Quando soube que a próxima leitura do seu clube do livro seria o romance “Água fresca para as flores”, da autora francesa Valérie Perrin, a atriz Marcella Muniz não se sentiu imediatamente atraída pela sinopse. Achou mórbida demais – a protagonista, Violette, é zeladora de um cemitério.

Bastou a leitura das primeiras páginas para que ela se encantasse pela narrativa e decidisse levá-la ao palco. A peça estreou em maio, em São Paulo, e agora chega a Belo Horizonte, com apresentações neste sábado (2/8) e domingo (3/8), no Teatro Feluma.

É o primeiro monólogo da carreira de Marcella Muniz. A adaptação e a direção são assinadas por seu companheiro, Bruno Costa, que é mineiro de Pedro Leopoldo.

“Até então, eu nunca tinha tido vontade de fazer um monólogo, mas ele chegou agora, nos meus 45 anos de carreira. Acho que foi o monólogo que me procurou”, brinca a atriz capixaba.

Violette é órfã, teve uma infância conturbada e se casou com um homem que desapareceu sem deixar rastros. Com quase 50 anos, vive há duas décadas cuidando de um cemitério, onde zela pela manutenção do espaço e pelas memórias dos que ali repousam. Apesar do contexto curioso, Marcella garante: “Não tem nada de mórbido.”

O livro é um fenômeno editorial. Já vendeu mais de 1,5 milhão de exemplares apenas na França e na Itália. No Brasil, a autora tem outros dois títulos publicados, “Três” e “Querida tia”, todos pela Intrínseca. Juntos somam mais de 140 mil exemplares vendidos no país.

Romance condensado

Com quase 500 páginas, o romance precisou ser condensado para caber nos 70 minutos de cena. O recorte escolhido foi focar inteiramente na trajetória da protagonista, deixando de lado personagens secundários.

“Eu queria contar a história central dessa mulher, porque me encantou demais a visão de mundo dela. O que mais me tocou foi a leveza com que ela segue a vida, mesmo diante de tantas adversidades”, comenta.

A personagem atravessa perdas, dores e uma relação tóxica, temas que, para a atriz, são profundamente relevantes. A montagem ainda aborda questões como empoderamento feminino, sororidade e defesa da causa animal. “Uma só personagem consegue verbalizar tudo isso”, observa Muniz.

Com carreira sólida no teatro e na TV, ela reconhece que a construção de Violette não foi simples. “No começo, achava a personagem muito distante de mim. Mas, durante os ensaios, entendi que o motivo de querer interpretá-la era justamente esse: a cada dia ela me ensina algo novo.”

Alceu, o 'cantor-propaganda' 

A peça já foi assistida por nomes ilustres, como Alceu Valença, que inclusive interrompeu um show com a Orquestra Ouro Preto, na Praça da Liberdade, no último dia 27, para recomendar o espetáculo ao público.

“Percebo que muita gente vai ao teatro porque leu o livro, mas também tem quem conheça a peça primeiro e só depois corre atrás do romance”, comenta a atriz.

Durante a passagem por Belo Horizonte, Marcella Muniz participa de dois encontros com o público para discutir o livro.

O primeiro acontece nesta sexta-feira (1º/8), às 18h, na Livraria Leitura do Pátio Savassi (Avenida do Contorno, 6.061, Savassi).

O outro será no sábado (2/8), às 14h, na Livraria do Belas (Rua Gonçalves Dias, 1.581, Lourdes).

“ÁGUA FRESCA PARA AS FLORES”

Adaptação do romance de Valérie Perrin. Sábado (2/8), às 20h, e domingo (3/8), às 17h, no Teatro Feluma (Alameda Ezequiel Dias, 275, 7º andar, Centro). Ingressos à venda no Sympla por R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia).

OUTRAS ATRAÇÕES

• "O DRAGÃO QUE CUSPIA FLORES"

Nesta sexta (1º/8), às 19h, o Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174 - Centro) recebe o Mei a Mei Grupo de Teatro para a apresentação do espetáculo infantojuvenil “O dragão que cuspia flores”. A montagem propõe uma reflexão sobre temas fundamentais na formação do público jovem, que também ressoam entre os adultos. Os ingressos estão à venda por R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), na plataforma Sympla.

"AZUL"

Com texto autoral, a Artesanal Cia. de Teatro apresenta em Belo Horizonte a peça “Azul”, que narra a relação da protagonista Violeta com seu recém-chegado irmão, um garoto com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A apresentação será no domingo (3/8), às 16h, no Teatro Francisco Nunes (Av. Afonso Pena, 1.321 – Centro). Ingressos à venda no Sympla a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

• "FILHO DA… MÃE"

O espetáculo “Filho da… mãe” cumpre temporada de sexta a domingo (1º a 3/8) no Teatro Raul Belém Machado (Rua Leonil Prata, 53 – Alípio de Melo). A comédia aborda os desafios enfrentados pelas mulheres ao conciliar os papéis de mãe, profissional, dona de casa e companheira. Ingressos disponíveis no Sympla por R$ 52 (inteira) e R$ 36 (meia).

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