Uma mãe denunciou uma professora por maus-tratos contra o filho dela, de 4 anos, no Pré-Escolar Municipal Manoel Rodrigues Pereira, em Itapecerica, no Centro-Oeste de Minas. A denúncia ganhou força quando a professora de apoio do menino detalhou situações em que a educadora teria destratado o aluno, que é autista.

De acordo com Paloma Gonzaga Ramos, mãe da criança, o problema começou após um desentendimento dentro da escola, em 8 de julho. Ela presenciou a professora L.E. gritando com outra criança autista em crise e, ao questionar a postura da educadora, disse que acabou hostilizada.

"Ela colocou o dedo na minha cara, me peitou, tudo na frente de professores, alunos e até da diretora. Depois desse episódio, percebi que ela começou a descontar no meu filho", afirmou.

Os relatos da professora de apoio reforçam a denúncia. Ela explicou que os episódios ocorriam durante o recreio, já que a educadora citada não era a responsável direta pela turma.

"Você não sabe o que estou passando esses dias, eu só choro, choro. Não merecia fazer isso com o meu aluno, com o seu filho. Eu estava sem coragem de te contar. Estava esperando a escola falar alguma coisa. Estou muito triste, chateada", desabafou a professora de apoio em áudios aos quais a reportagem teve acesso.

Em outro relato, ela contou: "Eu estava subindo com o ‘L’ e a L.E. estava na porta da sala dela e falou assim: eu não quero contato com essa criança. Ou você sobe primeiro, ou depois (…)."

A professora de apoio ainda narrou outro episódio: "Ele seguiu para o lado de onde ela merenda, abaixou perto do que parece uma mochila no chão. Ela falou: Olha aqui. Eu levantei, fui lá. Tadinho, o ‘L’ levantou e seguiu para dar um abraço nela, ela afastou. Perguntei: O que está acontecendo, L.E.? Ela disse: você sabe sim, não fala que não sabe não."

"Desfazer de uma criança… negar um abraço… que isso?", questionou a funcionária em áudio.

Ainda de acordo com os registros, a própria professora de apoio procurou a Secretaria de Educação. "Falei tudo o que estava acontecendo", disse.

Acusações de negligência

Paloma afirmou que tomou conhecimento dos episódios também por meio de terceiros. "Fiquei muito chateada porque além do que aconteceu comigo, depois soube de outras pessoas que passaram por situações parecidas. Espero que providências sejam tomadas", declarou.

Ela acusou a direção da escola e a Secretaria de Educação de negligência. Para a mãe, ambas não adotaram medidas suficientes para coibir a conduta da professora.

"Fiquei muito chateada com a posição da escola. Quando a escola começa a omitir as coisas erradas que estão acontecendo lá dentro, ela compactua com essa situação. Não ocorreu só com o meu filho. Houve outros relatos também e acho que a diretoria tem que ter o pulso mais firme para não ficar acontecendo", disse.

A mãe classificou a situação como "falta de empatia": "Escola é um lugar de acolhimento, inclusão. Mesmo que não fosse uma criança autista, ele é apenas uma criança de 4 anos que merece respeito, principalmente dentro da escola. Ela, como professora, deveria ter mais ética e profissionalismo, o que ela não teve. Para mim isso foi ela desfazer do meu filho, destratar e promover uma exclusão dentro da escola. Ela relatou que a criança estava atrapalhando ela na hora do recreio, de transitar na escola. Meu filho tem direito de transitar dentro da escola, porque ela não é dona da escola. Fiquei muito chateada mesmo e com uma sensação de impotência."

  

Além dos relatos de maus-tratos, Paloma afirmou que o filho apresentou hematomas em diferentes dias. Ela registrou as marcas em fotos, mas decidiu expor o caso agora, diante do que considera negligência e omissão da escola. Segundo a mãe, o menino apareceu com um hematoma na perna em 17 de abril e com marcas nos braços em 16 de maio.

Secretaria apura denúncia

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que adotou, "com máxima celeridade e responsabilidade, todas as medidas necessárias para a rigorosa apuração dos fatos relatados".

A pasta comunicou a instauração de um processo de sindicância para investigar a conduta da servidora citada, podendo adotar como medida preventiva o seu afastamento, a fim de garantir uma apuração isenta e transparente.

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"A Secretaria de Educação repudia, de forma categórica, qualquer ato que viole a integridade física, emocional ou moral dos alunos. É absolutamente inadmissível que situações como as relatadas envolvendo possível conduta inadequada entre professor e aluno ocorram dentro do ambiente escolar", destacou.

A secretaria reafirmou "seu compromisso inegociável com a proteção, o bem-estar e o pleno desenvolvimento dos alunos da rede municipal".

Ainda conforme a nota, todas as providências cabíveis serão tomadas com base na conclusão da investigação, em estrita conformidade com a legislação vigente e os princípios da administração pública.

*Amanda Quintiliano e Brenda Fernandes especial para o EM

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