Há menos de um mês, a equipe da produtora Zola Filmes recebeu a notícia muito esperada. “Cenas de um crime”, minissérie em oito episódios rodada em 2022, finalmente iria estrear. Não na Paramount, sua casa original, por assim dizer. Mas na HBO Max, que salvou a produção do esquecimento. Dois dos oito episódios já estão no ar.


“Ela parou as atividades na América Latina inteira, não só no Brasil. A gente ficou surpreso porque é uma série fantástica. Ficamos tentando entender o processo, porque eles não podiam nem vender nem comprar”, comenta José Henrique Fonseca, um dos sócios da Zola. Até que o sim chegou, finalmente.


O lançamento agora, com o Brasil em clima de “Quem matou Odete Roitman?”, veio bem a calhar. Criada por Rafael Spínola (de “Senna” e “Impuros”), é uma trama da mesma toada de “quem matou?”.


Um banho de sangue levou o empreiteiro Rogério Lenzi, cujo corpo foi encontrado em sua própria casa. Ele tinha 89 anos e estava em estágio terminal: ou seja, não havia muita razão para que fosse assassinado.


Os suspeitos lhe eram próximos: Igor (Enzo Romani), seu filho adotivo, jogador de futebol em ascensão que não se dava bem com o pai; Marcela (Bruna Mascarenhas), jovem humilde, grávida de sete meses de Igor; Maria Eugênia (Letícia Isnard), filha de Rogério, célebre deputada do Centrão; Mathias (Daniel Dantas), ex-secretário de Segurança e amigo da família; e Oliver (Augusto Madeira), vizinho dos Lenzi, escritor malsucedido com histórico de internações psiquiátricas.


Quem conduz a história é uma dupla improvável: o ex-casal de investigadores André (Fabrício Boliveira) e Bárbara (Débora Nascimento). Os dois, que mal se suportam, se veem obrigados a trabalhar juntos na pior situação possível. Uma chuva torrencial deixa todos – policiais e suspeitos – presos na mansão onde ocorreu o crime.


“É muito legal pensar nesses dois personagens que se dão muito bem profissionalmente, mas estão destruídos por dentro. E aquele espaço não é nem um pouco favorável para lavar roupa suja”, comenta Fabrício. Débora acrescenta: “São muitas camadas, pois esses personagens estão ali tendo que lidar com seus próprios demônios.”


Débora diz que a produção foi bem intensa. Uma das preocupações foi encontrar o tom certo da personagem, já que é Bárbara quem lidera a investigação.


“Fiquei pensando muito em como colocar essa mulher no lugar de liderança sem fazer uma performance mais dura ou masculina, referência que a gente tem quando se fala de uma equipe policial”, revela.

A direção geral é de Izabel Jaguaribe. “Se no primeiro momento a camada principal da história é a investigação, o ‘quem matou?’, no segundo é ver o que aconteceu com o casal. E tem ainda o terceiro ponto, um pano de fundo sociopolítico, pois a trama traz um pouco da nossa história, dos porões da ditadura à milícia de hoje.”


A residência principal, onde o crime ocorreu, foi um achado, diz Izabel. “O que era um fator que dificultaria a atenção do espectador, porque você está sempre na mesma locação, virou o nosso trunfo. A gente mergulhou mais profundamente na dramaturgia e na interpretação, pois tivemos (a equipe) esse convívio claustrofóbico efetivamente.”


“CENAS DE UM CRIME”

Minissérie em oito episódios. Os dois primeiros estão disponíveis na HBO Max. Novos episódios (dois por semana) sempre às quintas.

compartilhe