Um apagão atingiu parte da Europa, na manhã desta segunda-feira (28/4). A falta de energia afetou toda a Península Ibérica e partes da França e Bélgica. A internet também foi afetada, o que deixou as pessoas sem informações e gerou boatos de que o apagão foi provocado por um ataque cibernético coordenado pela Rússia


O Estado de Minas conversou com mineiras que moram em Portugal e Espanha, além de uma portuguesa, que narraram os transtornos causados pela falta de energia.


A estudante Letícia Machado Miranda, de 28 anos, faz doutorado em estudos clássicos na Universidade de Coimbra, mas mora em Lisboa, no Bairro Príncipe Real. Segundo ela, quando acordou, acreditava que a falta de energia era apenas em seu prédio. Ao perceber que o apagão era generalizado, a estudante correu para o mercado. 


“Já estava com uma fila imensa, não tinha galão de água no mercado aqui do lado. Enfrentamos uma fila”, relata. A jovem diz que o estabelecimento funcionou até a energia das máquinas de cartão acabar. 


“Fomos para o shopping, ficamos um tempão na fila para tirar dinheiro, porque nada aceitava cartão. Depois, fomos para uma loja de materiais esportivos, compramos uma lanterna de manivela e um fogãozinho de acampamento, à gás, porque o nosso era elétrico. Compramos velas e muita água porque ouvimos dizer que sem energia param de bombear água. Voltamos para casa, tomamos banho e estamos esperando”, conta. A energia voltou na casa da jovem às 21h15, horário local (17h15, horário de Brasília). 

 


Segundo a estudante, no caminho para o banco, viu um mercado lotado, com as luzes apagadas. "Já não tinha muita coisa, carne pronta. Parece que não tem previsão mesmo. Aqui, em frente à nossa casa, tem um mercadinho de bairro. Acabou tudo, teve fila por horas. Os mercados maiores fecharam assim que acabou o sistema", narra.


A vendedora portuguesa Sara Pereira, de 34 anos, mora em Vila Nova de Gaia, porém trabalha na cidade do Porto, no Norte de Portugal. Ela conta que o apagão começou às 11h30, horário local (9h30 de Brasília), poucos minutos após começar a trabalhar. Disse que estava trabalhando, mas tudo estava fechado. “Bombas de gasolina fechadas, shoppings todos fechados. O meu, não sei porque, é o único que está aberto e todo mundo está vindo para cá.”


A loja em que ela trabalha tem um gerador próprio, por isso está funcionando. “Mas muitas lojas aqui não têm, ficam fechadas. Porém, os trabalhadores estão todos parados nas lojas porque não podem ir embora, se não pagam multa. Os superiores não querem (que os funcionários vão embora) porque a qualquer momento pode voltar a luz e eles têm que entrar para o serviço.”


Segundo ela, aos poucos a internet e a energia estavam sendo restabelecidas em alguns pontos. “Já tem várias teorias de que foi um ataque cibernético, que foram os russos que cortaram a eletricidade”, comenta. 


A vendedora conta que os hospitais funcionam graças a um sistema de emergência reserva, que tem geradores. “Pediram às pessoas que só contatassem o Inem (Instituto Nacional de Emergência Médica) em casos extremos. Houve um pânico generalizado porque passado uma hora do apagão, já tinha muita gente dentro do shopping, indo ao supermercado comprar tudo que podia, como se o mundo estivesse em Guerra Mundial.”


A psicóloga Inês Gabriela Botelho, de 59 anos, mora em Bilbao, no norte da Espanha, e conta que o apagão começou por volta das 13h. Às 21h, horário local (17h de Brasília), 80% da energia da cidade já havia sido restabelecida. Ela diz que estava trabalhando em casa quando a energia acabou. A psicóloga pensou que era uma situação pontual. Porém, depois de alguns minutos viu, pela janela, que os semáforos da rua estavam apagados. 


Segundo ela, neste momento, a internet oscilava, e não conseguia se comunicar pelo WhatsApp. O marido dela veio a pé do trabalho, e, quando chegou, o casal ligou o rádio para saber o que estava acontecendo. 


Transtornos

Inês destaca que os principais transtornos causados pelo apagão foram no trânsito, com o metrô paralisado. “Muitas pessoas tiveram que descer e andar pelos túneis. Muitas também ficaram presas em elevadores. Mas, em geral, o sentimento é de tranquilidade”, relata.


Ela diz que as grandes cidades, como a capital Madrid e Barcelona, são as que foram mais afetadas. A psicóloga tem um filho que mora em Barcelona, e, por lá, apenas 30% da energia havia sido restabelecida. Na residência dela, o apagão durou cerca de 2h30, mas ainda havia bairros sem luz às 21h, horário local. A preocupação é com os hospitais que funcionam a base de geradores. 


De acordo com ela, o presidente do país, Pedro Sánchez, faria um pronunciamento ainda hoje, sobre o apagão.   


Sem interrupção


A BH Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de BH, em Confins, informa que, até o momento, não houve interrupção da operação por causa do apagão. Nesta segunda-feira (28/4), havia apenas um voo da TAP vindo de Portugal, que já tinha decolado da capital portuguesa antes da falta de energia, com previsão de chegada, em Confins, às 16h, sem interrupção. 

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Uma outra aeronave está programada para sair do Aeroporto de BH, com destino a Lisboa, por volta das 18h.

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