Do charme venenoso de Loki ao olhar gélido de Hannibal Lecter, poucos personagens são tão lembrados quanto os grandes vilões da ficção. Eles roubam a cena, desafiam heróis e, muitas vezes, conquistam o público de uma forma que os mocinhos raramente conseguem. Coringa, com seu sorriso maníaco e mente caótica, se tornou símbolo do caos e da insanidade em Gotham City.

Na televisão e na cultura brasileira, os antagonistas também marcaram época. Nazaré Tedesco, de Senhora do Destino, com seus planos mirabolantes e risadas inesquecíveis, virou um ícone que ultrapassou gerações (e virou meme).

Carminha, em Avenida Brasil, conquistou o posto de vilã carismática, unindo crueldade e vulnerabilidade em igual medida. Já Darth Vader, com sua respiração inconfundível e sua luta interna entre o bem e o mal, é o retrato do herói corrompido — e talvez o vilão mais trágico do cinema.

Nas telonas, também há quem prefira o estilo refinado da vilania. Hannibal Lecter, com sua inteligência assustadora e fala serena, transformou o horror em elegância. Killmonger, de Pantera Negra, fez o público questionar quem realmente era o vilão da história, tamanha a força de suas motivações.

E Thanos, o titã da Marvel, provou que até um destruidor de mundos pode carregar uma lógica perversa — e surpreendentemente convincente. Enquanto isso, personagens como Cersei Lannister, de Game of Thrones, mostraram o poder da manipulação e da ambição em níveis épicos.

Entre bruxas, mafiosos, assassinos e deuses trapaceiros, esses vilões têm algo em comum: o público simplesmente não consegue odiá-los por completo. Eles provocam medo, admiração e até empatia — ingredientes que transformam o mal em algo irresistivelmente humano.

Por que amamos os vilões?

Essa atração não é um mero gosto pelo macabro. Ela está enraizada na maneira como a arte nos permite explorar os cantos mais sombrios da natureza humana com segurança. Por meio desses personagens, confrontamos medos, questionamos a moralidade e analisamos os limites entre o certo e o errado, tudo isso do conforto do nosso sofá. O vilão funciona como um espelho distorcido, refletindo não o que somos, mas o que poderíamos ser nas piores circunstâncias.

Um dos principais motores dessa conexão é a complexidade. Longe de serem figuras puramente más, os vilões mais memoráveis são construídos com camadas de humanidade. Eles possuem passados trágicos, motivações compreensíveis ou uma lógica interna que, embora perversa, faz sentido dentro de seu universo. Darth Vader, por exemplo, não é apenas um tirano galáctico; é um herói caído, corrompido pela dor e pelo medo de perder quem amava. Essa dualidade gera empatia.

Quando entendemos a origem do sofrimento de um vilão, passamos a enxergá-lo não como um monstro, mas como um indivíduo quebrado. Essa percepção não justifica suas ações, mas as torna mais críveis e impactantes. A narrativa nos convida a pensar: o que seria necessário para que uma pessoa boa se transformasse em seu oposto? Essa pergunta é fundamental para o apelo duradouro desses antagonistas.

Além disso, muitos vilões representam uma forma de libertação catártica. Eles quebram regras sociais, desafiam autoridades e agem sem as amarras da convenção e da moralidade que governam nossas vidas. Observá-los em ação nos permite experimentar, indiretamente, uma sensação de rebeldia e poder. É a fantasia de ignorar as consequências, algo que a vida real raramente permite.

O interesse por esses personagens também está ligado à previsibilidade do bem. Heróis costumam seguir um código moral rígido, tornando suas ações, em grande parte, esperadas. Vilões, por outro lado, são imprevisíveis. Sua capacidade de fazer qualquer coisa, a qualquer momento, cria uma tensão narrativa que nos mantém engajados. Nunca sabemos qual será o próximo passo, e essa incerteza é um ingrediente poderoso em qualquer boa história.

Lightyear é uma animação americana de ficção científica de ação produzida pela Pixar Animation Studios e Walt Disney Pictures. Ela é um spin-off da série Toy Story, com foco no carismático brinquedo astronauta. Reprodução/ Toy Story
Toy Story 4 foi lançado em 21 de junho de 2019, realizado por Josh Cooley. O enredo foca na missão de Woody e seus amigos, que se reúnem para resgatar o C.R. Um garfo de plástico que foi esquecido do lado de fora durante uma noite chuvosa. Divulgação/Pixar
Em agosto de 2010, superou Shrek 2, tornando-se o filme animado mais lucrativo de todos os tempos, sendo superado somente por Frozen em março de 2014. Divulgação
Toy Story 3 arrecadou mais do que os dois primeiros filmes juntos, tornando-se o primeiro filme animado a ultrapassar 1 bilhão de dólares em bilheteria. Reprodução/Pixar
Toy Story 3, lançado em 2010, se passa dez anos após os eventos do segundo filme. O foco da obra, realizada por Lee Unkrich, foi a perda dos brinquedos quando Andy ingressou na universidade e lançou cerca de 150 novos personagens, segundo com Pixar. Divulgação
No segundo título da franquia, lançado em 24 de novembro de 1999, John Lasseter seguiu como diretor da sequência. O enredo, desta vez, gira em torno do roubo de Woody por um colecionador de brinquedos chamado Al. Buzz. Divulgação / Pixar
O enredo do primeiro filme gira em torno de Andy, que possui uma grande coleção de brinquedos. No seu aniversário, ele ganha um exemplar do astronauta Buzz Lightyear, que causa ciúmes em seu clássico caubói Woody. Divulgação
O terceiro da série é a segunda maior bilheteria de filme animado e a 32° maior bilheteria de todos os tempos. Toy Story 3, portanto, recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Fotografia, juntamente com A Bela e a Fera e Up. Reprodução/Pixar
Todos os três primeiros títulos geraram orçamento de 320 milhões de dólares, arrecadando mais de 1.9 bilhão de dólares em todo o mundo, com recordes de bilheteria. Divulgação
Os personagens principais são um grupo diverso de brinquedos, incluindo o clássico Xerife Woody e o astronauta Buzz Lightyear. O grupo, então, embarca em ousadas aventuras que desafiam sua capacidade e trazem figuras únicas e carismáticas. Reprodução / Toy Story
A franquia cresceu com quatro sequências, filmes derivados, séries animadas, videogames e produtos licenciados. Divulgação
Toy Story busca, então, abordar temas como amizade, crescimento, aceitação de mudanças e a importância de valorizar o presente. Divulgação
Assim, o primeiro filme, lançado em 1995, foi inovador por ser o primeiro longa-metragem de animação totalmente feito em computação gráfica. Divulgação
A franquia, criada pela Pixar Animation Studios e distribuída pela Walt Disney Pictures, é centrada na ideia de que brinquedos ganham vida quando os humanos não estão por perto. Divulgação/Pixar
Pete Docter, diretor criativo da Pixar e animador supervisor do Toy Story original, celebrou os 30 anos da franquia que revolucionou a indústria da animação. Divulgação
Os principais dubladores brasileiros de Toy Story são: Marco Ribeiro, que dubla o Woody; Guilherme Briggs, que dá voz ao Buzz Lightyear; e Telma da Costa, que dubla a Betty. Divulgação Disney/Pixar Instagram @guilhermebriggs
Além da atriz, Tom Hanks, dublador original do Woody, e Tim Allen, voz oficial de Buzz, também voltam. A produção será dirigida por Andrew Stanton, que esteve à frente de Procurando Nemo e Wall-E. Divulgação/Disney Pixar/Instagram @tomhanksworld
Dubladora original da Jessie, Joan Cusack está de volta para esse filme, que deve focar bastante na cowgirl. Além disso, pretende mostrar como os brinquedos vem se sentindo cada vez mais deixados de lado em um mundo digital. Divulgação
De acordo com informações acerca do novo filme, que será lançado dia 19 de junho de 2026, LilyPad terá uma percepção bem diferente do que é melhor para Bonnie, dona dos brinquedos. Reprodução/Pixar
Na arte conceitual, divulgada durante o Annecy International Animated Film Festival 2025, a franquia revelou as primeiras imagens de LilyPad. O personagem está ao lado do astronauta Buzz Lightyear e da cowgirl Jessie. Reprodução/Pixar
Uma referência direta ao uso da tecnologia, na atualidade, que muitas das vezes tem feito as crianças perderem o interesse muito cedo pelos brinquedos. Divulgação
Uma das franquias de maior sucesso da Pixar estará de volta aos cinemas de todo Brasil em 2026. Toy Story chega à sua quinta obra e trará uma novidade tecnológica. Afinal, o vilão deste novo filme será um famoso dispositivo eletrônico, o tablet, chamado de LilyPad. Reprodução/Pixar

Um vilão precisa ter uma história triste para ser interessante?

Não necessariamente, mas uma história trágica ou um passado complexo ajuda a criar profundidade e a humanizar o personagem.

Isso o transforma de uma simples força do mal em um indivíduo com quem o público pode, de alguma forma, se identificar ou compreender.

Vilões que são puramente maus, sem uma razão aparente, podem ser assustadores, mas muitas vezes são menos memoráveis.

A nuance de um passado doloroso torna a maldade do vilão uma consequência, e não apenas uma característica inerente.

O que diferencia um vilão memorável de um comum?

Vilões memoráveis geralmente possuem inteligência, carisma e uma ideologia clara que desafia a visão de mundo do herói.

Eles não são apenas obstáculos físicos; são desafios filosóficos que forçam o protagonista e o público a questionarem suas próprias crenças.

Sua imprevisibilidade e capacidade de estar sempre um passo à frente criam uma tensão narrativa que prende a atenção.

Um vilão comum é apenas mau, enquanto um vilão inesquecível acredita, genuinamente, que está certo em suas ações.

É problemático gostar ou admirar vilões da ficção?

Gostar de um vilão como personagem não significa que você endossa suas ações no mundo real.

É importante diferenciar a apreciação por uma construção narrativa complexa da admiração por atos imorais ou criminosos.

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O fascínio geralmente está ligado à performance do ator, ao roteiro inteligente ou à liberdade que o personagem representa.

Admirar a complexidade de um vilão é um sinal de engajamento com a história, não um desvio de caráter.

Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

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