HOMICÍDIO

Morte de gari: deputada pede apuração de tratamento policial ao suspeito

A parlamentar acredita que o fato de o suspeito de cometer o crime não ter sido algemado e não ter ido no camburão podem indicar possível privilégio

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A deputada estadual Andréia de Jesus (PT) apresentou, nesta quarta-feira (13/8), um requerimento solicitando à Corregedoria da Polícia Militar de Minas Gerais a apuração de um possível tratamento privilegiado a Renê da Silva Nogueira Junior, de 47 anos. Ele é suspeito de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, na manhã dessa segunda-feira (11/8) no Bairro Vista Alegre, Região Oeste da capital mineira. Renê foi preso em flagrante no dia do crime. 

Para a parlamentar, o fato de o suspeito ter sido conduzido sem algemas e na parte da frente da viatura, ao lado de policiais, “destoa do protocolo normalmente adotado pela Polícia Militar de Minas Gerais em casos de prisão por crimes violentos, nos quais o detido é algemado e transportado no compartimento traseiro (‘camburão’) da viatura, visando garantir a segurança da equipe, do próprio preso e de terceiros.”

Andréia de Jesus requereu a apuração de possível tratamento privilegiado em razão da condição socioeconômica do suspeito ou do vínculo familiar dele com integrante da Polícia Civil de Minas Gerais. Renê é marido da delegada Ana Paula Balbino.

“A cena da prisão, exibida publicamente, reforça na percepção coletiva a ideia de que o sistema de Justiça criminal brasileiro adota dois pesos e duas medidas, tratando de forma distinta ricos e pobres, poderosos e cidadãos comuns”, afirmou a parlamentar no requerimento. 

O Estado de Minas solicitou à Polícia Militar de Minas Gerais um posicionamento sobre o requerimento e os argumentos utilizados, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno. 

Como foi o crime?

O gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, foi morto com um tiro na barriga na manhã dessa segunda-feira (11/8), em uma discussão de trânsito no bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte. Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar (PM), ele trabalhava na coleta de lixo junto a outros garis quando a motorista do caminhão, Eledias Aparecida Rodrigues, de 42 anos, parou e encostou o veículo para permitir a passagem de um carro, modelo BYD, conduzido pelo empresário Renê da Silva.

De acordo com testemunhas, Renê abaixou o vidro e gritou para a condutora que, se alguém encostasse no carro dele, mataria a pessoa. Diante da ameaça, os garis, incluindo Laudemir, pediram que o motorista se acalmasse e seguiram orientando-o a continuar o trajeto. Ainda assim, ele desceu do veículo visivelmente alterado, apontou uma arma para o grupo e disparou, atingindo Laudemir.


A vítima foi socorrida e levada ao Hospital Santa Rita, no bairro Jardim Industrial, em Contagem, na Grande BH, mas morreu no local.



Testemunhas

Ao Estado de Minas, o gari Tiago Rodrigues, que presenciou o assassinato do colega, relatou que o suspeito agiu com frieza durante todo o ataque. Segundo ele, Renê não parecia estar fora de si. “Ele estava frio, sem sentimento. Não tem essa de ‘fora de si’. Assim que atirou, ele entrou no carro como se nada tivesse acontecido e foi embora”, contou.

Tiago contou que a equipe de limpeza chegou a dar passagem ao empresário, que já se aproximava de forma ameaçadora. Ele disse ter tentado apaziguar a situação, pedindo que o motorista seguisse seu caminho em paz, já que os garis apenas cumpriam o trabalho. “Naquela hora, eu gritei: “Você vai dar um tiro na mulher trabalhando? Vai matar ela dentro do caminhão?”. 

O gari relatou que o suspeito teria seguido com o carro, mas logo parado o veículo, descido, sacado a arma e dito: “Vocês estão duvidando de mim?”. Depois disso, Tiago disse que gritou questionando se o homem ia atirar neles, que estavam trabalhando. Em seguida, Laudemir de Souza Fernandes foi atingido por um tiro no abdômen. 

Em seu depoimento à polícia, o também gari Evandro Marcos de Souza, de 35 anos, contou que o suspeito chegou a mirar contra a cabine do caminhão e ameaçar “dar um tiro na cara” da motorista. Ao ultrapassar o veículo, Renê teria desembarcado já com a arma em punho. Eledias confirmou a versão do colega e ainda disse à polícia que havia espaço suficiente para o carro passar sem que fosse necessário o tom agressivo.

Quem é o suspeito de matar gari?


Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos é o principal suspeito de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes. Ele foi desligado da empresa onde trabalhava no dia seguinte à repercussão do crime.


No perfil dele no Instagram, desativado poucas horas após a prisão, ele se descrevia, em inglês, como "cristão, esposo, pai e patriota".

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