Renê da Silva Nogueira Júnior suspeito de ter matado o gari Laudemir de Souza Fernandes, em Belo Horizonte, tem um novo advogado. Esse é o terceiro escritório que aceita participar da defesa do empresário. Desta vez, o investigado está sendo representado pelo criminalista Bruno Silva Rodrigues, do Rio de Janeiro. O novo procurador foi nomeado no sábado (23/8), cinco dias depois que o homem confessou ter dado o tiro que atingiu e matou o prestador de serviço da Prefeitura de Belo Horizonte.
Em nota, a nova defesa afirmou que só vai se pronunciar após a conclusão do inquérito, por meio da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), e da denúncia à Justiça pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A reportagem procurou o antigo advogado de Renê para saber o motivo da mudança, mas até a publicação desta matéria não houve resposta.
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Nesta segunda-feira (25/8), o crime, que teve repercussão nacional. completa 15 dias. Em um primeiro momento, Renê negou que teria cometido o crime e passado pela Rua Modestina de Souza, no Bairro Vista Alegre, Região Oeste de BH, na manhã do dia 11 de agosto. No entanto, o álibi foi derrubado pelas investigações, que obtiveram imagens nítidas do carro do suspeito e de Renê guardando a arma da esposa, delegada da PCMG, em uma mochila.
Após a divulgação das gravações, na última segunda-feira (18/8), o investigado, em novo depoimento, confessou que estava no local e disparou a arma da esposa. No entanto, ele afirmou que não teve intenção de matar Laudemir e sim atirou para o alto por estar com medo dos demais garis depredarem seu carro.
Como tudo aconteceu?
- Uma equipe de coleta de lixo trabalha na Rua Modestina de Souza, Bairro Vista Alegre, em BH, na manhã do dia 11 de agosto.
- A motorista do caminhão, Eledias Aparecida Rodrigues, 42 anos, manobra para liberar passagem, após ver uma fila de carros se formar atrás dela.
- Eledias e os garis acenam para Renê da Silva, que dirigia um carro BYD, permitindo a passagem.
- O suspeito abaixa a janela e grita que, caso encostasse em seu veículo, ele iria "dar um tiro na cara" da condutora.
- Na sequência, ele segue adiante, estaciona, sai do carro armado; derruba o carregador, recolhe e engatilha pistola, segundo o registro policial.
- Ele faz um disparo que atinge Laudemir no abdômen.
- O gari é levado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, na Grande BH, mas morre por hemorragia interna.
- No local, PM recolhe projétil intacto de munição calibre .380.
- Horas após o crime, a PM localiza e prende Renê no estacionamento de uma academia na Av. Raja Gabaglia.
- Flagrante convertido em prisão preventiva em audiência de custódia, no dia 13 de agosto, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais
- Renê é levado para o Presídio de Caeté, Grande BH
Quem é o suspeito?
Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, atuava como vice-presidente de uma empresa de alimentos, mas foi desligado no dia seguinte à repercussão do crime. Ele é casado com a delegada da Polícia Civil Ana Paula Balbino Nogueira. Em seu perfil do Instagram, que foi desativado poucas horas após a prisão, ele se descrevia, em inglês, como "cristão, esposo, pai e patriota".
Durante a audiência de custódia, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou que, apesar de não haver antecedentes criminais no estado, Renê tem registros policiais em São Paulo e no Rio de Janeiro. A ata da audiência, à qual o Estado de Minas teve acesso, mostra que o primeiro caso se trata de uma ação penal pela prática de crime de lesão corporal grave contra uma mulher.
Já no estado fluminense, o empresário responde por lesão corporal contra uma ex-companheira, além de ameaça contra a ex-sogra. A informação foi confirmada à reportagem pelo chefe da divisão de homicídios do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da PCMG, Álvaro Huertas. Além disso, o registro de antecedentes da Polícia Civil do Rio de Janeiro, aponta que o homem também teria envolvimento em uma ocorrência de homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
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Ao ser questionado sobre o histórico pelos seus advogados, o investigado afirmou que nunca foi preso e não responde a nenhum processo criminal. “Eu respondo por uma luxação do quinto metatarso da minha ex esposa. Mas já tenho uma medida cautelar contra ela, dada pelo Ministério Público de São Paulo”, disse Renê. A reportagem entrou em contato com o MPSP em busca de informações sobre esse processo, mas recebeu como resposta que o caso está em segredo de Justiça.