Câmeras de segurança do Hospital Luxemburgo, no bairro de mesmo nome, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, registraram toda a movimentação do detento suspeito de ter matado um policial penal na noite desse sábado (2/8). As imagens mostram o preso, de 24 anos, andando pelos corredores da unidade de saúde vestindo a farda do policial penal Euler Pereira Rocha, de 42 anos, que, momentos antes, acabara de ser assassinado dentro de um dos quartos. Já do lado de fora do hospital, o detento embarcou em um carro de aplicativo, sendo preso pouco depois durante a corrida.
Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Estado de Minas Gerais (Sindppen-MG), Jean Otoni, que acompanhou os trabalhos da investigação no hospital, o ataque aconteceu quando o detento pediu para ir ao banheiro. Sozinho com o policial penal, o preso entrou em luta corporal com o agente e tomou suas armas. Na sequência, deu dois tiros — um na nuca e outro no tórax.
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O referido detento era interno da Penitenciária José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, desde o dia 14 de julho. Com passagens pelo sistema prisional desde 2018, ele responde a diversos inquéritos por crimes como tráfico de drogas, furto, posse ilegal de arma de fogo e homicídio.
O policial penal que fazia dupla com Euler está desaparecido desde o ocorrido. A Corregedoria de Polícia Penal iniciou uma investigação para descobrir seu paradeiro, e uma operação está sendo montada para tentar encontrá-lo — há temor de que ele esteja morto.
Como aconteceu
Conforme consta no boletim de ocorrências do caso, ao qual o Estado de Minas teve acesso, uma integrante da equipe de enfermagem do hospital ouviu, no corredor, gritos de “Perdeu! Perdeu!”, seguidos por dois estampidos semelhantes a disparos de arma de fogo.
A profissional contou que tentou abrir a porta do quarto, mas alguém do lado de dentro a impediu e disse para aguardar. Na sequência, o detento abriu a porta e afirmou estar “tudo tranquilo”. A testemunha relatou ter visto respingos de sangue no chão, assim como observou o detento lavando as mãos ensanguentadas na pia.
Logo após, o homem deixou o quarto com pressa, vestido com o uniforme do policial penal. A equipe de enfermagem percebeu que se tratava do detento e não do policial, que foi encontrado caído no chão do quarto. Os profissionais tentaram reanimá-lo, mas sem sucesso.
Ainda segundo apurado pelos policiais e registrado no B.O., o detento pediu a uma mulher que chamasse um carro de aplicativo, dizendo que a mãe estava passando mal e que ele não possuía telefone. A mulher pediu o veículo acreditando que o homem, vestido com a farda, era realmente um policial.
O detento foi capturado dentro do carro de aplicativo a poucos quilômetros do hospital. Durante a abordagem, ele pediu ao motorista que não parasse o veículo, mas o condutor acatou a ordem de parada dos policiais.
Como o detento teve um corte na testa, que alegou ter sofrido ao cair na rua durante a fuga, foi levado para ser atendido no Hospital João XXIII. Em seguida, foi encaminhado para o sistema prisional.
Repercussão
O corpo de Euler Pereira Rocha foi levado ao Instituto Médico-Legal (IML), onde passou por autópsia. O velório está marcado para a manhã desta segunda-feira (4), às 9h, no Cemitério Nossa Senhora da Piedade, em Ribeirão das Neves.
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) instaurou um procedimento interno para apurar administrativamente o episódio e destacou que as investigações criminais estão sob responsabilidade da Polícia Civil.
A corporação, por sua vez, informou que o detento foi ouvido pela 2ª Central Estadual do Plantão Digital, onde teve a prisão em flagrante ratificada pelo crime de homicídio qualificado, e foi encaminhado ao sistema prisional, onde ficará à disposição da Justiça. “As investigações prosseguem para a completa elucidação dos fatos”, informou a Polícia Civil.
O Hospital Luxemburgo lamentou a morte do policial penal e destacou que tem colaborado com as autoridades competentes na investigação do caso. A instituição informou que o detento estava internado para tratamento médico pelo Sistema Único de Saúde (SUS), encaminhado pela Secretaria Municipal de Saúde.
Em nota, o hospital reforçou que nenhum civil entrou armado nas dependências da unidade e que todos os protocolos internos de segurança foram seguidos rigorosamente. Informou ainda que, assim que a situação foi identificada, a equipe assistencial acionou o protocolo de emergência com Código Azul, prestando atendimento imediato e realizando todos os esforços de reanimação à vítima.
O Sindppen-MG publicou nota informando seu imenso pesar e profunda tristeza ao comunicar o falecimento do policial penal, servidor desde 2009, durante o exercício de suas funções profissionais. Ainda, o sindicato informou que segue acompanhando os desdobramentos da ocorrência.
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“Sindppen-MG externa solidariedade e pesar aos familiares, amigos e colegas de farda neste momento de profunda dor. Que Deus conforte, traga paz e força para atravessar esse momento de tanta tristeza”, diz o texto.