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Semana de 4 dias: os países que já testam e o que podemos aprender

A redução da jornada de trabalho é um debate global; veja os resultados e a viabilidade do modelo que promete mais produtividade e qualidade de vida.

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Imagine ter um fim de semana de três dias toda semana, sem nenhuma redução no seu salário. Essa proposta, que já foi considerada radical, está saindo do papel e se tornando uma realidade em empresas e até em países inteiros. A ideia de trabalhar quatro dias e folgar três ganha força como uma resposta moderna aos desafios do esgotamento profissional e da busca por mais qualidade de vida.

Leia: As empresas que decidiram manter semana de 4 dias após teste aprovado

O conceito não se trata apenas de reduzir o tempo no escritório, mas de repensar a própria natureza do trabalho. A aposta é que, com mais tempo livre para descanso e atividades pessoais, os profissionais se tornam mais focados, criativos e produtivos durante a jornada. Os resultados de testes em larga escala ao redor do mundo começam a comprovar essa teoria, desafiando a lógica de que mais horas trabalhadas significam, necessariamente, mais resultados.

Leia: Semana de 4 dias pelo mundo: como outros países adotaram o modelo

Onde a semana de 4 dias já é realidade

O movimento por uma jornada de trabalho menor é global. Diversos países já implementaram ou estão testando modelos que permitem aos trabalhadores uma folga extra por semana. Cada nação adapta o conceito à sua cultura e legislação, mas o objetivo é comum: melhorar o bem-estar sem sacrificar a produtividade.

O Reino Unido conduziu um dos maiores testes do mundo em 2022, com mais de 60 empresas e cerca de 2.900 funcionários. Os resultados, divulgados pela organização 4 Day Week Global, mostraram que a grande maioria das companhias participantes decidiu manter o modelo. Houve uma queda significativa nos níveis de estresse e burnout entre os colaboradores, enquanto a receita das empresas se manteve estável ou até aumentou.

Leia: As consequências inesperadas da semana de trabalho de 4 dias

Na Islândia, testes realizados entre 2015 e 2019 com mais de 2.500 trabalhadores foram classificados como um "sucesso esmagador" por pesquisadores. A produtividade foi mantida ou melhorada na maioria dos locais de trabalho. Como resultado, sindicatos islandeses negociaram a redução de horas para dezenas de milhares de pessoas em todo o país.

Outros governos também entraram no debate. A Espanha lançou um projeto piloto para incentivar pequenas e médias empresas a testarem a jornada de 32 horas semanais. Na Bélgica, os trabalhadores ganharam o direito de escolher entre trabalhar quatro ou cinco dias por semana, sem perda de salário, concentrando as mesmas horas em menos dias. Até no Japão, conhecido por sua cultura de longas horas de trabalho, grandes empresas como a Microsoft relataram saltos de produtividade após testar a semana de quatro dias.

Quais os resultados práticos?

A base do modelo mais popular é o princípio "100-80-100". Ele defende o pagamento de 100% do salário por 80% do tempo de trabalho, em troca da manutenção de 100% da produtividade. Para que funcione, as empresas precisam otimizar processos, eliminar reuniões desnecessárias e focar no que realmente gera valor.

Os benefícios relatados pelos projetos pioneiros são consistentes e vão além do bem-estar individual. Entre os principais pontos positivos, destacam-se:

  • Saúde e bem-estar: Redução drástica nos níveis de estresse, ansiedade e esgotamento profissional. Funcionários relatam mais tempo para a família, hobbies e cuidados com a saúde.

  • Retenção de talentos: A oferta de uma semana de trabalho mais curta tornou-se um grande atrativo para recrutar e manter os melhores profissionais no mercado.

  • Produtividade e receita: Ao contrário do que se poderia imaginar, a maioria das empresas viu a produtividade se manter ou até crescer. O foco em tarefas essenciais e a otimização do tempo impulsionam a eficiência.

  • Igualdade de gênero: A jornada reduzida pode ajudar a distribuir de forma mais equilibrada as responsabilidades domésticas e de cuidado com os filhos, permitindo que mais mulheres permaneçam na força de trabalho.

Apesar do otimismo, a transição não é simples. A implementação exige um planejamento cuidadoso e uma mudança cultural profunda dentro das organizações. Setores que dependem de presença contínua, como saúde, varejo e manufatura, enfrentam desafios maiores para adaptar suas operações. O risco de os funcionários tentarem comprimir cinco dias de tarefas em quatro pode, em alguns casos, gerar mais estresse se a mudança não for bem gerenciada.

Mesmo com os obstáculos, o debate está lançado. A semana de quatro dias deixa de ser uma utopia e se apresenta como uma alternativa viável para o futuro do trabalho, um futuro que busca equilibrar sucesso econômico com bem-estar humano.

O que é a semana de 4 dias?

É um modelo de trabalho no qual a jornada semanal é reduzida, geralmente para 32 horas, sem que o salário do funcionário seja cortado.

A proposta mais comum é o sistema "100-80-100", que significa 100% do salário, trabalhando 80% do tempo, com o compromisso de manter 100% da produtividade.

A semana de 4 dias significa trabalhar mais horas por dia?

Não necessariamente. O modelo mais testado globalmente defende a redução do total de horas semanais, e não a compressão da mesma carga horária em menos dias.

Algumas legislações, como a da Bélgica, permitem que o trabalhador opte por comprimir as horas, mas a tendência mundial é a redução efetiva do tempo trabalhado.

O salário é reduzido com a jornada menor?

Não. A premissa fundamental do movimento pela semana de quatro dias é a manutenção integral do salário dos colaboradores.

A ideia é que a produtividade mantida ou aumentada compensa as horas a menos, justificando a remuneração integral.

A produtividade realmente aumenta com menos trabalho?

Estudos e projetos piloto em larga escala, como o realizado no Reino Unido, mostram que sim. A produtividade tende a se manter ou até a melhorar.

Isso ocorre porque os funcionários ficam mais descansados, focados e motivados, e as empresas são forçadas a otimizar processos e eliminar tarefas improdutivas.

Quais os principais desafios para implementar o modelo?

O principal desafio é a adaptação cultural. As empresas precisam abandonar a mentalidade de que o tempo no escritório é sinônimo de produtividade e focar em resultados.

Outro obstáculo é a aplicação do modelo em setores que exigem cobertura 24/7 ou atendimento presencial contínuo, como hospitais, fábricas e varejo.

Esse modelo funciona para qualquer empresa ou setor?

Embora seja mais fácil de implementar em escritórios e setores baseados no conhecimento, há exemplos de sucesso em outras áreas, como manufatura e hotelaria.

A chave é a flexibilidade. Cada setor precisa encontrar uma forma de adaptar o princípio da redução de jornada à sua realidade operacional, o que pode envolver escalas de trabalho e mais tecnologia.

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