Mesmo que se tenha passado sete décadas de sua inauguração e 45 anos do seu fechamento, a história da TV Itacolomi segue sendo escrita. O carinho dos espectadores e suas memórias afetuosas com a emissora mantêm viva a presença da primeira empresa de televisão de Minas Gerais, companheira de tantos dias e noites. Os depoimentos deixados por quem assistiu a emissora, feitos nas redes sociais do Estado de Minas em razão desta série especial, ajudam a construir esse imaginário coletivo.

“Era excelente! Tinha também o programa 'Agarre o que puder', onde a criança tinha um minuto para pegar quantos brinquedos pudesse em uma pilha”, lembra o leitor Antônio Simões. “Bombeiros em foco era um programa que ensinava como evitar acidentes domésticos, além de trazer informações de tudo do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar”, conta o leitor Antônio Márcio Barbosa.

Outros comentários citam programas esquecidos nas principais fontes de pesquisa sobre a história da emissora, como “Escolinha da Dona Peteca” e "Boliche Ingleza Levy”. Há também os espectadores que guardam lembranças de visitar os auditórios no Edifício Acaiaca ou no Palácio do Rádio. “Eu ia para o programa do Dirceu Pereira chamado 'Brasa 4', na época da Jovem Guarda. Eu tinha 14 anos”, comenta a leitora Fátima Fonseca.

No encerramento desta série especial em celebração dos 70 anos da TV Itacolomi, deixamos a palavra com os espectadores e, também, com os ex-funcionários que ajudaram a construir a televisão de Minas Gerais. Por que hoje, passados 45 anos do fechamento da Itacolomi, as pessoas ainda guardam a emissora na memória com tanto carinho?

(Confira as outras matérias deste especial no final do texto)

 

Clóvis Prates, 85 anos (participou da inauguração da TV Itacolomi, em 1955, como ator de teleteatro; posteriormente, atuou como cinegrafista até se tornar diretor de programação) Marcos Vieira/EM/D.A Press
Hélio Giovani, 86 anos (entrou na Itacolomi antes da inauguração, em 1955. Foi contrarregra, fotógrafo e, por fim, cinegrafista de estúdio e de gravações externas) Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Talardo José dos Santos, 79 anos (entrou na Itacolomi de 1964; inicialmente como representante comercial, depois como diretor comercial, cargo no qual permaneceu até o fechamento, em 1980) Denys Lacerda/EM/D.A Press
Ronan Ramos, 83 anos (entrou na Itacolomi em 1966; foi narrador, apresentador, produtor de programas e repórter de esporte, conhecido como ‘o repórter da camisa amarela’) Denys Lacerda/EM/D.A Press
Erasmo Ângelo, 84 anos (entrou na Itacolomi em 1960; foi repórter, locutor e apresentador, inicialmente no geral e depois no esporte) Jair Amaral/EM/D.A Press
Jackson Neves, 71 anos (entrou na Itacolomi em 1969, onde ficou até 1974; foi aprendiz de jornalismo e se tornou editor visual do jornal Bancominas) Jair Amaral/EM/D.A Press

  • Clóvis Prates, 85 anos (participou da inauguração da TV Itacolomi, em 1955, como ator de teleteatro; posteriormente, atuou como cinegrafista até se tornar diretor de programação)

“É porque a televisão chegou como uma novidade no mundo. Era uma coisa completamente inesperada. Antes, entretenimento em casa só se recebia pelo rádio, que era só audição. Era uma experiência diferente você ver as pessoas, como um cinema dentro de casa. Isso entusiasmou a população toda. E a Itacolomi foi pioneira. Ela criou grandes ídolos da televisão, como a Tia Dulce, como Sérgio Bittencourt, entre tantos outros.”

  • Ronan Ramos, 83 anos (entrou na Itacolomi em 1966; foi narrador, apresentador, produtor de programas e repórter de esporte, conhecido como ‘o repórter da camisa amarela’)

“(O motivo foi) profissionalismo. O profissionalismo técnico, jornalístico e artístico. O teatro da Itacolomi hoje seria igual as melhores novelas que nós temos no país. Os astros da Itacolomi seriam tão consagrados quanto os maiores astros (de hoje). E com o esporte, modéstia a parte, nós marcamos uma época muito forte.”

  • Hélio Giovani, 86 anos (entrou na Itacolomi antes da inauguração, em 1955. Foi contrarregra, fotógrafo e, por fim, cinegrafista de estúdio e de gravações externas)

“Primeiramente tem a novidade. Antes da TV Itacolomi não existia televisão. E tem também a dedicação da gente. Nós nos perguntavam “como os caras conseguem fazer isso”. “Ah, com essa maquineta aqui”. “Mas como vamos fazer isso aparecer na televisão?”. E então a gente pesquisava, mas sem livros. Muita coisa se criava na hora.”

  • Erasmo Ângelo, 84 anos (entrou na Itacolomi em 1960; foi repórter, locutor e apresentador, inicialmente no geral e depois no esporte)

“A Itacolomi encarnava Minas Gerais. Era a defesa de Minas, a cultura mineira… tudo voltado para as coisas de Minas. O que você aparecia na TV Itacolomi era verdade absoluta, não tinha o que se discutir. E o sentimento e o carinho continua até hoje. Às vezes, eu encontro um pessoal mais antigo que fala ‘ah, você, o Ronan, o Sasso, o Kafunga, faziam a gente rir'.”

  • Jackson Neves, 71 anos (entrou na Itacolomi em 1969, onde ficou até 1974; foi aprendiz de jornalismo e se tornou editor visual do jornal Bancominas)

“A TV Itacolomi era o polo da comunicação de Minas Gerais, especialmente de Belo Horizonte. Tudo que acontecia na cidade só acontecia se acontecesse também na tela da Itacolomi. Ela amalgamava cultura, esporte, lazer… tudo.”

  • Talardo José dos Santos, 79 anos (entrou na Itacolomi de 1964; inicialmente como representante comercial, depois como diretor comercial, cargo no qual permaneceu até o fechamento, em 1980)

“Tem o fato de ter sido a primeira, o ineditismo, e era uma emissora muito simpática. Ela tinha prazer em acolher bem a cidade. O primeiro grande divertimento que teve na América Latina foi a televisão. As pessoas não iam tanto para o cinema e o teatro. E a TV Itacolomi fazia uma programação decente, voltada para as coisas de Minas Gerais, um pouquinho do bairrismo, que ela sabia explorar bem. Isso tudo fez dela muito querida.”

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Especial "70 anos da TV Itacolomi"

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