O violoncelista argentino Luis Bravo criou o espetáculo “Forever tango” quando estava radicado nos Estados Unidos e sentiu o desejo de produzir algo mais pessoal e que, segundo ele diz, levasse seu “nome e sobrenome”. Mais de 30 anos após a estreia e com uma indicação ao Tony Award de Melhor Coreografia em 1998, a montagem chega a BH nesta quarta-feira (30/7), com sessão única no Cine Theatro Brasil.


Com 12 bailarinos, que dançam em pares, um vocalista e seis músicos, o espetáculo retrata o nascimento e a consolidação do tango na Argentina. Introduzido no país vizinho no século 19, sobretudo por imigrantes europeus que frequentavam casas de prostituição, bares e matadouros, o tango foi inicialmente estigmatizado como vulgar.


Com o passar do tempo e depois de adotar características locais, como o uso do bandoneón, o gênero se tornou um emblema da cultura argentina.


Clássicos


No repertório de “Forever tango” estão clássicos como “La cumparsita”, “Por una cabeza”, “A media luz” e “El choclo”, e também músicas compostas para o espetáculo. Segundo o diretor, as composições ajudam a atrair o público, mas ele se permite certas liberdades para contar a história.


“As músicas do tango são um empacotamento, como um veículo, do que as pessoas vão ver. A produção é diferente do que as pessoas conhecem no Brasil e encontram nas casas de tango da Argentina. O objetivo principal é tocar as pessoas com a história da peça”, diz Luis Bravo.


Nascido em Santiago del Estero e criado em Buenos Aires desde os 8 anos, o diretor teve o primeiro contato com a música na capital argentina. Ainda que tenha seguido carreira como músico na América do Norte, não conseguia ignorar a cultura de origem. “Sendo argentino, você é forçado a estar em contato com a cultura. É uma idiossincrasia, é um modo de vida, algo com o qual você cresceu”, afirma.
O espetáculo estreou em novembro de 1990, no National Symphony Hall, em San Diego. A produção chegou a reservar teatros de cidades em toda a Costa Oeste dos Estados Unidos e no Canadá, mas a turnê foi interrompida pela Guerra do Golfo e adiada por quatro anos.


Em junho de 1994, o espetáculo foi programado no Wilshire Theater Beverly Hills, em Los Angeles, onde fez uma temporada duas vezes maior que o inicialmente previsto. Em São Francisco, onde o plano era se apresentar por três semanas, ficaram por dois anos.


“Forever tango” estreou na Broadway em 1997, no Walter Kerr Theater, e cumpriu cinco temporadas no circuito de teatro dos Estados Unidos. A última foi em 2013. O plano é voltar no próximo verão estadunidense. Luis Bravo conta que foi difícil assumir outras funções na montagem.


“Queria apenas uma oportunidade para tocar com meus amigos. De repente, me vi sendo um empresário e um diretor. Fui treinado como músico, mas tive que aprender a usar chapéus diferentes e assumir novos papéis, em todos os sentidos”, diz.


Esta é a primeira passagem do espetáculo pelo Brasil, para onde o diretor pretende voltar “de agora em diante, pelo resto da vida”.

“FOREVER TANGO”
De: Luis Bravo. Nesta quarta (30/7), às 21h, no Grande Teatro Unimed-BH do Cine Theatro Brasil (Av. Amazonas, 315, Centro). Ingressos: Plateia 1: R$ 400 (inteira) e R$ 200 (meia); Plateia 2: R$ 300 (inteira) e R$ 150 (meia). À venda na plataforma Eventim e na bilheteria do teatro.

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes

compartilhe