O numero de resgates de animais domésticos e silvestres têm batido recordes na capital. Só no primeiro semestre de 2025, a Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte (GCMBH) resgatou 366 bichos em situações de risco, o número já ultrapassa todos os atendimentos realizados em 2024, que somaram 359 animais.
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Entre os casos registrados estão animais em vias públicas, vítimas de atropelamento, maus-tratos ou animais silvestres capturados em áreas urbanas, fora do habitat natural. O trabalho é realizado pela GCMBH com equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Ibama, Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) e Hospital Público Veterinário.
Segundo Crislem Martins, coordenador do Departamento de Meio Ambiente da GCMBH, o aumento expressivo no número de resgates reflete uma melhor articulação institucional e menciona a recente Unidade de Crimes Ambientais Urbanos (CAMU) da Guarda Municipal, em parceria com o Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA) da Polícia Civil, criada em 2022 . “A partir do momento que as pessoas entendem que o município tem estrutura e resposta para esse tipo de situação, elas passam a acionar mais”, explica.
Mas ele explica que não podemos esquecer que a presença de animais silvestres no espaço urbano é decorrente de fatores como a adaptação às ações antrópicas no meio ambiente, ou seja, causadas por ações humanas, como desmatamentos, gerando perda de habitat natural.
Cães, cavalos e gambas lideram resgates
Dos 366 animais resgatados neste semestre, 201 são domésticos. Os cães lideram as ocorrências (127), seguidos por cavalos (34) e gatos (27). Também foram recolhidos porquinhos-da-índia e até mini cabras. Crislem Martins explica que a maioria dos casos envolve animais feridos ou doentes, sem tutor definido. “Cães sem tutor que acabam ficando expostos a atropelamentos e outros riscos. Já os cavalos tem a ver com a redução dos veículos de tração, como carroças, acaba tendo a sobrecarga também de abandono”, conta.
Entre os silvestres (165 animais resgatados), os mamíferos como gambás, morcegos e primatas aparecem com maior frequência, seguidos pelas aves, como corujas, gaviões, tucanos, papagaios e maritacas. Algumas dessas aves, segundo Martins, foram resgatadas com ferimentos provocados por linha com cerol, usada em pipas.
O coordenador chama atenção para os casos que demandam ainda mais cuidado, como os morcegos, por serem potenciais vetores de raiva.
Em nota a PBH relembra alguns exemplos de recolhimento de espécies silvestres e devolução para o habitat natural. Como uma jiboia, encontrada em março no Parque Municipal Lagoa do Nado Região da Pampulha, a captura de um cachorro-do-mato, em maio, no Bairro Taquaril (Leste), e o resgate de um macaco prego no Coqueiros (Noroeste), neste mês de julho.
Procedimento Pós resgate
O coordenador explica ainda que após o resgate, os destinos variam. Se estão saudáveis, cães e gatos são levados a ONGs parceiras ou ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), onde recebem cuidados, vacinação e são encaminhados para adoção. Animais silvestres feridos ou doentes são levados a centros de triagem ou clínicas universitárias, como da UFMG, Faculdade Arnaldo ou UNA. “O objetivo é sempre a reabilitação e, se possível, a devolução ao habitat natural”, explica Martins.
Centro-Sul, Pampulha e Nordeste lideram ocorrências
Os bairros com maior número de resgates foram as regiões Centro-Sul (46), Pampulha (38) e Nordeste (25). Segundo Crislem, essas áreas concentram grandes parques e áreas verdes. “A gente tem o Parque Municipal de Mangabeiras, tem o Parque Paredão e diversos outros parques que justificam a demanda dos animais silvestres”, explica. Além disso, ele lembra que nestas regiões existem bairros com alto índice populacional, onde acaba tendo uma presença maior de animais domésticos e de rua.
Atuação da GCMBH
Crislem Martins destaca que a GCMBH ainda enfrenta limitações, o trabalho ainda precisa ser aprimorado frente ao tamanho da demanda, mas afirma que já houve um avanço muito grande em comparação com a capacidade de anos anteriores.
Um exemplo citado por ele é a atuação da corporação em julho deste ano, quando um caminhão que transportava bois tombou no Anel. A ocorrência demandou atuação da Guarda, que deu apoio à contenção dos bovinos, transbordo da carga e encaminhamento de um boi ferido para o hospital veterinário da Faculdade Arnaldo.
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Alerta para a População
O coordenador reforça a importância de que tutores tenham responsabilidade com seus animais domésticos, garantindo cuidados básicos de saúde, bem-estar e, principalmente, evitando que circulem pelas ruas desacompanhados. “E adotem, o CCZ e as ONGs tem diversos animais resgatados precisando de um lar”, conta.
Por fim, ele pede a população que acione imediatamente a Guarda Municipal, pelo telefone 153, ao ver um animal doméstico ou silvestre carecendo de assistência.