
Ao longo do ano haver� uma s�rie de eventos (veja quadro), entre presenciais e virtuais, para lembrar Zuzu Angel e mostrar �s novas gera��es a import�ncia dela no cen�rio social e pol�tico e da moda, que ultrapassou fronteiras e tinha Minas como inspira��o.
“Mam�e tinha grande orgulho de ser mineira”, conta a filha ca�ula de Zuzu, a jornalista Hildegard Angel, que n�o poder� estar presente � abertura da exposi��o em Curvelo, mas avisou que partir� do Rio de Janeiro, onde mora, possivelmente em 10 de junho, para ver e agradecer a homenagem.
A exposi��o “100 anos costurando com Zuzu” come�a hoje, �s 9h, na Pra�a Central do Brasil, em Curvelo, e ficar� aberta ao p�blico, respeitando protocolos sanit�rios, at� o dia 30. N�o haver� cerim�nia oficial, devido � pandemia. A promo��o � da prefeitura local, via Secretaria Municipal de Cultura, Desportos, Lazer e Turismo, que, ontem, finalizava a montagem da mostra com fotografias, croquis de roupas criadas pela estilista, estudos para cole��es, capas de revistas e reportagens de jornais. Parte do material foi cedida pelo Instituto Zuzu Angel, presidido por Hildegard.
De acordo com a secretaria, as imagens da exposi��o estar�o em 32 pain�is, alguns com seis metros de altura, em busca de um efeito que alie beleza e simplicidade, ressaltam os organizadores.
Eventos
No Rio de Janeiro tamb�m ser�o muitas as homenagens. Hoje, �s 16h, com retransmiss�o pelo YouTube, haver� a leitura dram�tica do espet�culo “Eu, Zuzu, agora milito”. A programa��o neste m�s inclui o relan�amento do livro infantil “Zuzu”, de David Massena, com ilustra��es de Rodrigo Macedo.
O Instituto Zuzu Angel vai promover exposi��o sobre a arquitetura da Casa Zuzu Angel, que fica na Usina da Tijuca, na capital fluminense. Em parceira com a PUC Rio, via Departamento de Artes e Design, far� um ciclo de palestras at� novembro, com abertura no dia 21. Como pedem os novos tempos, ser� no modo virtual. Em pauta, mesas redondas, incluindo moda e pol�tica, aula aberta, visita virtual ao acervo, exibi��o de filmes e oficina de bordados. A previs�o � organizar, em maio de 2022, mostra com os trabalhos resultantes do ciclo de atividades. Para outubro de 2021, est� prevista outra exposi��o, no Rio, sobre a estilista.
Sobre o Brasil de hoje, com tantas perdas provocadas pela pandemia, Hildegard n�o tem d�vida de que sua m�e estaria sofrendo muito, e usando tr�s m�scaras para evitar a contamina��o. “Era uma pessoa extremamente solid�ria. De bengala ou cadeira de rodas, estaria na rua durante a manifesta��o do dia 29”, afirmou, a respeito dos atos p�blicos contra o presidente Jair Bolsonaro e a favor de vacina��o para todos.
Ra�zes
Ao reiterar o amor da m�e por Minas, Hildegard destaca as ra�zes da fam�lia em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. “Terra de gente corajosa. Terra de Elisinha Moreira Salles (1929-1988, nascida Elisa Margarida Vianna Gon�alves e embaixatriz do Brasil nos Estados Unidos na d�cada de 1950) e de Anna Marina (uma das primeiras mulheres a atuar no jornalismo em Minas)”, citou Hildegard.
Pesquisador da hist�ria de Minas e de fam�lias estabelecidas no estado desde o s�culo 18, o mineiro Douglas Fasolato estudou a genealogia da fam�lia de Zuzu, cujo pioneiro no Brasil foi Bernardo de Souza Vianna. Ele veio de Vianna do Castelo, em Portugal, e foi morar em Santa Luzia. “J� no s�culo 19, o neto dele, o luziense C�ndido de Souza Vianna, se mudou para Curvelo. A menina Zuleika era bisneta de C�ndido”, explica Douglas. “Descendem de Bernardo de Souza Vianna muitas pessoas de express�o na vida pol�tica e econ�mica de Minas”, acrescenta.
Para homenagear a estilista, a Associa��o Cultural Comunit�ria de Santa Luzia tamb�m ir� relembrar suas origens familiares em suas redes sociais, destacando o legado, informa o presidente da entidade, Adalberto Andrade Mateus.
Juventude
A fam�lia de Zuzu Angel se mudou de Curvelo para BH quando ela ainda era crian�a. Na capital, estudou no Col�gio Sagrado Cora��o e foi campe� de nata��o.
Entre os 18 e 19 anos, a jovem estava na casa de parentes, na capital, quando viu pela primeira vez Norman Angel Jones, que comprava cristais de rocha e pedras de Minas para a embaixada dos Estados Unidos. J� falando ingl�s, garantiu �s amigas que se casaria com o rapaz. E assim aconteceu.
Em 1947, o casal foi morar no Rio e, mais tarde, nas cria��es de Zuzu, o Angel (anjo) do sobrenome passou a ser logomarca.

VIVA ZUZU!
Confira alguns destaques da programa��o comemorativa
do centen�rio de nascimento de Zuzu Angel:
- HOJE 9h - Abertura da exposi��o "100 anos costurando com Zuzu" (foto), na Pra�a Central do Brasil, em Curvelo, na Regi�o Central de Minas. Devem ser observadas as normas sanit�rias. At� 30/6
- 16h - Leitura dram�tica do espet�culo "Eu, Zuzu, agora milito", com transmiss�o pelo YouTube. Texto e dire��o de Sophia Colleti.
- DIA 21 - 17h - Abertura da programa��o “Zuzu 100 anos/Zuzu Agora”, ciclo promovido pela PUC Rio em parceria com o Instituto Zuzu Angel. Haver� palestras, debates, exibi��o de filmes, aula aberta e oficina de bordados. Na abertura, mesa "Zuzu 100 anos", com participa��o de Hildegard Angel, Celina de Farias, Helo�sa Buarque de Hollanda e Lu�za Marcier, com media��o de Isabel Martins Moreira. O evento ter� atividades mensais, virtuais, at� novembro, com exposi��o em maio de 2022.
A luta da m�e que n�o p�de dar adeus ao filho

At� o fim de seus dias, Zuzu Angel lutou com todas as for�as para encontrar o corpo do primog�nito Stuart Edgar Angel Jones, assassinado aos 26 anos, em maio de 1971, no auge da ditadura militar, pelos �rg�os de repress�o. A morte ocorreu na base a�rea do Gale�o, no Rio, e o corpo teria sido jogado no mar.
Em depoimento � Comiss�o Nacional da Verdade, em agosto de 2013, dois militares perseguidos pela ditadura confirmaram a cena de horror e as “toxinas do cano de escapamento” de uma viatura que o jovem fora obrigado a inalar. Estudante de economia, Stuart caiu na clandestinidade e integrou o Movimento Revolucion�rio 8 de Outubro (MR-8).
Em depoimento � Comiss�o Nacional da Verdade, em agosto de 2013, dois militares perseguidos pela ditadura confirmaram a cena de horror e as “toxinas do cano de escapamento” de uma viatura que o jovem fora obrigado a inalar. Estudante de economia, Stuart caiu na clandestinidade e integrou o Movimento Revolucion�rio 8 de Outubro (MR-8).
Zuzu nunca perdoou, n�o se conformou com a morte de Stuart e fez da perda uma bandeira.
Se a moda era uma mensagem de vida – com a qual fez sucesso nos Estados Unidos, pela originalidade de seu estilo –, podia ser tamb�m de den�ncia. Para um desfile-protesto, em 1971, nos EUA, criou estampas com anjos de luto (o anjo era uma das marcas de suas cria��es, apoiada em seu nome), engaiolados, grandes manchas vermelhas, motivos b�licos, mensagens pol�ticas, que foram amplamente divulgadas pela imprensa internacional.
Voltando ao Brasil, continuou a lutar contra o desaparecimento do corpo de seu filho Stuart. Incomodou tanto que, em 14 abril de 1976, morreu em um desastre no Rio de Janeiro: o Karmann Ghia azul que dirigia derrapou na sa�da do t�nel Dois Irm�os (depois batizado com o seu nome), bateu na mureta de prote��o e caiu numa ribanceira.
Em 25 de mar�o de 1998, 22 anos ap�s a morte da mineira de Curvelo, o governo brasileiro reconheceu que ela fora v�tima de atentado pol�tico e n�o de acidente de carro. O depoimento de dois advogados residentes em Jo�o Pessoa (PB) e que estudavam direito na PUC do Rio, na �poca, foi decisivo para esse desfecho.