A 55ª edição do Festival Nacional da Canção começa neste fim de semana, na Praça da Rodoviária, em Tiradentes. Mas há menos de um mês o idealizador e organizador do festival, Gleizer Naves, chegou a reunir a equipe para comunicar que, pela primeira vez em mais de cinco décadas, o evento corria sério risco de não acontecer.

O motivo foi a não liberação de uma verba de aproximadamente R$ 1,5 milhão, aprovada pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura, mas que acabou não sendo repassada. Segundo Gleizer, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo justificou que os recursos já haviam se esgotado. “Fiquei sem dormir”, conta.

“Depois de tudo pronto, com cerca de 50 contratos fechados, recebemos a notícia de que o dinheiro não viria. A Secretaria nos informou que haviam aprovado mais projetos do que havia verba disponível. Vários ficaram de fora, inclusive o nosso festival”, diz. “Quem conseguiu patrocinadores rapidamente saiu na frente e garantiu os recursos”, afirma.

Diante do impasse, houve mobilização dos prefeitos das cidades que recebem as etapas do festival para que o evento não fosse cancelado. “As prefeituras ajudaram a cobrir custos. Cortamos tudo que era possível cortar”, comenta. Mesmo assim, foi preciso buscar financiamento bancário. “Fiz uma linha de crédito e vou pagar o prejuízo, que ainda nem sei calcular”, afirma Naves.

Apesar do contratempo, Gleizer celebra a marca de 55 edições ininterruptas. “O objetivo do festival é ser um palco. É um orgulho chegar até aqui. Saber que o evento se consolidou e tem contribuído tanto para a música autoral brasileira. Todos esses anos, milhares de artistas passaram por aqui. Para muitos, esse é o único palco disponível, além dos bares.”

Inscrições

No ano passado, o festival recebeu pouco menos de mil inscrições. Neste ano, o número saltou para mais de 1,5 mil – o maior da história do evento – , vindas de 25 estados brasileiros. “O Brasil nos abraçou”, comemora Gleizer Naves. Músicos da França, Estados Unidos, Equador e Portugal também se inscreveram.

O aumento expressivo no número de inscritos, segundo ele, se deve a dois fatores principais: a maior adesão de músicos do Norte e Nordeste, impulsionada pela vitória da cantora amapaense Ariel Moura na edição de 2023, e a divulgação feita por Henrique Portugal, curador da atual edição, que no ano passado participou como atração de abertura do festival.

Ele tem um relacionamento muito amplo em todo o Brasil”, diz Naves. O ex-Skank, segundo conta o organizador do festival, ajudou nas chamadas para as inscrições, pedindo às pessoas do seu círculo que também divulgassem o festival. “O papel do curador é opinar sobre tudo o que está indo bem, ajudando a fortalecer os pontos fortes e apontando eventuais aspectos que precisamos ajustar ou mudar de rumo”, diz Naves sobre a participação de Portugal.

Neste ano, a atração de abertura do festival é Paulo Ricardo. O cantor está em turnê com o show “XL”, que celebra seus 40 anos de carreira. No repertório, sucessos do RPM e da trajetória solo, como “Louras geladas”, “Rádio Pirata” e “Vida real” (tema de abertura do “Big brother Brasil”).

Entre os mais de 1,5 mil inscritos nesta edição, 120 músicas foram selecionadas para as etapas classificatórias, menos de 10% do total. “A seleção é uma das partes mais difíceis, porque muita música boa acaba ficando de fora”, comenta Naves. O júri é composto por artistas, acadêmicos e jornalistas.

As primeiras apresentações da fase classificatória ocorrem hoje (25/7) e amanhã, a partir das 20h. Serão 10 músicas por noite, nove presenciais e uma on-line. Ao final de cada apresentação, o júri seleciona quatro candidatas do modo presencial e uma on-line para avançarem às semifinais. Cada semifinalista já garante um prêmio de R$ 2,6 mil e segue na disputa pelo troféu Lamartine Babo. Ao todo, o festival distribuirá neste ano aproximadamente R$ 250 mil em premiações.

Nas próximas etapas, o festival também recebe grandes nomes da música brasileira em shows gratuitos, entre eles Nando Reis, Zeca Baleiro e Vanessa da Mata. Depois de Tiradentes, o Fenac segue por outras cinco cidades mineiras, até a final, disputada em Boa Esperança. 

FESTIVAL NACIONAL DA CANÇÃO
Abertura nesta sexta-feira (25/7), com show do cantor Paulo Ricardo, às 20h, na Praça da Rodoviária, em Tiradentes. Entrada gratuita.


PRÓXIMAS ETAPAS

Confira as datas e cidades do festival

1º e 2 de agosto – São Thomé das Letras


8 e 9 de agosto – Perdões


15 e 16 de agosto – Três Pontas


22 e 23 de agosto – Coqueiral


29 e 30 de agosto – Nepomuceno


4, 5 e 6 de setembro – Boa Esperança (semifinais e final)

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