Mostra 'O ar vibra nas vozes' propõe o rompimento da solidão na escrita
Apresentações no CCBB-BH encerram a residência artística realizada por poetas em BH durante dois meses
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Siga noAté segunda-feira (18/8), a poesia ganha som e corpo na mostra “O ar vibra nas vozes”, no Teatro II do CCBB BH, com apresentações às 19h. Idealizado pela tradutora Ana França e a artista multidisciplinar Sara Pinheiro, o projeto é resultado da residência artística que reuniu, ao longo de dois meses, oito poetas da capital em atividades envolvendo a escrita e experimentações performáticas.
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Ana França trabalha com os idiomas francês, espanhol e inglês. Integrante do Coletivo Sycorax de tradução, participa de mesas de debate e oficinas sobre tradução e feminismo.
"Sou leitora há muito tempo. Quando comecei a pegar mais livros de poesia, acho que comecei pela Adélia Prado, a porta de entrada para muita gente”, conta Ana. “A partir daí, fui lendo mais. No fim das contas, eu me tornei tradutora. Trabalho muito a partir da linguagem, sempre acompanhando a passagem das palavras de uma língua para outra”, diz.
Sara Pinheiro ganhou o Prêmio Jovem Escritor Mineiro com o romance “Membro fantasma”. Transitando entre literatura, teatro e cinema, ela publicou a peça infantil “Mero” na coletânea “Por que – Teatro para juventudes” (Editora Javali) e o livro infantil “O esférico mundo da tia Loló” (Chão da Feira). Atualmente, desenvolve o longa-metragem “Enseada”.
“Somos amigas e parceiras de trabalho há um tempo. Durante a pandemia, começamos a trocar poemas, uma sempre dando opinião no texto da outra, impressões como leitoras”, diz Ana.
De acordo com ela, a escrita é uma prática solitária e íntima, processo com pouca coletivização.
Nas palavras da poeta e cronista Hilda Hilst, no poema “XX” de 1955: “Nós, poetas e amantes, o que sabemos do amor? Temos o espanto na retina diante da morte e da beleza. Somos humanos e frágeis, mas antes de tudo, sós.”
“Gostamos da troca uma com a outra, então pensamos no projeto com o intuito de expandir essa prática, de romper a solidão e a privacidade excessiva da escrita literária”, afirma Ana França.
Sem chamada
Na primeira edição da residência, o projeto reúne oito participantes: Carmen Marçal, Caíque Pinheiro, Bramma Bremmer, Rafael Fares, Luciana Cristina Campos e Dudu Luiz Souza, além de Ana França e Sara Pinheiro. A direção literária ficou a cargo de Maria Carolina Fenati e Marcelo Castro assina a direção cênica.
“Inscrevemos o projeto com poetas e artistas já selecionados. Não abrimos chamada porque pensamos que fortaleceria a proposta já ter o grupo pré-formado. Foi um pouco no boca a boca, são pessoas não muito reconhecidas. Algumas sim, outras menos, justamente porque permaneciam na esfera um pouco mais privada”, explica a tradutora.
Foram dois meses de encontros e discussões sobre os textos e ideias de apresentação. Ana conta que parte do material foi criada na residência, a outra parte antes, mas ambas desenvolvidas em diálogos e reuniões. “No final, foi algo tão rico que tínhamos muito material.”
Convidados
As apresentações buscam contemplar a maior parte dessa produção. O evento conta com convidados como o multiartista Renato Negrão, a poeta, slammer e ativista Nívea Sabino e a poeta Mônica de Aquino.
De acordo com Ana, as apresentações são diversificadas. Há leituras dramáticas, conversas e ações a partir de registros ficcionais, performances, vídeos e músicas.
O formato foge do sarau convencional e do espetáculo. Os participantes atuam na escrita e também em outras áreas artísticas que dialogam com os textos.
“O AR VIBRA NAS VOZES”
Ações poéticas e cênicas. Até segunda-feira (18/8), sempre às 19h, no Teatro II do CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450, Funcionários). Entrada franca, com retirada de ingressos pelo site ccbb.com.br/bh ou a partir das 18h na bilheteria.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria