Mais lidas
compartilhe
SIGA NO
Em uma sociedade que aprendeu a falar sobre sexo mais como exibição do que como experiência humana verdadeira, ainda existe uma falta de diálogo quando o assunto é o relacionamento que temos com nosso próprio corpo. O autoprazer, prática natural, íntima e ancestral, continua envolto em culpa, tabu e desinformação. No entanto, entendê-lo como parte da saúde integral é um passo urgente e necessário.
Vários estudos sobre autoprazer e masturbação consciente nos lembram que o modo como aprendemos a nos tocar, ainda na adolescência, influencia profundamente a forma como vivemos a sexualidade na vida adulta.
- Como é para um homem chegar aos 40?
- Como homens podem equilibrar trabalho, família e espiritualidade
- O que todo homem precisa saber sobre a ansiedade no sexo
- A arte de ouvir
De acordo com o texto, grande parte das pessoas cresce tencionando o corpo, acelerando movimentos, prendendo a respiração e repetindo padrões automáticos, um hábito que pode gerar o que a psicologia somática chama de amnésia sensório-motora: uma forma de dormência e desconexão corporal que reduz a sensibilidade e limita significativamente o prazer.
Quando alguém entende os seus limites, sensações, tensões e necessidades, a comunicação com o outro se torna mais clara. O prazer deixa de ser uma performance e passa a ser uma troca humana, viva e verdadeira.
O que significa masturbação consciente?
Diferentemente da masturbação automática, apressada e desconectada, a masturbação consciente envolve observar as sensações do corpo sem pressa, respirar profundamente, soltar a tensão muscular, expandir o toque para além dos genitais, permitir movimentos naturais, saborear o prazer com presença.
Leia Mais
Na prática, isso significa transformar um ato solitário em um exercício de autoconhecimento. Aprender a saborear as sensações é um antídoto para anos de dormência genital e de condicionamentos que limitam o prazer.
Sheri Winston é uma das principais autoridades em sexualidade holística e anatomia do prazer feminino. É também educadora sexual, terapeuta, parteira e autora premiada, reconhecida internacionalmente por unir ciência, sensibilidade e espiritualidade em sua abordagem.
Ela afirma que a sexualidade não é apenas um portal para o prazer, mas também “uma porta de entrada para você mesmo”. A escritora reforça que o autoprazer é o laboratório mais importante da nossa sexualidade, porque envolve mente, corpo, coração, espírito e energia, ou seja, todos os aspectos do ser humano integrados e vivos.
Trazer a perspectiva de Winston é importante porque ela legitima o tema com profundidade e resgata o caráter humano, natural e vital da sexualidade.
Autoprazer como educação emocional
O autoprazer reduz a ansiedade, melhora a autoestima, desperta a criatividade e aumenta a vitalidade.
Esses benefícios, somados à capacidade de regular tensões e resgatar a sensibilidade corporal, fazem dessa prática um recurso de autocuidado.
Em tempos de pressa, exaustão mental e relações rasas, aprender a respirar durante a excitação, mover o corpo com liberdade e permitir sons espontâneos de prazer, são maneiras de reconectar-se à vida, ao corpo e à alegria mais genuína.
Uma questão coletiva
Quando uma sociedade inteira cresce desconectada do próprio corpo, ela também cresce mais ansiosa, mais insegura, mais violenta, mais vulnerável à desinformação, mais distante da própria sensibilidade.
Promover o conhecimento do corpo, portanto, beneficia comunidades inteiras. Pessoas que se conhecem se relacionam melhor, comunicam com mais clareza, respeitam mais limites e cultivam vínculos mais saudáveis.
Um convite à reconexão
Conhecer o próprio corpo é devolver a si mesmo a autonomia sobre a própria história, o próprio prazer e a própria saúde. É lembrar, com ternura e coragem, que o corpo é casa, é território sagrado e é fonte inesgotável de vida.
E talvez a grande transformação social que buscamos comece exatamente aqui: quando cada pessoa aprende a habitar seu corpo com amor, respeito e curiosidade. Porque um mundo onde as pessoas se conhecem melhor é também um mundo onde elas se cuidam melhor.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
