Hospital Maria Amélia Lins segue sem bloco cirúrgico; servidores protestam
Pacientes formam uma espécie de fila por operações na enfermaria da unidade de saúde: em alguns casos, espera pode chegar a 40 dias
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Siga noServidores da saúde fizeram uma nova manifestação na tarde desta terça-feira (5/8) pelo pleno funcionamento do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), no Bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Os profissionais pedem mais celeridade do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) para decidir se a unidade de saúde será ou não concedida à iniciativa privada, como deseja o governo do Estado.
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No último mês de abril, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) chegou a declarar o Consórcio Instituição de Cooperação Intermunicipal do Médio Paraopeba (Icismep) como novo controlador do HMAL. Porém, a Primeira Câmara do TCE-MG proibiu o cumprimento do contrato de terceirização, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
Desde então, o hospital segue em funcionamento, mas com uma série de limitações. O bloco cirúrgico, por exemplo, está fechado desde o último mês de dezembro. Desde então, os procedimentos operatórios foram transferidos, principalmente, para o Hospital João XXIII, mas, de acordo com os servidores do HMAL, o resultado foi a formação de um gargalo.
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"Os hospitais não conseguem dar vazão à demanda com a rapidez que a gente tinha aqui", sintetiza Andrea Fontenelle, diretora clínica do hospital. De acordo com ela, a unidade de saúde abriga pacientes que precisam urgentemente de cirurgias, mas a espera pelos procedimentos, em alguns casos, chega a ultrapassar 40 dias.
Muitos dos pacientes que aguardam por operações no HMAL são jovens. Andrea explica que a demora pode comprometer o resultado das operações, prolongando os efeitos dos traumas. "Os pacientes podem ter sequelas para o resto da vida devido às cirurgias realizadas muito tardiamente", alerta.
O Estado de Minas esteve no hospital e encontrou vários pacientes aguardando por cirurgias. Um deles é Chanderson Duarte Marinho, de 54 anos, que está na enfermaria da unidade de saúde há 12 dias, em decorrência de um acidente de moto, que lhe causou uma fratura na tíbia. "Eles colocaram na minha perna um fixador e, até hoje, estou aguardando a cirurgia, que não sai nem por Jesus", pontua.
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"Sinto dor 24 horas por dia, não consigo nem dormir", desabafa. Chanderson destaca que, além de causar sofrimento, a demora compromete seriamente a renda da família. Afinal, é ele quem provém recursos para os cinco filhos, ao volante de um caminhão-reboque. "Estou parado, sem trabalhar, aguardando a cirurgia. É um descaso danado com a saúde pública", conclui.
Entenda o caso
O Hospital Maria Amélia Lins, é gerido pela Fhemig e pertence à Rede SUS (Serviço Único de Saúde). De acordo com o MPMG, a Fhemig bloqueou todos os leitos da unidade de saúde no dia 13 de março, determinando o fechamento do hospital, o que gerou a ação do MPMG junto ao TCE-MG.
De acordo com a Fhemig, nas mãos da iniciativa provada, o HMAL se transformaria em um pólo para a realização de cirurgias eletivas. Após vencer a concorrência para gerir a unidade, o Icismep chegou a prometer a realização de 500 procedimentos desse tipo por mês por meio do SUS, já no segundo semestre deste ano.
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Para Andrea, cirurgias programadas não têm o perfil do HMAL, que, tradicionalmente, prestava esse tipo de atendimento de maneira mais imediata. "Nada tira a ideia do governo de fazer esse desmonte, como se a saúde da população não fosse obrigação do Estado", opina.