O Festival de Cinema de Diamantina realiza sua segunda edição a partir desta terça-feira (16/9) até o próximo sábado, com mostras competitivas de curtas e longas-metragens e sessões temáticas no Cine Theatro Santa Izabel. O evento surgiu em 2023, com a intenção de ser anual, mas, no ano passado, sua realização não se viabilizou.


Agora, no entanto, o festival retorna revigorado, segundo o cineasta e organizador Felipe Canedo. “Ampliamos a estrutura. Teremos um maior número de sessões, com um dia a mais em relação à primeira edição; uma exibição externa, na Praça do Mercado; e o Cine-Sacada, que é a grande novidade deste ano, no Largo da Quitanda”, diz ele, referindo-se à exibição de dois clássicos de Buster Keaton, “One week” (1920) e “The railrodder” (1965), que terão a trilha original executada ao vivo, a cargo do maestro Reginaldo Warlem da Cruz.


Ele diz que a inspiração é a forte tradição musical da cidade do Vale do Jequitinhonha, com suas famosas “vesperatas”. Para as mostras competitivas, a organização recebeu 1.803 inscrições, de 14 estados, sendo 1.400 curtas, dos quais foram selecionados 10; 200 longas, dos quais a curadoria escolheu cinco para a disputa, e o restante de médias-metragens, que ficaram de fora. Aos 10 curtas que concorrem a um prêmio de R$ 5 mil somam-se outros 36, que compõem sessões temáticas.


Longas em disputa

Os longas que disputam um prêmio de R$ 8 mil são “A câmara” (DF), de Cristiane Brum Bernardes e Tiago Aragão, “Aquele que viu o abismo” (SP), de Gregorio Gananian e Negro Leo, “As muitas mortes de Antônio Parreiras” (RJ/CE), de Lucas Parente, “Centro ilusão” (CE), de Pedro Diogenes, e “Maçãs no escuro” (SP), de Tiago Neves. Todos serão exibidos em sessões comentadas, com as presenças de diretores e atores do elenco.


Outros dois filmes convidados completam a programação de longas: “Cidade, campo” (SP), de Juliana Rojas, que foi premiado em Berlim e marca a abertura deste 2º Festival de Cinema de Diamantina, em sessão comentada, com a presença da protagonista Fernanda Vianna, e “O dia que te conheci” (MG), de André Novais Oliveira, que encerra o evento, no sábado, com sessão ao ar livre, na Praça do Mercado, seguida de comentários do ator Renato Novais.


Afora os curtas em competição, os outros títulos estão reunidos em mostras paralelas, sessão especial, mostra mineira, sessão juvenil, sessão infantil e sessão regional. A única exigência para a inscrição nas mostras competitivas é que fossem filmes produzidos no Brasil ao longo dos dois últimos anos. Canedo destaca que não havia critérios preestabelecidos para as equipes responsáveis pelas curadorias de curtas e longas.


Inventivos e ousados

“Depois que recebemos todas as inscrições é que começamos a pensar no que poderia orientar a seleção. Resolvemos pegar filmes feitos com pequenos orçamentos e que não circularam tanto, abrindo para boas produções que não tiveram tantas oportunidades no circuito de festivais. São trabalhos que consideramos interessantes, inventivos, ousados e que ainda carecem de mais visibilidade”, diz. Ele destaca que a curadoria de curtas foi um desafio maior.


“Foi mais complicado tanto pelo volume de inscrições quanto pelo fato de ser um formato que tem mais espaço para a invenção e a experimentação”, observa. Entre diretores e atores que participam das sessões comentadas estão Bruno Kunk, protagonista de “Centro ilusão”; o dramaturgo Edson Aquino, que atua em “Maçãs no escuro”; o diretor Gregório Gananian e a atriz Clara Choveaux, do filme “Aquele que viu o abismo”; e Lucas Parente, diretor de “As muitas mortes de Antônio Parreiras”.


“A ideia é que o Festival tenha um espírito cineclubista, por isso as sessões comentadas, para que as pessoas tenham a oportunidade de pensar cinema. O objetivo é que seja um espaço de discussão, de reflexão sobre a produção cinematográfica”, diz. Segundo o diretor e organizador do festival, Diamantina é um ambiente propício para a troca. “A ideia é que os convidados venham e permaneçam durante todo o período de realização do festival, que circulem, se conheçam e conversem.”


Filmes convidados

Felipe Canedo diz que a escolha de “Cidade, campo” para a abertura, e de “O dia que te conheci” para o encerramento do 2º Festival de Cinema de Diamantina, atendeu ao desejo da organização de equilibrar a programação, contrapondo o caráter mais ousado e inventivo dos longas em competição com trabalhos que tivessem mais apelo de público.

“Queríamos filmes que comunicassem mais para a abertura e para o encerramento, que fossem mais populares. É curioso que o 'Cidade, campo' tange o assunto da mineração, mas ainda não foi exibido em Minas Gerais. E ter 'O dia que te conheci' na programação é uma forma de valorizar a produção do estado, com uma obra que tem a chancela de uma produtora tão prestigiada, que é a Filmes de Plástico”, afirma.


2º FESTIVAL DE CINEMA DE DIAMANTINA
A partir desta terça-feira (16/9) até o próximo sábado, com exibições de filmes e outras atividades no Cine Theatro Santa Izabel, no Largo da Quitanda e na Praça do Mercado Velho, em Diamantina. Toda a programação é gratuita e pode ser conferida no site do festival.

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