DANÇA

Festival de estreias em 'Piracema', o novo espetáculo do Grupo Corpo

Clarice Assad é a primeira mulher a compor trilha sonora para a companhia mineira. Marcelo Alvarenga e Suzana Bastos substituem a figurinista Freusa Zechmeister

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A música é uma grande surpresa de “Piracema”, o novo espetáculo do Grupo Corpo, que estreia em São Paulo, na próxima quarta-feira (13/8), e faz temporada em BH de 27 a 31 de agosto, no Palácio das Artes. O nome da compositora Clarice Assad foi sugestão da artista plástica Laura Vinci, mulher de José Miguel Wisnik, autor de algumas trilhas sonoras para a companhia mineira – apontado por Paulo Pederneiras como seu consultor para assuntos musicais.

“Confesso que não conhecia o trabalho dela, mas, a partir da sugestão, comecei a escutar as coisas e fiquei muito encantado”, comenta Paulo Pederneiras, diretor artístico do Corpo.

“É claro que é importante ter a mulher compositora. Nem me dei conta de que, nesses 50 anos, a gente realmente não tinha ainda mulher fazendo trilha para o Corpo. Mas ela não foi convidada por ser mulher. Foi convidada realmente pela qualidade de seu trabalho, que, infelizmente, não é tão conhecido no Brasil”, afirma Paulo.

Estreia de 'Piracema' dá 'frio na barriga', afirma a compositora Clarice Assad, que criou sua primeira trilha sonora para dança
Estreia de 'Piracema' dá 'frio na barriga', afirma a compositora Clarice Assad, que criou sua primeira trilha sonora para dança Instagram/reprodução

Além de compositora, Clarice, de 47 anos, é arranjadora, pianista e cantora. Filha do violonista e compositor Sérgio Assad, que, com o irmão Odair, forma o respeitado Duo Assad, é também sobrinha da cantora e compositora Badi Assad.

Há 30 anos Clarice se divide entre França e Estados Unidos, onde mora desde 1998. Ela veio acompanhar a estreia de “Piracema” no Brasil.

“Estou ansiosa, curiosa, com frio na barriga e sem a menor ideia de como será”, diz. “Nunca deixaria de estar presente em algo assim. Minha primeira experiência fazendo trilha. Melhor entrada neste mundo, impossível. Muita honra para mim.”

O processo entre a escolha de Clarice e a entrega da trilha foi longo, de quase um ano. “Como é a primeira vez que ela faz trilha para dança, tivemos de conversar bastante, sabe? Ela mandava sugestões, a gente conversava”, recorda Paulo Pederneiras.

Da música de concerto à eletrônica

Quando a composição de Clarice Assad chegou, foi uma surpresa para os coreógrafos Rodrigo Pederneiras e Cassi Abranches.

“Recebemos a trilha montada. Levamos um pouco de susto por ter divisões tão claras. Você sai da sala de concerto para o meio da rua, para um eletrônico daqueles. É um choque mesmo. A gente se olhava: 'E agora'?”, revela Rodrigo.

Rodrigo Pederneiras e Cassi Abranches revelam ter levado "um pouco de susto" com as inovações da trilha sonora criada por Clarice Assad
Rodrigo Pederneiras e Cassi Abranches revelam ter levado "um pouco de susto" com as inovações da trilha sonora criada por Clarice Assad Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

“Brinco que a gente embarca na Amazônia e, de repente, você cai numa sala de concerto, depois você cai lá no Soho. Até brinco mais: digo que são três balés, com dois coreógrafos. E vira uma peça diferente”, completa Cassi Abranches.

Sintonia com Freusa

Outra novidade está no figurino. Com a morte de Freusa Zechmeister em dezembro de 2024, os irmãos Marcelo Alvarenga e Susana Bastos foram convidados por Paulo para assumir o posto. Marcelo é arquiteto e trabalhou no escritório de arquitetura de Freusa. Suzana é artista plástica e assinou coleções da Coven, marca mineira de moda feminina.

“Para mim, era importante saber que a Freusa gostava deles. Ela sempre teve muita admiração, muito carinho por ele, sabe? E Freusa não era uma pessoa que passava a mão na cabeça de ninguém. Não era de ter admiração por muita gente”, afirma Paulo Pederneiras.

O diretor artístico do Corpo conhece o trabalho de Marcelo e Susana de forma superficial. “Me agrada bastante a cabeça deles, o jeito de pensar. O trabalho dos dois na Alva (escritório de design) é muito interessante. Mas foi um risco para todo mundo. É bom quando você tem sintonia (com as pessoas com quem vai trabalhar). Isso facilitou. Posso dizer agora, realmente, que estou muito feliz com o resultado que está aparecendo”.

“A Frô (apelido carinhoso de Freusa) é parte fundamental disto aqui desde 1980. Uma grande amiga, grande artista, grande criadora. Isso aqui deve muito a Freusa Zechmeister”, elogia o coreógrafo Rodrigo Pederneiras, que não participou do processo do figurino. Porém, quando começaram as provas, não se furtou a dar algum palpite, “mas de leve”, segundo ele.

Susana Bastos e Marcelo Alvarenga, figurinistas do Grupo Corpo, estão lado a lado e olham para a câmera
Susana Bastos e Marcelo Alvarenga assinam os figurinos de 'Piracema', reverenciando o legado de Freusa Zechmeister, que morreu no ano passdo Fran Parente/SP Arte/Facebook

Cassi já viu algumas coisas. “O caminho fica muito claro. Posso até estar enganada, depois vão me matar. Acho que tem reverência, mas não referência (direta) ao trabalho de Freusa. Existe uma assinatura própria. Você entende que são eles ali, mas que de alguma forma essa história, esse legado, está contado ali também”, comenta.

Outra encomenda de Dudamel

A agenda da companhia continua intensa – e não se limita a "Piracema". No primeiro semestre, foram duas turnês internacionais, uma nos Estados Unidos, outra na Europa.

O grupo também começou a criar coreografia encomendada por Gustavo Dudamel, maestro da Filarmônica de Los Angeles.

A obra será apresentada em fevereiro de 2026, marcando o segundo trabalho do Corpo com a orquestra e o regente venezuelano.

“Eles gostaram muito de ‘Estância’ (coreografia do Corpo para o balé do argentino Alberto Ginastera, que estreou em julho de 2023, em Los Angeles). Foi um sucesso. Tanto que o espetáculo faz parte da despedida do maestro Dudamel, que deixa a orquestra de Los Angeles para assumir a Filarmônica de Nova York”, diz Paulo Pederneiras.

Quinze minutos desta nova coreografia já estão prontos.

“PIRACEMA”

Nova coreografia do Grupo Corpo, que será apresentada em programa com “Parabelo”. De 27 a 30 de agosto, quarta a sábado, às 20h; e 31 de agosto, domingo, às 18h. Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos de R$ 280 a R$ 39,80, à venda na plataforma Eventim e na bilheteria.

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