CLÁSSICO DOS CLÁSSICOS

O bar mais antigo de BH completa 106 anos nesta terça (11/11)

Se hoje BH é reconhecida pela gastronomia e boemia, muito se deve às casas que se instalaram na cidade há mais de 100 anos

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A culinária e a cultura andam lado a lado. Traduzem métodos, sabores, aromas, temperos e linguagens de todo um povo. Quando falamos de restaurantes, bares ou outros estabelecimentos gastronômicos, além da comida em si, é preciso destacar o serviço, o ambiente e, claro, o seu entorno, uma cidade em constante construção e transformação.

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O especial “Um século de sabores”, que começa nesta segunda-feira, vai, justamente, explorar a história de Belo Horizonte por meio de casas tradicionais, com o objetivo de revisitar, preservar e eternizar lugares, pessoas, sabores e memórias.


A cada edição – cinco, no total –, serão apresentados negócios fundados em um intervalo de duas décadas, por ordem decrescente. Nesta primeira, reunimos os estabelecimentos mais longevos da cidade. Entre eles, o bar mais antigo em funcionamento, o histórico Bar do Orlando, considerado, inclusive, Patrimônio Histórico e Cultural do município.


Símbolo de resistência

Se Belo Horizonte vai fazer 128 anos em 12 de dezembro, o tradicional Bar do Orlando se prepara para celebrar nesta terça-feira (11/11) seu 106º aniversário. O estabelecimento, situado no Bairro Santa Tereza, Região Leste, foi fundado em 1919 por José Inácio Resende.


Naquele momento, seu nome era Bar dos Pescadores, justamente por ser um ponto de encontro de pescadores que iam até o Ribeirão Arrudas trabalhar – e até mesmo por vender equipamentos como varas e anzóis. Na volta, eles paravam no bar para degustar os peixes fritos com cachaça.

Fundado em 1919, o bar mais antigo em funcionamento em BH continua na mesma esquina
Fundado em 1919, o bar mais antigo em funcionamento em BH continua na mesma esquina Arquivo pessoal


Nos anos 1970, Pedro Boaventura de Siqueira, tio de Orlando Silva de Siqueira (atual proprietário), comprou o bar, mas manteve o nome. Quem mudou, na verdade, foi o próprio Orlando, que se tornou dono em 1980. Na década seguinte, a fachada ganhou as cores rosa e verde, o que nada tem a ver com a escola de samba Mangueira. Foi ideia do pintor.


Embora Orlando ainda seja o dono, seu filho Orlando Júnior de Siqueira é quem vem assumindo o comando. “Praticamente fui criado dentro do bar, no balcão. Mesmo que soubesse fazer qualquer outra coisa, acho que não tinha para onde fugir, não. Trabalho aqui desde os meus 16 anos”, diz o filho.


Cidade em transformação

Por ser um bar antigo – aliás, o mais antigo em funcionamento em BH, tanto que entrou na lista do projeto “Bares com alma” como guardião da cultura boêmia da cidade –, ele já “presenciou” diversas transformações em seu entorno. A construção da linha do metrô (que passa bem à sua frente, inaugurada em 1986) e a própria canalização do Rio Arrudas são algumas delas.


A cidade deu início à prática de canalização de rios “vivos” na década de 1920, com a ascensão do processo de urbanização. O Ribeirão Arrudas, especificamente, sofreu com obras em diversos momentos. Um período crítico foi perto da década de 1980, quando Belo Horizonte sofreu inúmeras enchentes em razão da canalização do curso d’água. Com obras como essas, o movimento da casa mudou e ela passou a receber muitos trabalhadores.


Quando se lembra de quando chegou à simpática casa de esquina, Orlando (pai) relata diferenças no espaço. “Quando cheguei, aqui tinha uma jabuticabeira.” Embora essa árvore não esteja mais lá, outras tantas foram plantadas pela vizinhança e pelo proprietário, que olha, orgulhoso, para um gigante tronco plantado na praça em frente ao bar há cerca de 35 anos.


Peixe frito

Item mais tradicional herdado dos tempos de Bar dos Pescadores, o peixe frito continua – em versão atualizada – no cardápio. Antes, era sardinha. Agora, é a tilápia que chega à mesa com batatas fritas ou mandioca (R$ 70).

A estufa fica disponível para quem chega ao Bar do Orlando querendo um petisco rápido
A estufa fica disponível para quem chega ao Bar do Orlando querendo um petisco rápido Marcos Vieira/EM/D.A Press


Um petisco que Orlando implementou que faz muito sucesso por lá é o Trio da Roça (R$ 39,90), que mescla torresmo, linguiça caseira e batatas coradas.


Do fiado ao Pix

Outro fato que mostra a capacidade com que o bar teve de se adaptar a diversas épocas e gerações de frequentadores é o método de pagamento. Antes, os clientes podiam pagar fiado, assim como ocorria em tantos outros restaurantes e bares. Hoje, já é possível pagar tudo pelo Pix, de maneira instantânea.


Reflexo da inovação da casa também é o público frequentador, que é cada vez mais diverso. Ao mesmo tempo em que clientes fiéis e mais velhos se reúnem, jovens aproveitam para conhecer mais a história da cidade nesse bar, que é um verdadeiro símbolo da boemia belo-horizontina e de Santa Tereza.

“Nosso público continua crescendo sempre. Agora vem gente nova querendo conhecer, saber da história. Gente que às vezes não conhece o Santa Tereza também”, destaca o pai.

Crescimento urbano


O início do século 20 foi marcado por transformações importantes em BH. “Belo Horizonte estava vivendo um amadurecimento de modelo urbano que tinha iniciado com a sua urbanização no fim do século 19. O centro urbano, que tinha sido cuidadosamente planejado, estava concentrando investimentos públicos, ruas geométricas, iluminação e edifícios administrativos”, conta a historiadora da alimentação, Carolina Figueira, destacando também uma expansão desigual, já que a periferia não crescia com condições parecidas.

Num cenário em que as regiões centrais eram o foco, inclusive do poder público, o comércio também se voltava para esses espaços. “Esses estabelecimentos com mais de 90 anos em BH emergem, justamente, num momento de crescimento urbano, de fortalecimento de uma vida na cidade.”

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Serviço

Bar do Orlando

  • Rua Alvinópolis, 460, Santa Tereza
  • (31) 99954-6101
  • Quarta e quinta, das 16h30 à 00h30
  • Sexta, das 16h à 1h
  • Sábado, das 13h às 23h
  • Domingo, das 12h às 21h
  • @bardoorlandobh

*Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino

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