ARTES CÊNICAS

"Um homem célebre" adapta contos de Machado de Assis para o palco

A Trupe Qualquer, de Juiz de Fora, encena o espetáculo em Belo Horizonte, com sessões neste sábado (19/7) e domingo, no Galpão Cine Horto

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Autor de alguns dos mais importantes romances da literatura brasileira, Machado de Assis (1839-1908) foi também um grande contista. É a partir de histórias escritas pelo Bruxo do Cosme Velho que a Trupe Qualquer constrói o espetáculo “Um homem célebre”, com apresentações neste sábado (19/7) e domingo, no Galpão Cine Horto.

A peça acompanha um ator que, às vésperas de entrar em cena, entra em crise ao não se reconhecer no espelho. O ponto de partida para a dramaturgia foi o conto “O espelho”, em que Jacobina, um alferes da Guarda Nacional, relata uma ocasião em que, ao se ver sem o uniforme de trabalho, começa a sentir-se despersonalizado. 

“Começamos a investigar o tema a partir da questão da identidade desse homem que não se reconhece mais fora da imagem social que lhe foi atribuída”, explica o diretor Rafael Coutinho. 

Além de “O espelho”, o espetáculo se baseia nos contos “Um homem célebre”, que dá nome à peça, e “A igreja do diabo”. “Esses três contos são as linhas-mestras da montagem”, diz o diretor, que é mestre e doutor em literatura pela UFRJ. Para a construção da dramaturgia, ele contou com a supervisão do dramaturgo Pedro Kosovski.

Romances

Ao longo da encenação, outros textos de Machado também surgem, como “A missa do galo”, “A teoria do medalhão” e “Adão e Eva”, além de referências aos romances clássicos do autor, como “Dom Casmurro”, “Memórias póstumas de Brás Cubas” e “Quincas Borba”.

“Machado foi um grande contista, talvez um dos melhores que o mundo já criou, extrapolando até a literatura brasileira”, comenta Coutinho. “Fizemos uma investigação que buscou entrelaçar teatro e literatura”, diz. A dramaturgia inclui rastros de críticas literárias publicadas na época de Machado. 

A proposta não é encenar fielmente os contos, mas realizar uma espécie de “antropofagia” sobre eles. “É uma grande responsabilidade trabalhar com aquele que é considerado o maior autor da literatura brasileira. Não pode sair qualquer coisa”, afirma Rafael Coutinho.

Debate racial

“Algumas questões daquela época ainda comunicam muito com o presente. Mas, sentimos que o debate racial também deveria atravessar a peça. Isso vai ganhando forma ao longo da história. Sentimos que era algo que precisava ser mais explicitado”, conta.

Além do diretor, compõem a Trupe Qualquer Beatriz Lira, Christiam Concolato, Giovanna Stehling, Jeann Cavallari e Thiago Andrade. Todos eles são naturais de Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira.

A montagem conta com banda ao vivo, responsável por executar uma trilha sonora original que propõe uma releitura da polca – gênero musical de grande popularidade no século 19. “É um ritmo que hoje quase não conhecemos mais. Tem origem no Leste Europeu e soa como um pai ou uma mãe do chorinho”, observa o diretor. Embora a banda seja um núcleo à parte, os atores também cantam e tocam em cena. 

O grupo buscou traduzir a essência literária de Machado de Assis para os palcos. “Ao estudar a obra de Machado, percebemos que ela é cheia de humor, profundamente popular e aborda questões muito sérias com extrema sutileza”, afirma o diretor.

“Não queríamos fazer um espetáculo sisudo ou austero, com aquela imagem engessada que se costuma ter de um grande autor canônico. É um espetáculo comunicativo, com humor e ironia, assim como a obra de Machado. Fizemos uma leitura contemporânea e abrimos espaço para os debates atuais”, diz.

UM HOMEM CÉLEBRE”
Montagem da Trupe Qualquer. Neste sábado (19/7), às 20h, e domingo, às 19h, no Galpão Cine Horto (R. Pitangui, 3.613 - Horto). Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no Sympla.

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Outros espetáculos no fim de semana

>>> A última ópera”
O espetáculo “A última ópera”, escrito e dirigido por Gustavo Des, será apresentado nesta sexta-feira (18/7), às 20h, e no sábado, às 20h30, no Teatro João Ceschiatti do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro).

A peça é uma tragicomédia que aborda temas como etarismo, abandono de deficientes e transtornos mentais, propondo reflexões sobre a sociedade contemporânea. No palco, sete artistas interpretam os membros de uma família disfuncional, confrontada pelo retorno inesperado da matriarca, antes dada como morta. Os ingressos a R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), à venda no Eventim e na bilheteria.


>>> “Macbeth”
Nesta sexta-feira (18/7), às 20h30, o Teatro da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais (Praça da Liberdade, 21 - Savassi) recebe montagem da tragédia shakespeariana “Macbeth”. A peça retrata a ascensão e a queda de um homem tomado pela sede de poder e pela loucura. Ingressosa R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), à venda no Sympla.


>>> Uma incrível viagem do quintal”
Com personagens do programa “Quintal da Cultura”, em cartaz há 13 anos na TV Cultura, o espetáculo “A incrível viagem do Quintal” tem sessões no Cine Theatro Brasil (Av. Amazonas, 315, Centro), neste sábado (19/7), às 15h, e domingo, às 11h e às 15h. Ingressos a R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia), à venda na bilheteria e no site do teatro.

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