O legado da Oi: como a crise da gigante afetou a telefonia no Brasil
A história da operadora se confunde com a da telecomunicação no país; relembre a trajetória da empresa e seu impacto na infraestrutura nacional
compartilhe
SIGA
A Oi, uma das empresas mais emblemáticas da telefonia brasileira, iniciou uma nova fase em sua complexa história. Na última sexta-feira (7/11) a gestão judicial da companhia entrou com pedido de reconhecimento de insolvência na 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
Leia Mais
A trajetória da empresa começou com a privatização do sistema Telebras em 1998. Na época, a empresa, então Telemar, herdou uma gigantesca infraestrutura de telefonia fixa em 16 estados (Amazonas, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pará, Piauí, Sergipe, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Roraima), tornando-se instantaneamente uma gigante do setor. Anos depois, em 2008, a fusão com a Brasil Telecom, incentivada pelo governo, a consolidou como uma "supertele" nacional, com presença em quase todo o território brasileiro.
Essa expansão, no entanto, foi acompanhada por um endividamento crescente. A tentativa de fusão com a Portugal Telecom, que se revelou um fracasso, e a dificuldade em competir no mercado de telefonia móvel e banda larga agravaram a situação financeira, culminando na primeira recuperação judicial em 2016, com uma dívida de R$ 65,4 bilhões, a maior da história do Brasil até então.
Em 2023 veio o segundo pedido de recuperação judicial, declarando R$ 43,7 bilhões em dívidas. Dessas, a quantia de R$ 1 bilhão é classe 1, como são chamadas as dívidas trabalhistas. No fim de 2024, a companhia deixou de ser uma empresa com concessão pública de telefonia fixa, ou seja, deixa de ter a obrigação de fornecer planos de telefonia no território nacional, exceto onde é a única provedora privada, em acordo válido até o final de 2028.
Já em setembro deste ano a juíza Simone Gastesi Chevrand, da 7ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro, decidiu pela antecipação parcial de falência da Oi e a destituição da diretoria.
O impacto no mercado e na infraestrutura
A crise da Oi redesenhou o mapa da telefonia no país. A venda da Oi Móvel para as concorrentes TIM, Vivo e Claro, um processo finalizado em 2022, concentrou o mercado em três grandes players, o que gerou debates sobre a competitividade e os preços para o consumidor final. Para muitos brasileiros, a Oi era a única opção de serviço, especialmente em áreas mais remotas.
O maior legado da operadora, contudo, está na sua infraestrutura. A extensa rede de fibra óptica da empresa, hoje controlada pela V.tal, é um ativo estratégico para a digitalização do Brasil. Essa malha de cabos é fundamental não apenas para clientes residenciais, mas também para conectar torres de celular e outras empresas de internet.
Atualmente, o plano da Oi é focar em serviços corporativos - como armazenamento em nuvem, segurança digital e Big Data - e na sua participação na V.tal, abandonando o varejo de massa. Enquanto a empresa executa seu plano para se reerguer, sua história serve como um retrato dos desafios de um setor em constante transformação, deixando para trás uma estrutura física essencial para o futuro digital do país. A venda de seus ativos representa o fim de uma era e o início de uma nova configuração para as telecomunicações nacionais.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.