ARTES CÊNICAS

Espetáculo ‘ZuZus’ aborda trajetórias femininas de cuidado e luta

Montagem das Mulheres na Dança dirigida por Rita Clemente estreia nesta terça (18/11), na Funarte, e tem sessão gratuita, com retirada de ingresso na bilheteria

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Às vésperas do cinquentenário de morte da estilista mineira Zuzu Angel (1921-1976), sua vida e sua luta contra a ditadura militar não saem da ordem do dia. A uma série de iniciativas recentes – entre elas uma nova gravação de “Angélica” (1976, de Chico Buarque e Miltinho), com o MPB-4, Dori Caymmi ao violão e o próprio Chico nos vocais, e a biografia “Quem é essa mulher?”, da jornalista Virginia Siqueira Starling – vem se juntar o espetáculo “ZuZus”.

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Com estreia nesta terça-feira (18/11) na Funarte, a montagem foi idealizada pelo Mulheres na Dança, um agrupamento, como elas chamam, de quatro bailarinas: Marcia Neves, Marise Dinis, Flavia Lopes e Gabriela Christófaro. Sob a orientação dramatúrgica de Rita Clemente, elas tratam, na dança, não só da luta de Zuleika de Souza Netto, mas de várias Zuzus.

O agrupamento Mulheres na Dança, formado pelas dançarinas Marcia Neves, Marise Dinis, Flavia Lopes e Gabriela Christófaro convidou Rita Clemente para dirigir a montagem
O agrupamento Mulheres na Dança, formado pelas dançarinas Marcia Neves, Marise Dinis, Flavia Lopes e Gabriela Christófaro convidou Rita Clemente para dirigir a montagem LUÍSA MACHALA/DIVULGAÇÃO


“A partir de 2022, quando começamos a pensar qual seria um novo motor para o nosso trabalho, passamos a vê-lo em como as mulheres cuidam. Isso não significa só ser mãe, mas uma responsabilidade no cuidado da vida. Penso isso como um ato político. Nos debruçamos em universos femininos: nas mães, hoje avós, da Praça de Maio, nas Mães da Candelária. Chegamos então na Zuzu, e em seu empenho em mudar a sociedade brasileira”, comenta Marcia Neves.

 


Investigação


No primeiro semestre, Marcia lançou o solo “Quem é essa mulher?” (título tirado do primeiro verso da canção “Angélica”). Para “ZuZus”, as bailarinas aumentaram o escopo. “Fizemos um trabalho de investigação para outras realidades”, comenta ela. Na pesquisa, o grupo descobriu, por exemplo, a trajetória das chamadas Mães de Acari.


Assim como Zuzu – que lutou (sem sucesso) para encontrar o corpo de seu filho, Stuart Angel, integrante do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) torturado e morto pela repressão militar, – as mães de 10 jovens de uma comunidade da Baixada Fluminense perderam seus filhos e nunca receberam os corpos. Em julho de 1990, depois de saírem para se divertir em um sítio, os jovens foram levados por um grupo de extermínio e não mais foram encontrados.


O espetáculo, explica Marcia, não é uma ode à maternidade. “O que buscamos é mostrar a perspectiva do cuidado. À parte da relação da Zuzu e de outras mulheres no campo da violência, queremos mostrar também o campo do amor, a disposição infinita de se doar, de se desfiar.”


Discurso


Para fazer a costura das ideias propostas, o grupo convidou a atriz e diretora Rita Clemente. “Como somos dançarinas improvisadoras, a Rita olhou para o que já tínhamos feito de improvisação e deu um caminho. Ela foi fundamental para que a cena se organize como um discurso, pois o que desejamos é trabalhar para que a violência, de alguma maneira, se estanque”, acrescenta Marcia.


Em cena, cerca de 250 peças de roupas recontam não só os passos da estilista, mas de muitas mulheres que sofreram (e ainda sofrem) com a violência. “(As roupas) Não vêm como um cenário rígido, descritivo, mas algo que impulsiona a ação. Ele nos possibilita que o movimento incida no cenário, uma qualidade contemporânea. Quando o cenário deixa de ser descritivo, ao invés de ficar contando ou narrando coisas, ele pode incidir de maneira concreta no corpo”, explica Rita.


No trabalho, Rita pensou em elementos estéticos relevantes para a temática desenvolvida. “O Z de Zuzu foi um deles. Muitos dos deslocamentos, das relações de uma dançarina com a outra, estão orientados por esse desenho do Z dentro da cena”, diz ela, observando que a palavra – como nomes das pessoas que despareceram – ajudou para traçar uma história que tem muitos elementos abstratos.


“Acabamos por abrigar uma trilha (assinada pela DJ Black Josie) que tem uma relação do movimento com o tempo mais expandida. Não se dança porque tem uma música tocando. A sonoridade se baseia numa circunstância – não é uma música que aparece de repente para fazer fundo para uma coreografia.” Para Rita, “ZuZus” não é uma peça ativista. “Ela se propõe a ser uma obra de arte.”


“ZUZUS”
Espetáculo do Mulheres na Dança. Estreia nesta terça-feira (18/11), às 20h, no galpão 4 da Funarte MG, Rua Januária, 68, Centro. Na quarta (19/11), haverá outra sessão, também às 20h. Entrada franca (os ingressos devem ser retirados na bilheteria uma hora antes da apresentação).

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