MÚSICA

Paula Morelenbaum e Arthur Nestrovski trazem o show 'Jobim canção' a BH

Neste domingo (20/7), a cantora que trabalhou por 10 anos com Antônio Carlos Jobim e o expert na obra dele se apresentam no Centro Cultural Unimed-BH Minas

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Falar em Tom Jobim (1927-1994) é falar em bossa nova, certo? Sim e não, explica Arthur Nestrovski. “Claro, ele é autor de ‘Garota de Ipanema’, ‘Insensatez’, ‘Corcovado’. Só que 90% da composição de bossa nova foi feita entre 1958 e 1963. E ele tem mais de 50 anos de carreira. Compôs coisas extraordinárias depois, de canções como ‘Gabriela’, ‘Anos dourados’ e ‘Piano na Mangueira’ a peças instrumentais de ‘Urubu’. Nada disso é bossa nova”, afirma.

Violonista, compositor e crítico musical, Nestrovski conhece a fundo o legado jobiniano. “Era um artesão da composição do nível mais elevado que se pode pensar, como Schubert ou Schumann”, diz.

A obra de Tom ganhou nova perspectiva a partir de 2000, quando foi lançado o “Cancioneiro Jobim”, cinco volumes com mais de 200 partituras para piano e voz organizadas por seu filho, Paulo Jobim (1950-2022). A partir de tal material (disponível no site do Instituto Antonio Carlos Jobim), Nestrovski gravou o álbum solo “Jobim violão” (2008).

Lançado no final de 2024, nos 30 anos da morte do compositor, “Jobim canção” (Biscoito Fino) coloca o violonista novamente frente ao repertório. Desta vez, na companhia da cantora Paula Morelenbaum, que por 10 anos, até a morte de Tom, o acompanhou como uma das vozes da Banda Nova.

Depois do show de sexta-feira (18/7) na Casa da Ópera, no Festival de Inverno de Ouro Preto, eles se apresentam neste domingo (20/7), no Centro Cultural Unimed-BH Minas.

Cinco décadas

No palco, “Jobim canção” terá a presença de João Camarero no violão de 7 cordas. Às 10 músicas do disco somam-se outras seis no show, que abrange as cinco décadas da produção de Tom.

Da primeira fase há canções com seu primeiro parceiro, Newton Mendonça (“Desafinado” e “Caminhos cruzados”, ambas de 1958); e da parceria mais célebre, com Vinicius de Moraes (“A felicidade”, “Cala, meu amor”, “Eu não existo sem você” e a obrigatória “Chega de saudade”, todas do final da década de 1950).

Do período posterior, estão lá “Wave”, “Sabiá” e “Pois é” (as duas últimas com Chico Buarque). A década de 1970 está representada por “Nuvens douradas”, com violão solo, e pelo standard “Águas de março”.

O período oitentista traz “Passarim”, que abre o show. Da última fase está o samba “Piano na Mangueira”, outra com letra de Chico, derradeira composição da dupla.

Paula chegou à Banda Nova no final de 1984, período em que seu grupo anterior, o vocal Céu da Boca, estava terminando.

“Ele foi assistir a um show nosso no Teatro Ipanema e chamou a mim e a Maucha Adnet. No começo de 1985, quando criou a turnê, convidou o Jaques (Morelenbaum, marido de Paula), que entrou para a Banda Nova. Não podia ser nada melhor no mundo do que 10 anos com Tom Jobim. Era todo mundo superjovem, tínhamos contato diário, toda hora na casa dele para ensaiar. Foram shows em lugares incríveis, Lincoln Center várias vezes, Carnegie Hall, Japão”, conta ela.

Coral de sapos

Após a morte de Tom, Paula seguiu interpretando sua obra, primeiramente no Quarteto Jobim Morelenbaum (com Jaques, Paulo e Daniel Jobim). Ela gravou com Ryuichi Sakamoto (1952-2023) e Morelenbaum o álbum “Casa” (2001). O nome é literal, pois as gravações ocorreram na casa de Tom Jobim.

“Quando o vi tocando piano, achei tão incrível o jeito que o convidei para um disco. A Ana (Jobim) nos emprestou a casa, que ficou para a gente. Só parávamos às sete da noite, pois lá tem um laguinho que tinha um coral de sapos”, relembra.

A gênese de “Jobim canção” veio do convite que Nestrovski recebeu da revista Piauí para a criação de “A longa arte de Antonio Carlos Jobim”, série de videoaulas lançadas no YouTube no ano passado. O violonista prontamente chamou Paula.

“O jeito do Arthur de tocar o violão é como se fosse o piano do Tom”, comenta ela, que sugeriu ao músico um álbum.

Para o repertório, Paula definiu como linha de corte músicas que nunca havia gravado sozinha. Para o registro em disco, além de Camarero, foi convidado o baterista Marcelo Costa. Na ausência dele no show, a própria Paula toca percussão.

Todas as partituras de Tom, ponto de partida de “Jobim canção”, são para piano.

“Eu me acostumei ao longo da vida, por interesse e necessidade, a ler partitura de piano ao violão. Leio com fluência. Tudo o que toquei, todas as harmonias são exatamente o que Jobim escreveu. Música popular tem uma dose de liberdade para pequenas coisas pontuais, mas estamos ali seguindo as harmonias, vozes secundárias e introduções”, conta Nestrovski.

Tom Jobim empunhava o violão de quando em vez. Nestrovski lembra que no álbum “Francis Albert Sinatra e Antonio Carlos Jobim” (1967) ele se dedicou ao instrumento.

“No filme ‘Só tinha que ser com você’ (2022), Tom também aparece acompanhando a Elis. Não é um solista de violão, mas tocava de forma interessante”, conclui. 

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“JOBIM CANÇÃO”

Show de Paula Morelenbaum e Arthur Nestrovski. Hoje (20/7), às 19h, no Centro Cultural Unimed BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). Sócios do Minas e clientes Unimed têm desconto. À venda na bilheteria e na plataforma Sympla.

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