O fim do recesso escolar de julho se aproxima, e com ele um dos períodos que mais concentram acidentes nas rodovias federais de Minas Gerais. Das 1.394 ocorrências registradas entre 2022 e 2024 pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) nesse mês, quando muitos pais também aproveitam para tirar férias, 416 (30%) foram nos últimos cinco dias, bem como 30 (26%) das 115 mortes e 512 (27%) dos 1.900 feridos. Depois de mostrar em série de reportagens, por meio das ocorrências da PRF, quais os trechos mais críticos no início desse período de descanso, o Estado de Minas traz um guia com dicas e informações para colaborar com segurança no retorno para casa.
Para mostrar os perigos que rondam trechos de maior movimento, a reportagem selecionou as rodovias BR-381, BR-040 e BR-262, que somaram 248 acidentes (59,6%), 18 mortes (60%) e 291 feridos (56,8) nesse período de fim das férias – praticamente três de cada cinco acidentes ocorridos, óbitos e feridos no retorno do recesso de julho.
A rodovia BR-381 (Fernão Dias), entre Contagem, na Grande BH, e Extrema, na divisa com São Paulo, segue o histórico de mais violência nesta época, concentrando 110 desastres, nove mortes e 118 feridos. Os municípios com mais acidentes foram Betim (na região metropolitana da capital), com 36; Extrema, no Sul de Minas (11); Contagem (6), Carmópolis de Minas, na Região Centro-Oeste (5); e Itaguara, na Região Central (5).
Contagem e Betim são os municípios com mais trechos concentradores de acidentes (do Km 477 ao Km 515). Em ambos os casos, são áreas urbanas de trânsito intenso. Ainda que os veículos trafeguem em pistas múltiplas nesse trecho da Grande BH, os motoristas estão sujeitos aos efeitos do fluxo local em inúmeros acessos e saídas para bairros e empresas na área urbana.
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Ainda na Região Metropolitana de BH, a Serra de Igarapé, sobretudo do Km 532 ao Km 538, também é de grande risco, representando um dos segmentos com mais acidentes de Minas Gerais. Trata-se de um trecho contínuo de descida forte, com curvas fechadas, onde a alta velocidade reduz a capacidade de reação dos motoristas e a resposta dos veículos.
Na divisa com São Paulo, o trecho que corta o território de Extrema também concentra ocorrências, notadamente entre o Km 921 e o Km 942. Trata-se de outro trecho de serra, com muitas curvas e declives acentuados em segmento industrial antes da área urbana.
Nesse segmento da BR-381, o acidente mais grave dos últimos retornos das férias do meio do ano ocorreu em 29 de julho de 2024, uma segunda-feira, em São Gonçalo do Sapucaí, no Sul de Minas, quando quatro pessoas morreram e duas ficaram gravemente feridas, na altura do Km 795. O desastre envolveu duas carretas e quatro carros.
Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, o condutor de um Ford Ka perdeu o controle da direção do veículo, bateu na lateral de uma carreta, cruzou o canteiro central e atingiu um HB20 e um Fiat Mobi em sentido contrário.
Na mesma região, mas em Pouso Alegre, foram duas mortes em acidentes ocorridos em 2023, sendo um deles na tarde de 27 de julho, uma quinta-feira, quando um carro bateu transversalmente em outro, no Km 861, em ocorrência que envolveu um total de três veículos. A PRF assinalou que a causa foi a reação tardia ou ineficiente do condutor, em um trecho de reta em descida, com pistas duplas. Além do óbito, uma pessoa ficou ferida.
Quatro dias depois, na manhã de segunda-feira, um pedestre morreu atropelado na altura do Km 857, em uma reta de pistas duplas. De acordo com a PRF, a vítima andava pela pista quando foi atingida por um carro.
Riscos na saída para Governador Valadares
Apesar da fama de Rodovia da Morte que ganhou o trecho da BR-381 entre BH e João Monlevade, na saída para o Espírito Santo, o retorno das férias no percurso entre a capital e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, costuma ser menos violento. Os municípios com mais acidentes nesta época nos últimos anos foram Sabará, na Grande BH, com seis; João Monlevade (Leste) e Santa Luzia (também na região metropolitana), com três, cada; e Governador Valadares, com dois registros.
No total, foram 22 acidentes, três óbitos e 28 feridos. Duas das três mortes ocorreram em Santa Luzia. O trecho representa uma zona de transição perigosa entre o tráfego urbano intenso da região metropolitana da capital e o início do percurso sinuoso de pista simples, pelo qual a rodovia corta áreas densamente povoadas.
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Os dois acidentes fatais foram colisões traseiras envolvendo múltiplos veículos (quatro em cada), indicando um grave problema de congestionamento, falta de atenção e diferença de velocidade entre os veículos. Outro registro de engavetamento no Km 441 e um acidente com seis veículos no Km 450 reforçam essa tendência.