DEPOIMENTO

Gari assassinado cobria licença de colega que se machucou

Laudemir de Souza Fernandes foi morto com um tiro no abdômen em uma discussão de trânsito durante o trabalho

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O gari Laudemir de Souza Fernandes, 44, morto com um tiro na barriga na manhã dessa segunda-feira (11/8), não fazia parte da equipe com a qual estava trabalhando no bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte (MG). Ele estava substituindo um colega que estava machucado quando ocorreu a discussão que levou ao crime.

De acordo com o processo criminal, Eledias Aparecida Rodrigues, motorista do caminhão, disse em depoimento que Laudemir trabalha na rota que atende o bairro Serra, região Centro-Sul da capital. Ela também contou que saiu da garagem da empresa sozinha e se encontrou com o gari na regional localizada no bairro Salgado Filho às 8h15 e foram juntos até o Vista Alegre, onde se reuniram com os outros três colegas e iniciaram o trabalho por volta de 8h40. 

Durante o trajeto, Laudemir contou a Eledias que já trabalhava na empresa há dez anos e que tinha acabado de conseguir a guarda da filha de 10 anos. Ela relatou que o gari estava preocupado em chegar em casa antes das 18h pois haveria uma visita do conselho tutelar para vistoriar a nova casa da menina. 

Em depoimento, a motorista ressaltou que Laudemir era uma pessoa muito prestativa, tranquila e querida, sempre promovendo cafés da manhã para os colegas de trabalho. Eledias afirmou à polícia que nunca o viu envolvido em brigas ou alterado. 

Como foi o momento do crime?

A equipe estava na Rua Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, quando Eledias percebeu que uma fila de carros se formava atrás dela e decidiu manobrar o caminhão para a direita e permitir a passagem dos veículos, entre eles um BYD conduzido pelo empresário Renê da Silva.

Segundo o depoimento de Eleidas, ela e os outros garis disseram ao suspeito “vem, vem, pode vim (sic)”, orientando que havia espaço bastante para ele passar com o carro. Logo depois, Renê pegou uma arma e apontou para a motorista. O gari Tiago Rodrigues então se posicionou entre o empresário e a colega, questionando: “Você vai dar um tiro na mulher trabalhando? Vai matar ela dentro do caminhão?”.

Renê conseguiu passar sem esbarrar no caminhão e parou cerca de três metros a frente. Desceu do carro com a arma em punho, apontou para os trabalhadores, disparou e atingiu Laudemir no abdômen. A vítima foi socorrida e levada ao Hospital Santa Rita, no bairro Jardim Industrial, em Contagem, na Grande BH, onde morreu.  

Como o suspeito foi preso?

Horas após o crime, a Polícia Militar localizou e prendeu Renê no estacionamento de uma academia na Avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte. Segundo a corporação, a identificação do suspeito foi possível graças à análise de imagens de câmeras de segurança, que revelaram parte da placa do veículo e possibilitaram identificar o modelo do carro.

De acordo com o boletim de ocorrência, ao ser abordado na entrada da academia, Renê negou participação no crime e afirmou que sua esposa é delegada da Polícia Civil de Minas Gerais. Disse ainda, segundo o registro, que o veículo está registrado em nome dela e que "a policial teria uma arma de fogo do mesmo calibre da que foi utilizada no homicídio".

O boletim também relata que a arma supostamente usada no crime pertence à esposa do suspeito e foi apreendida pela PM. Mais tarde, já com Renê na delegacia, os policiais foram até a casa da delegada, que entregou o armamento, devidamente registrado, de forma espontânea.

Em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (12/8), a Polícia Civil confirmou a suspeita de que a arma utilizada — uma pistola calibre .380 — pertence à esposa de Renê, que é delegada da corporação. O armamento foi enviado à perícia, que tem prazo legal de dez dias para concluir o laudo e confirmar se foi de fato usado no crime. A polícia também apura junto à Polícia Federal se o suspeito possuía porte de arma, informação que, até o momento, não foi confirmada.

A corporação destacou ainda que o fato de a arma estar registrada em nome de outra pessoa não implica automaticamente sua participação no crime. Só se configura coautoria caso haja indícios de coação ou autorização para o uso do armamento. No caso, trata-se de uma arma registrada em nome de uma delegada de polícia, autorizada a possuí-la em razão da carreira. Até o momento, não há indícios, do ponto de vista criminal, de envolvimento da delegada nesse homicídio.

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Renê teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela Justiça, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A audiência de custódia foi realizada na manhã desta quarta-feira (13/8) e a advogado do caso, Leonardo Salles, não se pronunciou.

De acordo com a decisão judicial, a prisão preventiva do réu é necessária para garantir a ordem pública, dada a gravidade do crime é o modus operando utilizado. Isso porque, segundo a ata da audiência, o crime foi cometido "em plena luz do dia, por motivo fútil, uma aparente irritação decorrente de uma breve interrupção no trânsito".

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