De repente, você precisa de um endereço e corre ao catálogo telefônico. Aprende que ele não existe mais. Quem não teve o bom senso de guardar o último não sabe como descobrir endereços de pessoas pouco conhecidas. Ou onde ficam determinadas ruas.
Estou completamente na mão, porque não tenho celular. Fui das primeiras pessoas da cidade a ter um, indicado por amigo. Nos dias atuais, ninguém tem mais vida – só tem celular. Para guardar tudo, informar tudo.
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Semana passada, morreu um conhecido, fui procurar no jornal e não encontrei nada. Foi aí que acordei para o fato de que jornal não anuncia mais morte de ninguém.
Quem não tem celular fica sem saber quem morreu, onde será o velório e assim por diante.
Por segurança, estou procurando um mapa de BH para me guiar. Quem tem carro leva a vantagem do aparelhinho que ensina o caminho com toda segurança. Como não guio mais, fico nas mãos de taxistas.
A BHTrans cortou minha carteira, depois de eu ter guiado mais de 50 anos sem dar uma batida.
Outra coisa curiosa que soube outro dia: pessoas que gostam de dar festas e não querem gastar muito sugerem ao convidado levar a própria bebida. Um desses convidados se danou. Levou um vinho caro e teve de dividi-lo com quem não tinha nada para beber.
Acho que ninguém é obrigado a dar festa. Se vai dar, deve contar com a presença do convidado, oferecendo a ele o que pode, do bom e do melhor.
Outro dia, dei uma reunião em minha casa para alguns amigos. Coloquei na mesa a garrafa de cachaça que trouxe do interior. Acabou tudo, e alguns ainda queriam mais. É bom falar também que a maioria nunca tinha experimentado.
Acho que cachaça não aparece nas festas porque as pessoas ficam envergonhadas de oferecer aos convidados uma bebida tão popular. Preferem, muitas vezes, oferecer bebida falsa. Quando essas bobagens acabarem, as festas ficarão melhores.
E, voltando ao começo da conversa, peço aos leitores que me informem onde posso encontrar um bom mapa da cidade, porque celular não tenho mais. Joguei o meu fora, dentro do Arrudas.