Lançado em 1981, o romance “A guerra dos Roses” se tornou a obra mais conhecida do escritor norte-americano Warren Adler por causa da adaptação para o cinema que Danny DeVito fez, oito anos depois. Nas telas, o filme fez muito sucesso com Kathleen Turner (a mais sexy das loiras da época, aqui menos fatal do que em “Corpos ardentes”, outro clássico oitentista) e Michael Douglas.

Com lançamento nesta quinta-feira (28/8) nos cinemas, “Os Roses: Até que a morte os separe” conta exatamente a mesma história. Um casal que se conhece jovem e se apaixona perdidamente. Eles têm dois filhos, um menino e uma menina. Muitos anos de casamento acabam desgastando a relação e eles passam a se odiar. A disputa pela espetacular casa dos Roses se torna um imbróglio de vida e morte.

Interessante é ver como uma mesma história pode ser contada de formas absolutamente distintas. Mais importante: o novo filme tem um ganho em relação ao primeiro, pois incorpora as mudanças pelas quais o mundo passou nas últimas quatro décadas.

Mais do que uma nova versão, o longa dirigido por Jay Roach (“Austin Powers”, “Entrando numa fria” e “O escândalo”) é uma reinvenção do romance. Até o nome do casal principal é outro. Barbara e Jonathan Rose agora são Ivy e Theo Rose, interpretados por Olivia Colman e Benedict Cumberbatch. O que sustenta tudo é justamente a química entre os dois atores, de longe os grandes intérpretes britânicos de sua geração.

Eminentemente americana, a história original agora é britânico-americana, e as diferenças entre os dois países são tratadas de forma inteligente pelo roteiro de Tony McNamara (duas indicações ao Oscar, por “A favorita” e “Pobres criaturas”).


Sessão de terapia

O prólogo já é uma boa demonstração disso. Em uma sessão de terapia, Theo e Ivy têm que fazer uma lista de 10 coisas que gostam um no outro. A aversão que demonstram na listagem deixa a terapeuta americana realmente aflita. O veredito dela é que o relacionamento não pode ser salvo. Os dois se entreolham e riem. Os americanos não têm senso de humor, e foi esse olhar ferino que os sustentou no casamento.

A partir desse ponto de partida, a história retrocede e nos mostra como eles se conheceram. Muitos anos antes, em Londres, Theo era um arquiteto em ascensão que, durante um almoço de celebração, decide se esconder na cozinha do restaurante. Ali conhece a chef Ivy. A atração é imediata e os dois vão para a câmara fria para um sexo daqueles.

Ivy está de partida para os EUA para dar continuidade a sua carreira. Theo resolve ir com ela. Dez anos depois, os encontramos felizes em Mendocino, na Califórnia, com seu casal de gêmeos, Hattie e Roy. Têm uma vida idílica. Theo realmente deslanchou como arquiteto, e seu novo projeto, prestes a ser concluído, é um museu marítimo. Ivy se dedicou à educação dos filhos, e se contenta em fazer sobremesas originais que são degustadas apenas pelo marido e os filhos.

Ciente do talento mal explorado da mulher, Theo adquire um restaurante modesto na região. Ainda que faça pratos incríveis, Ivy tem meia dúzia de clientes diariamente. Mas ela vai levando, a vida é mais do que um restaurante cheio.

Reviravolta na sorte

Só que uma tempestade monumental muda tudo. Theo cai em desgraça, e Ivy ascende de uma maneira que ela não poderia imaginar. E os Roses nunca mais serão os mesmos.

Ainda que a história seja centrada no casal, o filme é repleto de personagens coadjuvantes. Os amigos mais próximos dos Roses são Barry (Andy Samberg) e Amy (Kate McKinnon), que explicitam o abismo entre americanos e britânicos em um encontro de casais em um clube de tiro. O grande destaque nas participações é Allison Janney, numa única sequência, como a raivosa advogada de Ivy.

Mesmo com as mudanças em relação ao primeiro filme, “Os Roses” mantém uma questão importante: Ivy é a mais feroz do casal e faz questão de esquecer as razões pelas quais se apaixonou. Para o público, a graça mesmo é ver os dois protagonistas se sabotando. A despeito de tudo o que fazem, os Roses nunca perdem de vista como são compatíveis como casal – na alegria e na tristeza.

Livro ganha edição no Brasil

A chegada de “Os Roses” aos cinemas catapultou o relançamento do romance. A Intrínseca lança em 1º de outubro “A guerra dos Roses” (288 páginas, R$ 59,90, em pré-venda), de Warren Adler. Escritor, dramaturgo e poeta, Adler escreveu cerca de 50 romances, inúmeros contos, além de textos para o teatro e a televisão. O autor nova-iorquino morreu em 2019, aos 91 anos. Já o filme de Danny DeVito está disponível no Disney+.

“OS ROSES: ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE”
(Reino Unido/EUA, 2025, 105min.) Direção de Jay Roach, com Olivia Colman e Benedict Cumberbatch) – O filme estreia nos cines BH 9, às 15h20, 17h50 (leg); Big 2, às 16h20, 20h20 (dub); Boulevard 4, às 13h40 (dub); Boulevard 5, às 16h40 (dub), 21h (leg); Cidade 6, às 18h25 (dub), 20h30 (leg); Contagem 6, às 14h25, 16h30, 18h35 (dub); Del Rey 2, às 14h10 (dub), 16h10 (leg), 18h30 (dub); Diamond 1, às 16h20, 21h40 (leg); Diamond 3, às 15h20, 18h (leg); Estação, às 14h15, 16h30, 18h45, 21h; Itaupower 3, às 16h20, 18h25 (dub); Minas Shopping 4, às 19h05, 21h05 (dub); Monte Carmo 2, às 19h10, 21h10 (dub); Norte 5, às 16h20, 20h20 (dub); Pátio 4, às 13h, 15h25, 17h50, 20h30 (leg); Ponteio Premier, às 14h35, 19h (leg); UNA Cine Belas Artes 2, às 14h40, 18h40 (leg).

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