‘O rei do rock – O musical’ faz temporada em BH
Premiada montagem sobre a trajetória de Elvis Presley tem sessões desta sexta (14/11) a domingo, no Sesc Palladium. Beto Sargentelli interpreta o astro
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Com estreia nesta sexta-feira (14/11), no Sesc Palladium, onde cumpre temporada até domingo (16/11), “O rei do rock – O musical” nasceu do luto. Um dos espetáculos de teatro musical mais premiados da atualidade – incluindo o APCA de Melhor Ator para Beto Sargentelli, como Elvis Presley –, surgiu como uma homenagem a Roberto Sargentelli (1962–2016), pai do intérprete, que acumula as funções de dramaturgo, produtor e protagonista nessa montagem.
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Ator e fotógrafo, o Roberto pai era, mais que tudo, fanático por Elvis (1935-1977). Na juventude, chegou a fazer covers dele. Naturalmente, a paixão foi passada para o filho. “Como eu tinha uma relação muito forte com meu pai, quando ele faleceu, de forma repentina e tão cedo (aos 54 anos), vivi um luto muito grande. Ouvia os LPs do Elvis para matar as saudades”, conta.
Nessa altura, Beto já tinha feito 15 espetáculos. Decidiu, ele mesmo, botar a mão na massa. Em 2017, começou a conceber “O rei do rock”, que só veio a estrear em março de 2024, em São Paulo. Durante sete anos, o texto sofreu nove tratamentos. No período, ele foi fundo na pesquisa. Foi aos Estados Unidos, tanto a Tupelo, onde Elvis nasceu, quanto ao QG do rei, Graceland, em Memphis.
Descobriu que a trajetória do ídolo nunca havia sido montada como um musical. Desta maneira, “O rei do rock” se tornou o primeiro espetáculo do gênero dedicado a Elvis no mundo. “Depois que estreamos, soube que montaram um na Austrália, na Itália e no interior dos EUA”, comenta Beto, que leu uma dúzia de biografias, assistiu a filmes e séries não só sobre Elvis, mas como todo o movimento da música das décadas de 1950 e 1960.
Outros personagens
“Tentei, de alguma maneira, mostrar figuras que ficaram apagadas por causa do racismo da época”, diz ele, citando o nome de Sister Rosetta Tharpe (1915-1973), “uma guitarrista preta, do gospel, que é considerada madrinha do rock and roll”. Para Beto, o musical, além de Elvis, enfatiza muito as relações com os que lhe foram próximos, como o pai Vernon (1916-1979), a mãe Gladys (1912-1958), a mulher Priscilla e o famigerado Coronel Tom Parker (1909-1997), o empresário do astro.
Já assistido por 55 mil pessoas – em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília -, “O rei do rock”, que marca a estreia de Beto na dramaturgia, é dirigido por João Fonseca. O encenador já perdeu a conta de musicais que dirigiu na última década e meia. São dele, por exemplo, espetáculos de teatro musical dedicados a Tim Maia, Cazuza, Tom Jobim e Djavan – este último, “Vidas pra contar”, será apresentado em 6 e 7 de dezembro no Palácio das Artes.
“O Elvis que o público vai assistir não é só o cantor. Há o lado humano, como a história do irmão gêmeo que faleceu logo após o nascimento, questão que o perturbou a vida toda; a relação com a mãe e com a música black”, comenta Fonseca. A montagem apresenta 30 músicas de Elvis, as canções mais populares dele no Brasil. “Tem música enquanto ele se apresenta como artista, e tem também música como em teatro musical, dramaticamente”, acrescenta o diretor.
Especial de TV
A história começa em 1968, ano em que um especial de TV marcou o retorno de Elvis aos palcos, depois de um período distante, dedicando-se ao cinema. “Na época, quando ele resolveu voltar a fazer shows, a peça o mostra inseguro de sua própria capacidade, sem saber se as pessoas ainda gostavam dele”, conta Fonseca. A partir dessa sequência inicial, a trama volta no tempo para dar início a toda a trajetória do astro.
Beto usa 50 figurinos no espetáculo, o que o leva a 35 trocas rápidas de roupa. Além dele no papel-título, o musical conta com Stepan Nercessian como o Coronel Tom Parker, Bel Moreira como Priscilla Presley, Stella Maria Rodrigues como Gladys e o mineiro Rodrigo Miallaret como Vernon.
Stepan, que foi visto recentemente no mesmo Sesc Palladium como Assis Chateaubriand no espetáculo “Chatô e os Diários Associados – 100 anos de paixão”, fala sobre a nova incursão no gênero musical. “Quanto mais tempo você convive com um personagem, mais você e ele vão se conhecendo. E a gente acaba mostrando isso para o público também. O público ama e ri com o Coronel Tom Parker. Mas, ao mesmo tempo, tem ódio dele".
“O rei do rock” vai trazer de volta a BH o ator Rodrigo Miallaret. “É a minha terra natal, onde comecei com teatro, fiz meus primeiros cursos. Tem muito tempo que não me apresento em Belo Horizonte. [A última vez] Foi em 2014, com [o musical] ‘Crazy for you’. Então vai ser incrível rever o público mineiro, meus grandes amigos do teatro, ainda mais com o Vernon Presley, um presente que ganhei do Beto Sargentelli”, afirma o ator.
“O REI DO ROCK – O MUSICAL”
O espetáculo será apresentado nesta sexta (14/11), às 20h; no sábado (15/11), às 15h e às 20h; e no domingo (16/11), às 17h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos: de R$ 20 a R$ 280, à venda na bilheteria e no Sympla. Duração: 135 min (em dois atos). Mais informações no site do espetáculo.