que ela não sabia. O dono me recomendou um terreno aberto, cheio de carneiros, onde havia produção de queijos.
Fui conferir de perto, claro. Encontrei uma fábrica rara – o leite era tirado no local; passados uns poucos dias, ele se transformava em um queijo delicioso. Da última vez que lá fui, identifiquei os queijos como da Serra da Estrela.
Trouxe vários, coloquei no meu freezer à espera de ocasião especial. Um belo dia, fui procurar as delícias portuguesas e não achei nenhuma. Alguém deve ter levado, achando que era queijo mineiro esquecido na geladeira.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.