Atriz Isis Valverde mostra seu lado de poetisa em "Vermelho rubro"
Livro traz 52 poemas que relatam o contraste entre a vida pacata do interior mineiro e as angústias das muitas madrugadas em claro
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Siga noO sossego de uma vida no interior mineiro, onde “a Kombi buzina anunciando o leite e o queijo na porta das casas” e “só o sino da igreja nos lembra que as horas passam”. Ou a angústia das muitas madrugadas em claro, remoendo a ingratidão de quem parecia sempre por perto. É esse contraste que permeia os 52 poemas de Isis Valverde, reunidos no livro “Vermelho rubro”, publicado recentemente pela Citadel Grupo Editorial.
Há ainda a ansiedade de uma menina que “traça hoje um caminho sem rota”, em busca de algum tipo de redenção, e reflexões sobre melancolia, autoconhecimento e amadurecimento. Segunda publicação da atriz de Aiuruoca, no Sul de Minas Gerais, “Vermelho rubro” consolida Isis como poetisa. “Eu sou uma contadora de histórias nata. Sinto uma dor enorme dentro de mim quando não consigo contá-las”, afirma, em entrevista ao Estado de Minas por videochamada.
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“Uma coisa que o Pedro Bial fala é que a poesia está em todo lugar, sempre está por aí. Você não precisa estar trancado num quarto, deprimido e chorando para escrever uma poesia. E é isso que eu penso também. Comecei a escrever muito nova e não parei mais. Publiquei porque senti a necessidade de contar essas histórias que estavam escritas”, acrescenta.
Memórias
Mesmo em versos curtos, cada poema de “Vermelho rubro” narra uma história. Segundo a atriz, são recortes de sua humanidade, entrelaçando sentimentos, desejos, frustrações, cicatrizes e memórias, sem transformar o livro em um diário íntimo.
Conforme Nelson Motta escreve no prefácio, trata-se de “um compilado de confissões poéticas de uma jovem estrela pop que todos imaginam levar uma vida perfeita de Instagram”. Os versos, no entanto, desconstroem essa aparência de perfeição, revelando inseguranças, fracassos, saudades e mágoas, ao mesmo tempo em que celebram a felicidade, a liberdade criativa e o empoderamento feminino.
A escrita de Isis bebe de múltiplas referências. “Amo Lya Luft, Cecília Meireles, Florbela Espanca, Mário Quintana, Manoel de Barros, Chacal, Adélia Prado e Cora Coralina”, conta. “Sem falar Drummond, que é o suprassumo da poesia. Mas também gosto de (Gustave) Flaubert e (Gabriel) García Márquez”, revela.
O livro é dedicado à mãe da atriz, Rosalba Nable, que superou um câncer de mama após um tratamento intenso em 2024. Isis mantém com ela o hábito de ler poesia uma para a outra.
Mais do que compartilhar dores e desejos, deixando sua persona no centro das atenções, Isis busca, com seu segundo livro, incentivar a leitura, principalmente entre os jovens, sua maior base de fãs. “A leitura é alimento. Além de intelectual, é alimento para a vida. Faz você relaxar e te leva para outro lugar. A poesia entra na sua vida e, quando você percebe, já está respirando ela”, destaca a atriz. “Espero que as pessoas também experimentem isso. E espero trazer muitos jovens que perderam a prática da leitura – que eu mesma perdi, mas estou retomando agora”, conclui.
“VERMELHO RUBRO”
• De Isis Valverde
• Citadel Grupo Editorial
• 128 páginas
• R$ 59,90, disponível no site da Amazon e nas livrarias do país