Renê da Silva Nogueira Júnior, que confessou o assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, em Belo Horizonte, enfrentou o que parece ser um problema de comunicação com sua defesa. Em carta escrita nessa segunda-feira (25/8) na Penitenciária de Caeté, na Região Metropolitana de BH, Renê considerou que houve um “mal-entendido” após a contratação de um novo defensor.

A confusão começou nesta segunda depois que o antigo advogado, o mineiro Dracon Luiz Cavalcante Lima, percebeu que seu nome foi retirado do processo e deu lugar a um outro advogado, do Rio de Janeiro. De acordo com o Fórum Lafayette, o novo procurador, Bruno Silva Rodrigues, foi nomeado no sábado (23/8). Esse é o terceiro escritório que aceita participar da defesa de Renê.

Ao Estado de Minas, Dracon contou que se reuniu com o empresário nesta tarde no presídio. Renê explicou ao criminalista que solicitou ao colega fluminense para trabalhar em parceria no caso, o que não foi respeitado. Agora, o investigado declarou na carta que pediu a Dracon para não deixar caso. Ainda à reportagem, Dracon informou que essa semana deverá se reunir com o novo representante legal de Renê para decidir se vai continuar no caso.

Veja a íntegra da carta de Renê:

Renê da Silva Nogueira Júnior escreveu carta de dentro da prisão

Reprodução

O crime

O prestador de serviços da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) trabalhava, junto com outras quatro pessoas, na Rua Modestina de Souza, por volta das 8h55, quando a motorista do caminhão, uma mulher de 42 anos, encostou o veículo para que uma fila de carros pudesse passar.

A via de mão dupla, segundo relato de testemunhas, fica próxima da Avenida Tereza Cristina. Em determinado momento, o último veículo identificou  que um carro da marca BYD e de cor cinza teria enfrentado dificuldades para passar pelo caminhão e, por isso, a motorista e um dos garis teriam indicado ao motorista que o espaço seria suficiente.

Em seu depoimento à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a condutora do caminhão de coleta, identificada como Eledias Aparecida Rodrigues, afirmou que enquanto recebia as instruções dos funcionários, o motorista do BYD pegou uma arma preta, fez movimento para engatilhar a arma e, apontando para ela,+ disse: “Se você esbarrar no meu carro eu vou dar um tiro na sua cara, duvida?”.

Diante das ameaças feitas à colega, uma segunda testemunha afirmou que os demais trabalhadores tentaram acalmar o suspeito e pediram que ele seguisse seu caminho. Mesmo assim, segundo o boletim de ocorrência, o homem desembarcou com a arma em punho, deixando o carregador cair.

Ele então o recolocou, manobrou a arma e efetuou um disparo em direção à vítima. Laudemir chegou a ser socorrido e encaminhado para o Hospital Santa Rita, no Bairro Jardim Industrial, em Contagem, mas morreu.

Imagens de câmera de segurança flagraram o momento em que o gari saiu correndo já ferido. Na gravação é possível ver quando o carro, que seria do investigado, vira na rua em que o caminhão de coleta estava parado.

O veículo então para por um segundo, segue em frente e os demais que estavam atrás passam a dar ré e sair da via. Na sequência, dois garis saem correndo e um deles coloca a mão na região do abdômen e cai no chão. Ele é amparado por um colega que segura sua cabeça.

Qual é a versão de Renê?

No depoimento, Renê admitiu que saiu do local do crime imaginando que seria penalizado apenas por porte ilegal de arma, pois não imaginou que o tiro que efetuou havia acertado alguém, uma vez que viu todos os coletores correndo depois de atirar. Em sua versão dos fatos, ele tentava passar em uma via onde estava o caminhão de lixo, mas não conseguiu atravessar por ter o carro largo.

Segundo o empresário, ele pegou a arma por estar “receoso” de ir trabalhar por uma rota desconhecida e, somado a isso, tinha esquecido de tomar a medicação para bipolaridade. Ele, porém, não soube especificar o nome do remédio, apenas afirmando que serve para estabilização do humor. Em suas palavras, servia para “equilibrar a cabeça”.

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