CONCLUÍDA

BH: obras na Avenida Bernardo Monteiro são finalizadas após mais de um ano

O fim das intervenções foi marcado pela retirada de catadores que usavam a área como ponto de triagem

Publicidade
Carregando...

A reforma do conjunto histórico e paisagístico da Avenida Bernardo Monteiro, situada entre as Avenidas Brasil e Professor Alfredo Balena, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi concluída neste fim de semana. As obras começaram em abril de 2024, com previsão inicial de término em dezembro do mesmo ano. O encerramento das intervenções foi marcado pela retirada de 11 catadores que utilizavam a área como ponto de triagem, ocupação que gerava descontentamento entre os comerciantes da região.

As obras faziam parte do programa de requalificação Centro de Todo Mundo e receberam investimento de R$ 2,4 milhões de recursos próprios do município e do Fundo Municipal de Defesa Ambiental. Entre as reformas realizadas, estão a troca de pisos, instalação de bancos, jardins e paisagismo, sistema de irrigação, iluminação, câmeras de segurança, toldos de sombreamento no trecho menos arborizado e pavimento elevado nas interseções. 

Início e conclusão

Apesar de as reformas terem sido iniciadas no ano passado, a discussão sobre o tema se arrastava há anos. Desde 2014, havia a promessa de lançamento de um concurso para reforma do local. O edital, no entanto, só foi publicado em 2018, e o vencedor anunciado em maio de 2021. O projeto, por sua vez, foi aprovado em julho de 2023.

A princípio, as intervenções, supervisionadas pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), seriam concluídas em dezembro de 2024. A finalização foi adiada para abril deste ano devido à decisão da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) de realizar a obra por etapas, a fim de evitar maiores transtornos no trânsito da região. O Estado de Minas procurou o Executivo municipal para saber o que causou o atraso na conclusão neste ano, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Avaliação dos comerciantes 

Para os comerciantes ouvidos pela reportagem, os principais problemas nesse trecho, localizado na Região Hospitalar, estavam relacionados à utilização da área como ponto de triagem de materiais recicláveis.

A empresária Andréa Angelini, de 71 anos, dona do Angel Hub Coworking — localizado na Avenida Bernardo Monteiro, esquina com a Rua Padre Rolim — conta que o espaço costumava ficar repleto de lixo, dejetos humanos, barracas e ratos. “E meu negócio afundando. Ninguém passava mais aqui”, afirma. Ela conta que outros comércios fecharam. No trecho, há alguns imóveis vazios. 

Para Andréa, que trabalha na região há mais de 40 anos, a reforma no local representa “o cumprimento da lei”, por garantir um espaço público digno. “É uma região hospitalar, que tem imunossuprimidos, pessoas que precisam de limpeza, que precisam conseguir andar sem tropeçar”, afirma a empresária.

A empresária Andréa Angelini, de 71 anos, é dona do Angel Hub Coworking e conta que o trecho da avenida ficava repleto de lixo, dejetos humanos, barracas e ratos
A empresária Andréa Angelini, de 71 anos, é dona do Angel Hub Coworking e conta que o trecho da avenida ficava repleto de lixo, dejetos humanos, barracas e ratos Tulio Santos/EM/D.A.Press. Brasil. Belo Horizonte - MG

Outra comerciante, de 63 anos, que preferiu não se identificar, contou que seu negócio foi altamente prejudicado pela falta de clientes, afastados pelas condições sanitárias da área. Juarez Abreu, de 50 anos, trabalha em uma banca próxima à esquina com a Avenida Professor Alfredo Balena e descreve o mesmo cenário. “Estava bem abandonado, quase intransitável. A esperança é que mantenham”, disse ele. Juarez conta que o centro da avenida havia “virado praticamente um banheiro”.

Para Helena Maria da Silva, dona de um comércio de biscoitos na avenida, as reformas resultaram em uma mudança que não agradou. Por cerca de 30 anos, a venda de biscoitos ocorria no trecho central da via, onde também funcionava um sacolão. Com a reforma, no entanto, o negócio de Helena foi retirado.

Para continuar na área e tentar manter a clientela, ela transferiu o comércio para um container em um canto da Avenida Bernardo Monteiro com a Avenida Professor Alfredo Balena. No entanto, Helena considera o ponto escondido e afirma ter perdido clientes. Além disso, a comerciante demonstra pouca esperança em relação à remoção dos catadores, pois acredita que, em breve, a situação voltará a ser como antes.

Remoção 

No último sábado (19/7), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) removeu os catadores que utilizavam a Praça João Pessoa, na esquina da Avenida Bernardo Monteiro com a Avenida Brasil, como ponto de reciclagem. A triagem foi transferida para um galpão no Bairro Floresta, na Região Centro-Sul da capital mineira, alugado pela PBH. Foram recolhidos seis caminhões de material reciclável.

O grupo de 11 catadores foi encaminhado para programas como o Bolsa Família e o Bolsa Moradia, além de receber acesso a serviços de emissão gratuita de documentos e alimentação por meio do restaurante popular, segundo a PBH.

“Fizemos um planejamento para levar quem fazia o trabalho de triagem nessa praça para um local adequado, passando a trabalhar com mais dignidade, e para que as pessoas possam voltar a frequentar a praça após anos de espera e promessa da solução deste problema”, afirmou o prefeito Álvaro Damião (União Brasil), que esteve presente na ação realizada no sábado. 

Fícus 

Com as obras neste trecho da Avenida Bernardo Monteiro, a questão da supressão de fícus por mau estado fitossanitário voltou a ser discutida. Em 2013, as árvores da região foram severamente afetadas por infestações do inseto conhecido como “mosca-branca-de-ficus”, o que causou a morte de inúmeros exemplares da espécie. Na época, 50 fícus foram cortados. No ano passado, dois espécimes foram cortados por apresentarem risco de queda.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) informou, em 2024, que seriam mantidos 23 fícus, mas que novos exemplares dessa espécie não serão mais plantados. Para substituí-los, estava previsto o plantio de jacarandás-paulistas e jequitibás-brancos.

*Estagiária sob supervisão do subeditora Fernanda Borges

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay