FÉRIAS SEGURAS

Curvas e pistas simples até a ‘praia dos mineiros’

Atravessar a BR-262 para chegar a Guarapari, tradicional destino de quem deixa as montanhas de MG para descansar no mar, exige destreza e atenção dos motoristas

Publicidade
Carregando...

De um lado, o choque com o denso tráfego urbano de cidades como Betim (MG) e Nova Serrana (MG), injetando veículos lentos no caminho do viajante. Do outro lado, a passagem pela “Rodovia da Morte” e o ingresso em uma estrada estreita que serpenteia por serras mergulhadas em neblina. Seja de Betim (Grande BH) a Campo Florido (MG), na região do Triângulo, ou de João Monlevade (MG), na Região Central a Guarapari (ES), a BR-262 é o destino de muitos mineiros nas férias de julho, e a multiplicidade de pontos críticos se torna preocupação ao programar a viagem. 

Para ajudar a planejar um deslocamento mais seguro, o Estado de Minas mapeou a BR-262 nesta reportagem, que integra a série sobre as principais ameaças nas estradas federais rumo a destinos tradicionais – as edições de domingo (6/7) e de segunda-feira (7/7) mostraram os perigos da BR-381 e da BR-040, respectivamente.

A fonte de informações de locais mais perigosos, tipos e causas de acidentes foi o registro de ocorrências da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nos anos 2022 (15 a 31), 2023 (14 a 31) e 2024 (12 a 31), levando-se em conta que, em 2020 e 2021, o calendário foi completamente alterado devido à pandemia do novo coronavírus (COVID-19).

 

Se fosse considerado apenas o segmento da BR-262 entre João Monlevade e Vitória (ES), a estrada já seria muito perigosa ao ter concentrado 95 acidentes com seis mortos e 138 feridos. Mas não se chega a João Monlevade sem passar pelos desafios da BR-381 desde Belo Horizonte, um trecho que recebeu o nome de “Rodovia da Morte” e que, sozinho, adiciona curvas fechadas ao fim de fortes descidas, canteiros de obras (ativos ou inativos) e diversas passagens urbanas que somam mais 61 acidentes, sete mortes e 85 feridos.

A maioria dos acidentes na “Rodovia da Morte” ocorreu com céu claro ou sol, indicando que as condições climáticas adversas não são o maior fator de risco. As falhas humanas foram as principais causas de sinistros, como ausência de reação do condutor, velocidade incompatível com a pista, condutor deixou de manter distância, transitar pela contramão e ingestão de álcool. 

Velocidade incompatível

O ponto de maior incidência de acidentes é Sabará, com 29 ocorrências (39,7% do total). Os acidentes se concentram no período da tarde e no início da noite. Em Caeté (MG), o risco está mais presente em curvas e aclives, sobretudo entre o Km 418 e o Km 429. Este trecho é predominantemente rural, com pista dupla, mas o traçado sinuoso e com relevo acentuado impõe grandes riscos. A noite concentra acidentes graves por tombamento, associados à velocidade incompatível em curvas. Durante o dia, as saídas de pista são mais comuns. 

João Monlevade alterna riscos em áreas rurais e urbanas, devido a relevo acidentado. A combinação de pista simples com curvas e declives é o principal desafio. A presença de uma rotatória (Km 357) também é um ponto de conflito que gera acidentes.

Passada a “Rodovia da Morte”, as áreas urbanas mais densas são Abre Campo (MG), Manhuaçu (MG), Ibatiba (ES), Venda Nova do Imigrante (ES), Marechal Floriano (ES), Viana (ES), Vitória e Guarapari (ES). Os dias com mais ocorrências foram domingo (24,2%), sexta-feira (21%) e sábado (20%).

A rota inclui trechos perigosos à noite, como em Abre Campo, onde um dos pontos críticos é o segmento entre o Km 96 e o Km 98, com quatro acidentes e oito feridos. Foram, sobretudo, colisões frontais por transitar na contramão ou não respeitar as regras de circulação em pistas simples, em curva e durante a noite. O mesmo vale para Ibatiba (ES), local de pista simples em reta. Recomenda-se reduzir a velocidade, usar faróis baixos e aumentar a distância de segurança.

Manobras inadequadas

A predominância de pistas simples de mão dupla em trechos como Manhuaçu, Abre Campo, Venda Nova do Imigrante (ES) e Ibatiba (ES) requer cautela extra em ultrapassagens, que devem ser feitas apenas quando houver visibilidade total e em locais permitidos. 

Manhuaçu tem um dos segmentos concentradores de acidentes entre o Km 34 e o Km 38, com o registro de sete ocorrências e 10 feridos. Os acidentes mais numerosos são colisões traseiras devido ao motorista acessar a via sem observar a presença dos outros veículos e à reação tardia ou ineficiente do condutor, tanto de dia quanto à noite, em retas de pistas simples dentro de trechos urbanos.

Outro ponto crítico fica em Venda Nova do Imigrante, nos quatro quilômetros entre o Km 110 e o Km 114, onde três acidentes deixam um morto e três feridos. O tipo de sinistro mais comum é a colisão traseira, causada por manobras mal-executadas de mudança de faixa em retas com subidas de pistas simples, em pleno dia.

Pouco depois de deixar a BR-262, os motoristas que ingressam na BR-101 com destino a Guarapari também encontram segmentos perigosos com 19 registros de acidentes, uma morte e 22 feridos, como o Km 298, em Viana, sozinho responsável por oito acidentes e 10 pessoas feridas, onde predominaram colisões traseiras e transversais, devido a reações tardias ou ineficientes dos motoristas. 

Percepção e tempo de reação

Se os municípios mineiros do Centro-Oeste e do Triângulo forem os destinos, a BR-262 reserva igualmente pontos críticos no segmento entre Betim, na Grande BH, e Campo Florido. Foram 97 acidentes, com nove mortes e 130 feridos durante os últimos três recessos de julho, segundo as ocorrências da PRF.

Os dias com mais acidentes foram os domingos (29,8%) e as segundas-feiras (15,4%). Já as áreas de maior conflito de tráfego local, pedestres, ciclistas e outros usuários das estradas em simultâneo ao fluxo de longa distância ocorrem nas áreas urbanas mais densas de Betim, Juatuba, Pará de Minas, Nova Serrana e Uberaba.

Em Betim, um dos pontos mais críticos fica entre o Km 354 e o Km 357, onde ocorreram nove acidentes, com quatro mortes e 10 feridos. A maior parte dos acidentes registrados se trataram de colisões frontais e traseiras por tráfego na contramão e reação tardia dos condutores, em retas de pista duplicadas durante o dia. 

Adiante, em Nova Serrana, o segmento do Km 452 ao Km 456 reserva cuidado, pois já deixou um morto e nove feridos em apenas quatro quilômetros após sete ocorrências. Consiste em uma longa reta em pista simples que se segue após um trecho de pista duplicado, o que muitas vezes leva os motoristas a não reduzirem a velocidade, além de diminuir a percepção de risco e o tempo de reação.
Os registros mais numerosos foram de colisões laterais, traseiras e saídas de pistas. Segundo as ocorrências da PRF, os fatores que levaram aos desastres foram a alta velocidade e ausência de reação dos motoristas. 

Outro ponto de grande perigo é no município de Luz, onde só o Km 553 apresentou três acidentes no período, deixando uma pessoa morta e duas feridas. A maioria dos acidentes se devem à alta velocidade, desde tombamentos a capotamentos. 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

A alta velocidade no Km 553 é um fator de extrema preocupação devido à presença de postos de gasolina, restaurantes, lojas de autopeças e o acesso a bairros às margens da pista, o que pode levar a uma redução na capacidade de reação e efetividade das manobras de motoristas para desviar de pedestres ou de veículos em velocidade reduzida.

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay