A moda é cíclica. O que um dia foi deixado de lado, mais cedo ou mais tarde, volta com força renovada. Muitas vezes o que retorna chega repaginado, com um toque de modernidade, mas desta vez o que voltou está muito igual ao que era.


Alguns modelos de saias, vestidos e cintos boho são idênticos aos que usávamos na década de 1970. Aí me lembro daquele velho ditado “quem dá o que tem, a pedir vem”, mas é impossível guardar roupas por tantos anos, a não ser aquelas de marcas muito boas que sabemos que não acabam nunca. Sobretudo as de modelos mais clássicos, atemporais mesmo, que entra ano e sai ano podemos usar jogando com peças atuais para compor o look.

Com a pandemia, esse ciclo se manifestou de forma marcante nos pés. Não tem jeito, a pandemia virou marcação de tempo e mudança radical na moda, pois as pessoas passaram a exigir conforto nas roupas e, principalmente, nos calçados. Com isso chegaram os tênis retrô.


Inspirados nos modelos icônicos das décadas de 1980, 1990 e início dos anos 2000, os tênis ressurgem com o mesmo apelo nostálgico de antes, mas agora com nova leitura estética. A tendência que começou tímida entre colecionadores e entusiastas do streetwear ganhou as ruas, as vitrines e as passarelas.

A ascensão dos tênis retrô não é apenas uma questão de estilo, mas de comportamento. O público, cada vez mais atento à história das marcas e ao design atemporal, passou a valorizar peças que carregam memória e identidade. Usar um modelo clássico da Adidas, Nike, New Balance ou da Puma é também reviver uma época em que o visual esportivo era símbolo de autenticidade e liberdade.


O curioso é como essa tendência se conecta a outro movimento forte da moda atual: o retorno das calças mais largas e das saias longas (é muito bom). É o conforto como prioridade. Tecidos soltos, modelagens amplas e caimentos fluidos – menos rigidez, mais naturalidade.

Nesse cenário, os tênis de perfil baixo, com design limpo e estrutura mais fina, tornaram-se o complemento perfeito. Eles equilibram o volume das peças inferiores, mantendo a proporção visual e evitando que o look pareça pesado ou desleixado. Já o contrário – combinar calças largas com tênis muito robustos – pode criar a sensação de excesso, de falta de harmonia entre as formas. A moda, afinal, é também sobre equilíbrio.


Os tênis inspirados nos anos 1980 e 1990 ganham novas cores, materiais sustentáveis e conforto aprimorado. Palmilhas anatômicas, solados leves e tecidos reciclados ideais para o dia a dia urbano. Caem muito bem tanto no look casual quanto no sofisticado.

O truque está nas proporções: o tênis de cano baixo e linhas simples alonga a silhueta, enquanto as peças amplas trazem movimento e descontração. O resultado é um look casual, porém sofisticado, que combina perfeitamente com a rotina dinâmica das grandes cidades.

 

* Isabela Teixeira da Costa (Interina)

compartilhe