A maçã do amor, tradicional doce das festas juninas, foi substituída. Agora, nas redes sociais, a sobremesa ganhou uma irmã mais nova: o morango do amor. Trata-se de um morango, envolto em brigadeiro de leite ninho e banhado na calda de açúcar, que se transforma em uma casquinha crocante. 

Nas redes sociais, são milhares de vídeos ensinando a receita, pessoas degustando e até criando novos doces a partir dela. No Google Trends, a busca pelo termo “morango do amor” começou a subir no começo de julho e vem crescendo desde então.

Além dos ingredientes da receita, as buscas no Google incluem onde encontrar o doce para comprar, como fazer a calda de açúcar e quantas calorias tem um morango do amor. As pesquisas estão espalhadas por todo o Brasil, sendo Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul, Tocantins, São Paulo e Minas Gerais os estados com maior interesse. 

A maçã do amor foi criada no início do século XX, por William W. Kolb, nos Estados Unidos. Ele resolveu cobrir as frutas com calda de açúcar vermelha para decorar a vitrine de Natal. Mais do que bonitas, o doce despertou a vontade do público de comer a maçã. 

Com o tempo, a receita foi adaptada para a versão com morango, mas não é possível saber exatamente quando o morango do amor surgiu. Há alguns relatos de que o doce tenha sido criado em 2020, em meio à pandemia. No entanto, só agora, em 2025, a sobremesa alcançou popularidade. 

O sucesso foi tanto que novas receitas começaram a surgir, como o morango do amor de maracujá – com brigadeiro saborizado – e morango do amor coração do oceano – com brigadeiro tradicional e calda azul metalizada. 

Nos terreiros das religiões de matriz africana, o quindim foi oferecido a Oxum, orixá feminino da beleza, amor, prosperidade, riqueza, das águas doces, rios e cachoeiras, cultuada no candomblé e na umbanda. Leonardo "Leguas" Carvalho /Wikimédia Commons
A maioria das mucamas eram filhas dos orixás (divindades cultuadas pelos iorubás (da atual Nigéria, Benin e Togo), trazidas ao Brasil pelos escravos Flickr .José Alberto
Assim, o surgimento deste doce coincidiu com o período no qual as instituições religiosas lusitanas tiveram a disponibilidade de açúcar. Na época, as plantações e engenhos de cana no Arquipélago da Madeira. Flickr .Mariane Takah
Existe um samba clássico do célebre Ary Barroso intitulado “Os Quindins de Iaiá”. A canção fez sucesso internacional na década de 1940, cantado por Aurora Miranda no filme da “The Three Caballeros”, da Walt Disney Productions. Reprodução do Youtube Canal Receitas que amo
Antigamente, chamava-se também quindim de iaiá. Isso porque Íaiá era o tratamento que os escravos davam às meninas e às moças da casa grande. Reprodução do Youtube
Com a escravização, os portugueses trouxeram escravos da África Ocidental, ampla região dominada pelo grupo étnico e linguístico dos iorubanos. No Brasil, eles foram distribuídos nos engenhos e plantações, O controle da cozinha foi para as escravas, as mucamas. Reprodução do Youtube
O quindim não foi a única receita lusitana adaptada no Brasil. Afinal, logo que desembarcaram no solo em que se plantando, tudo dá, eles escravizaram índios e entregaram as cozinhas às mulheres nativas, as cunhãs. Reprodução do Youtube
O quindim agora também pode ser comercializada em lata, assim como outros doces como a goiabada. O consumidor só terá o trabalho de cortar o pedaço que deseja e saboreá-lo. Reprodução do Youtube
Em seu preparo, a mistura é batida até ficar homogênea, sendo assada em banho-maria. Dependendo do tamanho da forma, a quantidade dos ingredientes pode mudar. Reprodução do Youtube
Tanto o quindim, quanto o quindão, tem o mesmo sabor acentuado de ovos e coco e a coloração amarelada. O que muda é justamente o tamanho do doce, que irá depender da forma. Reprodução do Youtube
No entanto, esse doce também pode ser preparado em formas grandes de pudim. Quando são utilizadas formas com um comprimento maior, ele se transforma em quindão. Flickr .Consulado da bahia Restaurante
Normalmente, o doce pode ser preparado em formas pequenas como as de empadinhas e se apresenta da gema de um ovo, tendo um sabor adocicado e característico. Reprodução do Youtube
Quindim, portanto, é um doce que tem como ingredientes gema de ovo, açúcar e coco ralado e se tornou popular em diversas regiões do Brasil, sobretudo no Nordeste. Reprodução do Youtube Canal Receitas que amo
O quindim, como todo bom brasileiro, é uma grande miscigenação. Ele tem raízes portuguesas, porém foi elaborado e batizado por africanas em solo brasileiro. Reprodução do Youtube
As escravas africanas o batizaram de quindim, que significa encanto ou dengo, uma alusão ao fato de ser delicado, e vem do quimbundo, que era falada por povos de Angola Flickr .Isabely Seixas
Desse modo, a mudança de ingrediente transformou a receita em um novo doce. A substituição das amêndoas pelo coco ralado trouxe à tona a criação do quindim. Flickr .Fatima Bolos
Com toda a sua criatividade para a gastronomia, as africanas decidiram aproveitar outro ingrediente que existia em abundância nas terras brasileiras: o coco. Flickr .Fatima Bolos
Quando os portugueses vieram colonizar o Brasil trouxeram as receitas que mais gostavam. No entanto, eles não contavam com a ausência de alguns ingredientes para prepará-las, como as amêndoas. Flickr .Comida do Dia
Os portugueses apreciaram o novo doce das freiras, que era feito de uma receita à base de gemas (ou ovos inteiros), açúcar e amêndoas. Flickr .Elke Hoelzle
A partir disso, as freiras foram para a cozinha e criaram receitas diversas com as gemas, entre elas o Brisa-do-Lis, conhecido como um doce conventual. Divulgação
As freiras lusitanas de Leiria, entre a Beira Litoral e a Estremadura, usavam claras de ovos como base para engomar suas roupas. Isso gerava muitas gemas, que poderiam ser desperdiçadas, algo que as incomodava. Flickr .nai
O surgimento desse doce popular não tem uma data precisa, porém apareceu pela primeira vez nos conventos de Portugal, por volta da época da colonização do Brasil. Flickr btortelli
Com raízes portuguesas e nome africano, um saboroso doce à base de ovos e coco ralado se expandiu pelo Brasil. Trata-se do quindim, que foi baseado a partir de uma outra guloseima de Portugal, mas que adquiriu um aspecto único em solo verde e amarelo. Reprodução do Youtube

Onde encontrar

Em uma busca no Ifood, é possível encontrar algumas lojas que vendem o morango do amor aqui em BH. Os preços variam de R$ 17,90 a R$ 22,90. 

Também dá para encontrar o morango do amor de maracujá no delivery. O doce custa entre R$ 17,90 e R$ 26.

Para fazer em casa

O morango do amor ganhou vários tutoriais nas redes sociais, mas todos são bem parecidos. Um dos mais famosos é o do cozinheiro Igor Rocha. Confira:

Ingredientes brigadeiro de ninho:

  • 1 lata de leite condensado
  • 1 caixinha de creme de leite
  • 1/2 xícara de leite em pó
  • 1 colher de sopa rasa de manteiga sem sal 

Calda:

  • 2 e 1/2 xícaras de açúcar
  • 1 e 1/2 xícara de água
  • 2 colheres de sopa de vinagre
  • 12 gotinhas de corante em gel vermelho 

Depois de preparar o brigadeiro, espere esfriar completamente. Assim que a massa estiver fria, unte as mãos com óleo e envolva o brigadeiro no morango já higienizado e bem seco, espete um palito de churrasco e leve pra geladeira.

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Para fazer a calda, misture tudo fora do fogo e leve ao fogo médio por volta de 20 minutos, vá fazendo o teste colocando a mistura dentro de um copo com água gelada, se ficar crocante está pronta. O próximo passo é passar a calda em todos os morangos e colocar em um prato untado com óleo e esperar até secar. 

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