
Zema é candidato sem apoio de Bolsonaro
O governador mineiro pode também trabalhar uma aliança com o PSD de Ratinho Junior, governador do Paraná, favorito de Gilberto Kassab
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Em meio à congestionada disputa pelo apoio de Jair Bolsonaro (PL) entre pré-candidatos à Presidência da República desse campo político, o governador Romeu Zema (Novo) admitiu pela primeira vez que o ex-presidente da República respaldará nome que não será o seu. “O presidente Bolsonaro está em outro partido, fiz questão de comunicá-lo que eu faria o lançamento da minha pré-candidatura à Presidência. E com certeza ele deve ter outro candidato”, afirmou Zema em entrevista à rádio Itatiaia, nesta terça-feira.
Isolado no Novo – legenda com acesso residual ao tempo do horário eleitoral gratuito e ao fundo eleitoral –, as probabilidades de alcançar um eventual segundo turno caem muito para Romeu Zema. Nesse contexto em que o bolsonarismo terá uma candidatura que provavelmente será de um dos membros da família – Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro ou Michelle Bolsonaro –, Romeu Zema tem a opção de candidatar-se para apoiar a formação da bancada federal de seu partido, ao mesmo tempo em que aproveitaria o momento de campanha para se tornar um nome nacional, prospectando eleições futuras.
O governador mineiro pode também trabalhar uma aliança com o PSD de Ratinho Junior, governador do Paraná, favorito de Gilberto Kassab, presidente nacional da legenda, para concorrer ao Palácio do Planalto. O PSD e o Novo estarão juntos em 2026 na disputa ao governo do Paraná: o vice-prefeito de Curitiba, Paulo Martins, até então no PL, filiou-se na semana passada ao Novo, em solenidade da qual participou Zema. Paulo Martins é o nome de Ratinho para a sua sucessão naquele estado. Pragmático, o PSD de Gilberto Kassab certamente não recusaria Zema como vice em uma eventual chapa encabeçada por Ratinho; o inverso seria menos provável.
Na ausência de eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), até aqui, o cenário eleitoral que vai se desenhando para a Presidência da República terá além de Romeu Zema e Ratinho Junior, Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás. Todos esses governadores, antevendo a probabilidade de que Jair Bolsonaro venha a apoiar um de seus filhos – o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) – já sinalizam para um primeiro turno com vários nomes da oposição ao presidente Lula (PT).
Se no plano nacional não terá a tração do bolsonarismo, em Minas, esta é uma das apostas dos articuladores de Mateus Simões (Novo), que lutam pelo apoio do PL. A candidatura do vice-governador já enfrenta dificuldades com a presença na mesma disputa do senador Cleitinho (Republicanos), que mantém uma leal base bolsonarista e, de quebra, ainda expande a sua presença para eleitores de perfil mais vinculado ao lulismo. Simões aposta que terá o PL em Minas, em acordo que a legenda indicaria uma das duas vagas ao Senado Federal. Para o primeiro, seria um ótimo acerto. Para o segundo, nem tanto.
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Com Pacheco
Se o senador Rodrigo Pacheco (PSD) confirmar a sua candidatura ao governo de Minas em 2026, terá o apoio do prefeito Álvaro Damião (União). Nesse cenário, Marcelo Aro (PP), secretário de Estado da Casa Civil, que é candidato ao Senado, poderá ser forçado a fazer escolhas. Ele participa do governo municipal com a indicação da Coordenadoria das Vilas e Favelas e cinco das nove diretorias do segmento, consideradas estratégicas para a sua campanha. Aro também poderá optar por não se envolver diretamente na eleição ao governo, focando em sua candidatura ao Senado.
Foice no escuro
Os partidos federados União-PP e o PSD estão sendo disputados entre as candidaturas de Rodrigo Pacheco e de Mateus Simões (Novo). A federação União-PP reúne pouco mais de um quinto do tempo do horário eleitoral gratuito e do fundo eleitoral: é considerada vital. Já o PSD, que tem 45 deputados federais e, por isso, cerca de 9% dos recursos públicos para a campanha, é a legenda em que está Pacheco e destino preferencial de Mateus Simões. Já a bancada federal se inclina mais ao senador.
Primeira negra
Encerrou-se o biênio da ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edilene Lôbo, mineira de Taiobeiras, a primeira mulher negra a se assentar na Corte Superior da Justiça eleitoral em 90 anos. Doutora e mestra em Direito, pós-doutora na Espanha em “Novas Tecnologias, Instituições de Garantia e Milícias Digitais”, Edilene Lôbo tem perfil essencialmente técnico, de viés acadêmico. Ao participar de sua última sessão no TSE, na quinta-feira passada, Edilene Lôbo foi homenageada pela Corregedora-Geral Eleitoral, ministra Isabel Gallotti, e pelo vice-presidente do TSE, ministro Kassio Nunes Marques.
Na Petrobras
Em sua despedida do cargo, Edilene Lôbo também foi homenageada em evento da Petrobras, na sexta-feira passada, onde proferiu a palestra magna “Democracia, Substantivo Feminino”, pela presidente Magda Chambriard e a primeira-dama Janja Lula da Silva. Edilene defendeu a necessidade de conferir autenticidade à democracia com a ampliação da participação das mulheres, “marcadamente as mulheres negras, nos espaços decisórios do Brasil”. Na Câmara dos Deputados, das 513 cadeiras, apenas 17,7% são de mulheres – 6% são mulheres negras. Nas câmaras municipais, as mulheres negras respondem por 7,5% da representação. Tais estatísticas revelam o caráter excludente da representação política brasileira.
WO
Em aparte na sessão plenária do Senado Federal desta terça-feira, o senador Cleitinho (Republicanos) saiu em defesa do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), ambos enfrentando ações judiciais que podem deixá-los inelegíveis. “Saí na frente da pesquisa com toda humildade. Mas, em Minas, quem está pontuando bem é o Alexandre Kalil. Não vamos caminhar juntos. Ele vai para um lado e eu vou para outro. Mas ele tem a minha solidariedade. Um cara como eu que sou democrata, acho que Kalil tem de disputar a eleição. Com o próprio Nikolas estão querendo deixar inelegível. Estão querendo ganhar por WO”, declarou.
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Subiu no telhado
As conversas para a formação da federação MDB-Republicanos, que estavam avançadas no primeiro semestre, entram em banho-maria. O presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP), argumentou que a sigla celebrará 20 anos em festa agendada para 25 de agosto. Até lá, nada deve ofuscar o evento. Caso se acertem mais à frente, Republicanos e MDB teriam 88 deputados federais — cada um tem 44 atualmente — e igualariam a bancada do PL. A eventual federação ultrapassaria a do PT, PCdoB e PV, que tem 79 cadeiras na Câmara. A União Progressista terá 111 deputados.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.